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| Divulgação / Consultório da fama |
Os corredores
dos supermercados já estão decorados com ovos pendurados por fitas coloridas,
brindes temáticos e promessas de “parcelamento sem juros”. A Páscoa,
tradicionalmente associada à renovação, à reunião familiar, e claro, ao
chocolate, também se tornou uma data de forte apelo comercial.
Mas em 2025, o
que já era simbólico e saboroso está custando (bem) mais caro. De acordo com a
Associação Brasileira da Indústria de Chocolates (Abicab), os ovos de Páscoa
estão, em média, 25% mais caros que no ano anterior. E o impacto no bolso do
consumidor é ainda mais amargo quando se observa o aumento no preço do cacau,
que em março bateu recordes no mercado internacional, pressionando toda a
cadeia produtiva.
“Essa alta não é
apenas culpa da inflação ou do câmbio”, explica o contador e especialista em
finanças pessoais André Charone. “Tem também o fator emocional. Muitas pessoas
usam a Páscoa como justificativa para gastar além do que podem, com a ideia de
que é só uma vez por ano. Mas esse tipo de pensamento é o primeiro passo para o
endividamento.”
Para quem quer
manter a tradição da Páscoa, sem transformar o mês de abril em uma armadilha
financeira, Charone traz cinco orientações práticas que unem racionalidade e
sensibilidade.
1.
Estabeleça um teto de gastos realista
A primeira dica
é básica, mas frequentemente ignorada: defina o quanto você pode gastar sem
comprometer o restante do orçamento mensal. “Não adianta fingir que a Páscoa
não impacta. Se você vai gastar R$ 300 em presentes e chocolates, esse valor
precisa sair de algum lugar, alimentação, lazer ou reserva. Sem esse
planejamento, o desequilíbrio vem na fatura do cartão”, alerta Charone.
Ele também
sugere que o orçamento para datas comemorativas seja planejado com
antecedência, assim como se faz com o Natal. “Quem se organiza, compra antes,
pesquisa mais e evita a pressão da última hora.”
2.
Compare preços e desconfie da embalagem bonita
Uma das
principais críticas de Charone ao mercado pascoalino é o peso da embalagem no
preço final. “Um mesmo chocolate pode custar até 70% mais caro só porque foi
moldado em formato de ovo e ganhou uma caixa personalizada com personagem
infantil”, explica.
A dica é
simples: coloque na ponta do lápis o preço por quilo de chocolate. “É comum
pagar R$ 90 por um ovo de 200g, enquanto uma barra de 1kg do mesmo chocolate
custa R$ 45. Ou seja, você pode comprar o dobro pagando metade.”
Ele também
sugere presentear com cestas personalizadas ou montar kits com bombons,
brinquedos e mensagens escritas à mão. “Tem mais valor afetivo e pode sair até
três vezes mais barato.”
3.
Compre por amor, não por culpa
Muitos pais e
mães se veem pressionados a presentear filhos, sobrinhos, afilhados e até
colegas de trabalho. “Mas dar um presente por obrigação ou por medo de parecer
‘pão-duro’ é uma armadilha emocional”, adverte Charone.
Segundo ele, a
educação financeira começa com limites claros e conversas francas: “Explique à
criança que ela pode escolher entre um presente simples ou um passeio especial
em família. O que marca a memória dela não é a embalagem, e sim a experiência
compartilhada.”
4.
Cuidado com o parcelamento “sem juros”
Apesar das
aparências, o famoso “em até 10x sem juros” pode ser traiçoeiro. “Muitas lojas
já embutem os juros no valor final do produto. E ainda que não haja acréscimo,
você compromete o fluxo de caixa dos meses seguintes, e datas como Dia das Mães
e Dia dos Namorados vêm logo depois”, alerta.
A orientação de
Charone é clara: “Se você não pode pagar à vista, é porque provavelmente não
deveria comprar. Use o cartão com consciência e evite a tentação de 'jogar para
o mês que vem', pois essa bola de neve cresce rápido.”
5.
Transforme a crise em criatividade e até em oportunidade de renda
A alta nos
preços pode ser uma chance de pensar fora da caixa. Em vez de lamentar a
inflação, por que não produzir em casa? “Fazer ovos artesanais, bombons ou
montar lembranças personalizadas pode ser mais barato, divertido e ainda virar
uma fonte de renda extra”, sugere Charone.
Aliás, segundo
levantamento do Sebrae, mais de 50 mil pequenos empreendedores apostaram na
produção caseira de chocolates neste ano, um número 18% maior que em 2024. “É a
prova de que dá para usar a criatividade a favor do bolso e até do
empreendedorismo”, complementa o especialista.
A Páscoa
pode (e deve) ser doce, mas sem excessos
Para André
Charone, o maior erro do brasileiro ainda é achar que finanças são só números.
“O dinheiro conversa com nossas emoções. É por isso que datas como a Páscoa
mexem tanto com a gente, há tradição, afeto, memórias. Mas é justamente nesse
campo emocional que o marketing atua com força total.”
O segredo,
segundo ele, está no equilíbrio: “Celebrar, sim. Comemorar com quem se ama,
também. Mas sem sacrificar o planejamento financeiro ou entrar no cheque especial
por causa de um ovo de chocolate.”
E finaliza com uma provocação: “Chocolate é bom. Mas nada é tão doce quanto a sensação de não estar endividado.”
André Charone - contador, professor universitário, Mestre em Negócios Internacionais pela Must University (Flórida-EUA), possui MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela FGV (São Paulo – Brasil) e certificação internacional pela Universidade de Harvard (Massachusetts-EUA) e Disney Institute (Flórida-EUA). É sócio do escritório Belconta – Belém Contabilidade e do Portal Neo Ensino, autor de livros e dezenas de artigos na área contábil, empresarial e educacional. André lançou recentemente o livro ‘A Verdade Sobre o Dinheiro: Lições de Finanças para o Seu Dia a Dia’, um guia prático e acessível para quem deseja alcançar a estabilidade financeira sem fórmulas mágicas ou promessas de enriquecimento fácil. O livro está disponível em versão física pela Amazon e versão digital pelo Google Play.
Versão Física (Amazon): https://www.amazon.com.br/dp/6501162408/ref=sr_1_2?m=A2S15SF5QO6JFU
Versão Digital (Google Play): https://play.google.com/store/books/details?id=2y4mEQAAQBAJ
Instagram: @andrecharone

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