Para a Academia Brasileira de Neurologia, a data é fundamental para difundir informações sobre o autismo e assim reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas pelo transtorno
Estabelecido desde
2007, o Dia do Mundial de Conscientização do Autismo traz à tona uma série de
questões sobre o transtorno, que afeta crianças e adultos no mundo todo.
Estimar o número exato de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no
Brasil é desafiador devido à falta de dados epidemiológicos abrangentes.
No entanto, com
base em estudos internacionais e na prevalência estimada pelo Centers for
Disease Control and Prevention (CDC) de 1 em 36 crianças, estima-se que haja
aproximadamente 6 milhões de pessoas com TEA no Brasil.
Um dos principais
desafios diante dessa população é a inclusão escolar e profissional de
autistas. De acordo com a Dra. Ana Carolina Coan, vice-coordenadora do
Departamento Científico de Neurologia Infantil da Academia Brasileira de
Neurologia, a inclusão escolar de alunos com TEA deve ser planejada e adaptada
às necessidades individuais.
“Isso envolve a
elaboração de um Plano Educacional Individualizado (PEI), adaptações
curriculares, uso de recursos de comunicação alternativa, e a promoção de um
ambiente escolar acolhedor que favoreça a interação social e a
aprendizagem", diz a médica.
Professores e
escolas podem se qualificar por meio de cursos de formação continuada,
workshops e palestras sobre o Transtorno de Espetro Autista (TEA). “É
fundamental que os educadores compreendam as características do transtorno,
estratégias de ensino inclusivas e formas de manejar comportamentos
desafiadores, promovendo um ambiente educativo que respeite as diferenças e
potencialize as habilidades dos alunos com TEA.”
Autismo
em adultos: desafios da inclusão profissional
O termo
"autismo tardio" não é oficialmente reconhecido, mas há casos em que
o diagnóstico de TEA ocorre na vida adulta. Isso pode acontecer quando os
sintomas foram sutis na infância ou mascarados por estratégias de compensação.
O aumento da conscientização e a ampliação dos critérios diagnósticos permitem
que mais adultos busquem e obtenham o diagnóstico adequado.
Pessoas com TEA
podem trabalhar e contribuir significativamente em diversas áreas
profissionais. A adequação do ambiente de trabalho às necessidades individuais,
o respeito às particularidades sensoriais e sociais, e a valorização das
habilidades únicas de cada indivíduo são fundamentais para o sucesso
profissional.
A inclusão
profissional envolve a adaptação do ambiente de trabalho, flexibilização de
rotinas, oferta de treinamentos específicos e promoção de uma cultura
organizacional inclusiva. Programas de mentoria e suporte contínuo também são
importantes para auxiliar na integração e no desenvolvimento profissional de
pessoas com TEA.
Tire
suas dúvidas sobre o Transtorno do Espectro Autista
O que
é o TEA?
O Transtorno do
Espectro do Autismo (TEA) é uma condição neurológica e de desenvolvimento que
afeta a maneira como uma pessoa percebe o mundo e interage com os outros.
Caracteriza-se por dificuldades persistentes na comunicação social e na interação,
além de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou
atividades.
Como é
diagnosticado?
O diagnóstico do
TEA é clínico e se baseia nos critérios estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais, Quinta Edição (DSM-5). Os critérios incluem
déficits persistentes na comunicação e interação social em múltiplos contextos
e a presença de comportamentos restritos e repetitivos. Profissionais de saúde
realizam entrevistas e observações comportamentais para avaliar os sintomas.
Houve
um aumento no número de diagnósticos ou o diagnóstico ficou mais preciso?
Estudos indicam um
aumento significativo no número de diagnósticos de TEA nos últimos anos. Esse
aumento é atribuído a uma maior conscientização sobre o transtorno, mudanças
nos critérios diagnósticos com a introdução do DSM-5 e melhor acesso aos
serviços de saúde. Esses fatores contribuíram para diagnósticos mais precisos e
abrangentes.
A
partir de qual idade o TEA pode ser identificado?
Os sinais do TEA
podem ser detectados já nos primeiros anos de vida. Embora algumas crianças
apresentem sintomas logo após o nascimento, na maioria dos casos os sinais
tornam-se mais evidentes entre 12 e 24 meses de idade, à medida que as demandas
sociais aumentam.
Quais
os principais sintomas?
Os principais
sintomas do TEA incluem:
Dificuldades na
reciprocidade socioemocional, como dificuldade em manter uma conversa ou
compartilhar emoções.
Déficits na
comunicação não verbal, incluindo contato visual reduzido e dificuldade em
compreender gestos.
Padrões de
comportamento, interesses ou atividades restritos e repetitivos, como
movimentos motores estereotipados ou adesão inflexível a rotinas.
Hiper ou hiporreatividade
a estímulos sensoriais, como resposta intensa a sons ou texturas específicas.
Quais
são os principais desafios do tratamento?
Os principais
desafios do tratamento do TEA incluem a necessidade de abordagens
individualizadas, a disponibilidade limitada de profissionais especializados e
a integração de diferentes terapias para atender às necessidades específicas de
cada indivíduo. Além disso, garantir o acesso contínuo aos serviços e o
envolvimento da família são aspectos cruciais para o sucesso do tratamento.
O TEA pode ser tratado no SUS?
Sim, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento para pessoas com TEA, incluindo diagnóstico e intervenções terapêuticas. Os serviços são disponibilizados por meio de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) e outros programas de saúde mental. No entanto, a disponibilidade e a qualidade dos serviços podem variar conforme a região.
ABN - maior e mais importante associação dos neurologistas do Brasil. É uma sociedade civil, sem fins lucrativos, de duração indeterminada, congregadora dos que exercem e/ou cultivam a Neurologia e ciências afins no Brasil.
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