Inovações são
bem-vindas, mas a indicação deve ser avaliada com cuidado
A medicina
reprodutiva, com o avanço das técnicas de reprodução assistida, tem oferecido
esperança a milhares de pessoas que encontram dificuldade para engravidar. O
principal tratamento ainda é a Fertilização in Vitro (FIV), técnica que apresenta
os percentuais mais altos de sucesso na gravidez.
Desenvolvida,
inicialmente, com o propósito de solucionar problemas de infertilidade feminina
causados por obstrução das tubas uterinas, a FIV evoluiu muito nas últimas
décadas. O método, hoje, possibilita também o tratamento de infertilidade,
feminina e masculina, provocada por várias outras causas.
Porém,
mesmo com essa evolução nos últimos anos, é importante lembrar que quantidade e
qualidade não são, necessariamente, sinônimos em medicina reprodutiva. As chamadas
técnicas acessórias da FIV, amplamente divulgadas como soluções inovadoras e
que devem ser agregadas ao tratamento para que as chances de gravidez aumentem,
ainda não possuem evidências científicas robustas que provem a sua efetividade
para se ter resultado. Isso foi corroborado, em estudo recente, pelo Comitê
Científico da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM).
“São
técnicas como plasma enriquecido com plaquetas para espessar o endométrio ou
melhorar a resposta ovariana, teste genético PGT-A (Pré-implantacional para
Aneuploidias, que analisa alterações numéricas nos cromossomos) em casos de
pacientes abaixo de 40 anos sem histórico de vários abortos, simplesmente para
aumentar a taxa de implantação, ou como a incubadora time lapse
sem inteligência artificial e o uso de hormônio de crescimento na indução da
ovulação. São exemplos de técnicas que vêm sendo oferecidas, mas que não
tiveram ainda a comprovação científica de que alcancem resultados expressivos
para melhorar as taxas de gravidez’’, explica o Dr. Marcos Sampaio, diretor do
Centro de Medicina Reprodutiva Origen BH.
“A questão
é ainda mais complexa pelo fato de alguns serviços de reprodução assistida
continuarem a agregar várias técnicas, com custo elevado, que, embora atraentes
para as pessoas que desejam ter filhos e estão ansiosas para que isso ocorra,
não garantem a eficácia na FIV", completa o especialista em reprodução
assistida.
A busca
pela inovação na medicina reprodutiva é válida e, atualmente, é impulsionada
pela inteligência artificial (IA). No entanto, o compromisso com a eficácia e
com a segurança assistencial dos pacientes deve continuar a ser prioridade dos
serviços.
Há várias
pesquisas que ainda estão em estágio inicial e estão sendo monitoradas pelos
especialistas. “Embora esses estudos possam abrir portas para novas abordagens
terapêuticas no futuro, há ainda uma distância entre os resultados obtidos em
experimentos e a sua aplicabilidade”, pontua Dr. Marcos.
Por isso, é
importante que as informações sobre os avanços científicos sejam acompanhadas
de um debate ético e com foco na segurança e na qualidade do serviço prestado,
para que as expectativas sejam gerenciadas de forma adequada, realista e
transparente.
Para Dr.
Marcos Sampaio, hoje, o alcance de bons resultados na FIV está mais associado
ao suporte de uma equipe multidisciplinar e à boa estrutura da clínica de
reprodução assistida. “Uma investigação criteriosa da infertilidade do casal,
que começa na primeira consulta, passando pelo acompanhamento médico e
psicológico, complementado pelo trabalho da enfermagem e de uma equipe
experiente de embriologistas, além de um laboratório bem equipado, é o mais
importante para reduzir ao máximo possível o estresse dos pacientes nessa
jornada”, enfatiza.
Isso porque,
cada paciente tem necessidades específicas e, por isso, o tratamento deve ser
individualizado. Para o especialista, a informação é a principal aliada de quem
deseja engravidar. “O meu conselho é buscar uma segunda opinião, avaliar todas
as possibilidades e tirar suas dúvidas antes de aceitar a inclusão de várias
técnicas de reprodução assistida no tratamento, com a promessa de que irão
aumentar as suas chances de gravidez na FIV’’, finaliza o médico.
Origen BH
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