Apesar de comum, a condição afeta uma a cada dez mulheres no Brasil e gera muitas dúvidas no que diz respeito à fertilidade. O diagnóstico precoce, o tratamento adequado e a ajuda de especialistas em reprodução assistida podem abrir portas para quem busca a maternidade
A
endometriose, uma condição que atinge, no mundo, 176 milhões de mulheres, de acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, dados da Sociedade
Brasileira de Endometriose (SBE) mostram que uma em cada dez mulheres são afetadas.
O impacto da doença vai além das dores intensas e desconfortos – ela também
pode afetar a fertilidade, dificultando a gravidez. Mas, como a endometriose se
relaciona com a infertilidade? E quais são as opções para quem deseja ser mãe?
De
acordo com o Dr. Álvaro Ceschin, ginecologista e presidente da Associação
Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), a endometriose acontece quando o
tecido que reveste o interior do útero (o endométrio) cresce fora dele,
afetando principalmente ovários, trompas de falópio e até mesmo o intestino.
Esse crescimento pode dificultar a concepção. “Embora a maioria das mulheres
com endometriose consiga engravidar de forma espontânea, cerca de 50% das
mulheres com dificuldades para engravidar têm endometriose”, explica o especialista.
Quais são as opções para quem deseja ter filhos?
Para
mulheres com dificuldades para engravidar, a reprodução assistida oferece
tratamentos que variam de técnicas mais simples a procedimentos mais complexos.
“A Fertilização in Vitro (FIV) pode ser uma solução
excelente para mulheres com endometriose, principalmente em casos de doença
mais grave, quando a mulher tem mais de 35 anos ou em casos em que o parceiro
tenha alguma alteração da qualidade espermática. A fertilização resulta em boas
taxas de sucesso e pode ser decisiva para quem tem dificuldades para
engravidar”, afirma Ceschin.
Já
a inseminação artificial e a relação sexual programada (RSP),
podem ser indicadas para mulheres com endometriose leve ou mínima, geralmente
com até 35 anos, e que possuam as trompas uterinas saudáveis.
A importância de se conscientizar sobre a endometriose
É essencial que as mulheres busquem informações sobre a
doença, seus sintomas e as opções de tratamento. O diagnóstico precoce pode
fazer toda a diferença na preservação da fertilidade. “Se você tem dor intensa,
dificuldade para engravidar ou algum dos sintomas relacionados à endometriose,
procure um especialista. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado aumentam
muito as chances de sucesso na gestação”, aconselha o especialista.
Sintomas da endometriose
Os
sintomas podem variar bastante de mulher para mulher. Em alguns casos, segundo
o ginecologista, as pacientes não apresentam sintomas, o que torna o
diagnóstico ainda mais difícil. Os sinais mais comuns incluem:
-
Cólicas menstruais muito fortes
-
Dor pélvica, especialmente durante a menstruação
-
Infertilidade
-
Dor durante o sexo
-
Desarranjo intestinal ou dor ao urinar durante o ciclo menstrual
Existe cura para a endometriose?
Atualmente,
não há cura definitiva para a endometriose, mas existem tratamentos que ajudam
a controlar os sintomas e até melhorar as chances de fertilidade. Entre as
opções de tratamento estão as cirurgias, como a laparoscopia, e o uso de
medicações que visam controlar a progressão da doença e aliviar o desconforto.
Contudo, é importante destacar que, em alguns casos, os medicamentos podem ser
contraindicados para quem deseja engravidar, pois muitos atuam como
anticoncepcionais, impedindo a concepção.
O diagnóstico precoce da endometriose é essencial para preservar a fertilidade,
pois o tratamento nos estágios iniciais pode evitar complicações que afetam a
capacidade de engravidar. Cada caso deve ser cuidadosamente avaliado, levando
em consideração os sintomas da paciente, a idade materna, a reserva ovariana, a
qualidade do sêmen do parceiro, a permeabilidade tubária e outros fatores.
Quando a endometriose compromete o ovário com a presença de endometriomas, a
estimulação ovariana e o congelamento de óvulos ou embriões são indicados para
mulheres que não pretendem engravidar a curto prazo. Por isso, é fundamental
que a avaliação seja realizada por um especialista com experiência tanto em
endometriose quanto em tratamentos de Reprodução Humana.

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