Médico detalha
cada tipo de procedimento, explica sua finalidade e elenca quando cada um deles
deve ser utilizado para auxiliar o paciente na perda de peso
A obesidade
é uma condição crônica que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo e está
associada a uma série de problemas de saúde, como diabetes tipo 2, hipertensão,
doenças cardíacas e até câncer. O tratamento para a obesidade é multifacetado e
pode variar desde intervenções medicamentosas até procedimentos
cirúrgicos.
Com base na
experiência do cirurgião geral e gastroenterologista Dr. Mauro Jácome, vamos
comparar três abordagens: tratamento medicamentoso, com medicamentos como o
Ozempic, Wegovy, Moungaro e Sibutramina; procedimentos cirúrgicos, como a
lipoaspiração e a cirurgia bariátrica; e a colocação do balão intragástrico.
“Cada caso é um caso e precisamos trabalhar de acordo com as limitações e as
necessidades biológicas dos pacientes”, explica o médico.
Começando
pelos medicamentos para tratamento da obesidade. Esses são uma opção cada vez mais
popular para o controle de peso. O Ozempic e o Wegovy, por exemplo, são
medicamentos que têm a semaglutida como princípio ativo, e têm mostrado
eficácia significativa na perda de peso ao reduzir o apetite e melhorar o
controle glicêmico. Já o Moungaro é uma combinação de fármacos que também ajuda
na perda de peso, atuando no controle de apetite e na regulação do metabolismo.
A Sibutramina, que já foi amplamente prescrita, foi retirada do mercado em
muitos países devido aos riscos cardiovasculares, mas ainda é utilizada em
alguns lugares com monitoramento.
“Esses
medicamentos são indicados principalmente para pacientes com sobrepeso ou
obesidade grau 1 a 3, especialmente quando associados a comorbidades como
diabetes tipo 2. Embora ofereçam uma opção menos invasiva do que os
procedimentos cirúrgicos, os resultados a longo prazo podem ser limitados, e a
necessidade de uso contínuo pode fazer com que a pessoa volte a ganhar peso
após a interrupção do tratamento. Os efeitos colaterais podem incluir náuseas, dores
de cabeça, diarreia e, em casos raros, problemas mais graves relacionados ao
coração”, justifica Mauro Jácome.
Chegando nos
procedimentos cirúrgicos para combater a obesidade, Mauro destaca a
lipoaspiração e a cirurgia bariátrica. “A lipoaspiração é um procedimento
estético que remove a gordura localizada de áreas específicas do corpo, como
abdômen, coxas e costas. No entanto, ela não é uma solução definitiva para a
obesidade, pois não trata as causas subjacentes do excesso de peso e não ajuda
na reeducação alimentar, sendo indicada para pacientes que possuem gordura
localizada, mas que não têm problemas graves de obesidade”.
“Já a
cirurgia bariátrica, uma opção mais invasiva e permanente, é indicada para
pacientes com obesidade mórbida, ou seja, com IMC (Índice de Massa Corporal)
acima de 40 ou acima de 35 com comorbidades associadas, como diabetes tipo 2. A
bariátrica pode ser realizada por diversos métodos, como a gastrectomia
vertical (sleeve) e o bypass gástrico, e resulta em uma significativa perda de
peso ao reduzir o volume do estômago, limitando a ingestão de alimentos. Embora
eficaz, a cirurgia bariátrica tem custos elevados, exige um longo período de
recuperação (geralmente de 2 a 4 semanas), e pode apresentar complicações como
infecções, deficiências nutricionais e alterações no sistema digestivo”,
continua.
Por último,
discute o balão intragástrico, apontado por ele como a alternativa mais eficaz,
segura e menos invasiva. O procedimento consiste na inserção de um balão no
estômago, que é inflado com solução salina, fazendo com que a pessoa se sinta
satisfeita com porções menores de comida. O balão intragástrico é uma excelente
opção para aqueles que não desejam ou não podem passar por uma cirurgia
bariátrica, mas ainda precisam de um auxílio para perder peso.
“O balão
intragástrico é indicado para pacientes com obesidade grau 1 a 2, ou para
aqueles que têm dificuldade em emagrecer com métodos convencionais. O tempo de
recuperação após a colocação do balão é curto, geralmente variando de 2 a 3 dias,
e os riscos de complicações são bem menores do que os procedimentos cirúrgicos.
Os resultados podem ser duradouros quando acompanhados por mudanças no estilo
de vida, como uma dieta balanceada e a prática regular de exercícios. A perda
de peso média após seis meses pode variar de 10 a 20% do peso corporal total,
dependendo do paciente”, informa.
Comparando os métodos
Muito além
das possibilidades e do quanto os métodos são aplicáveis, existem questões que
também devem ser levadas em consideração antes da escolha quanto qual dos
métodos aplicar. Questões essas que podem ser determinantes, inclusive, para o
diagnóstico de necessidade de uma intervenção. Custos, recuperação e resultados
são algumas delas.
No quesito
custo, Dr. Mauro destaca que o tratamento medicamentoso tem um custo contínuo,
uma vez que o paciente precisa manter o uso dos medicamentos. Já os procedimentos
cirúrgicos, como a bariátrica, apresentam um custo inicial elevado, mas podem
ser mais duradouros. O balão intragástrico possui um custo intermediário, sendo
mais acessível que a cirurgia bariátrica, mas exigindo um investimento inicial
para a colocação.
Sobre o
tempo de recuperação, após o tratamento medicamentoso é rápido, mas o uso
regular é necessário. No caso da cirurgia bariátrica, o tempo de recuperação
pode ser de 2 a 4 semanas, enquanto o balão intragástrico oferece uma
recuperação bem mais rápida, com a maioria dos pacientes retornando às suas
atividades normais em apenas 2 a 3 dias.
Já numa
visão mais aprofundada, a cirurgia bariátrica pode resultar em complicações a
longo prazo, como deficiências nutricionais e alterações digestivas. O
tratamento medicamentoso pode levar a efeitos colaterais indesejados, como
náuseas e cefaléia. Já o balão intragástrico tem mostrado bons resultados a
longo prazo quando combinado com mudanças no estilo de vida, e, por ser menos
invasivo, apresenta menos riscos.
“O
tratamento medicamentoso é mais indicado para pacientes com obesidade grau 1,
enquanto a cirurgia bariátrica é recomendada para obesidade grau 3. O balão
intragástrico, por sua vez, é ideal para pacientes com obesidade grau 1 a 2, ou
aqueles que não estão dispostos ou aptos para a cirurgia bariátrica”, conclui
Jácome.
No fim das
contas, o tratamento da obesidade exige uma abordagem personalizada e que leve
em consideração o perfil do paciente, suas condições de saúde e as expectativas
em relação aos resultados. Embora os medicamentos e a cirurgia bariátrica sejam
opções válidas, o balão intragástrico se destaca como uma solução eficaz e segura,
com menos riscos e um tempo de recuperação reduzido. "O balão
intragástrico é, sem dúvida, a melhor opção para pacientes que buscam uma
alternativa menos invasiva, mas que traz resultados concretos e duradouros,
sempre acompanhados de uma reeducação alimentar e mudanças no estilo de
vida", finaliza Dr. Mauro
Muito bom!
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