Pesquisadora
explica como a alimentação tem um impacto direto na produção de
neurotransmissores e hormônios
Se você acha que a menopausa é só sobre ondas de calor, é melhor se
sentar, respirar fundo e repensar suas escolhas. Essa fase pode ser um divisor
de águas entre um futuro vibrante e uma vida dominada por fadiga, insônia,
depressão e doenças crônicas. E não, não há fórmula mágica, chá milagroso ou
suplemento da moda que resolva. O que realmente impacta sua saúde nessa fase? O
que você come. Simples assim.
Lisa Mosconi, neurocientista e autora de “O Cérebro
e a Menopausa”, é categórica: “a alimentação não é apenas coadjuvante, mas
protagonista no bem-estar feminino”. Seu estudo comprova que dietas ricas em
gorduras ruins e açúcares refinados intensificam inflamações cerebrais e
aceleram o declínio cognitivo. Enquanto isso, padrões alimentares equilibrados
reduzem em até 50% o risco de desenvolver Alzheimer e outras condições
neurológicas que começam a dar as caras justamente nessa fase.
“O metabolismo feminino despenca na menopausa e a
alimentação tem um impacto direto na produção de neurotransmissores e
hormônios. Comer errado não só piora os sintomas, como pode antecipar o
declínio da saúde física e mental. Mas a boa notícia é que dá para reverter o
jogo e sem radicalismos”, afirma a pesquisadora e ginecologista Fabiane Berta.
De acordo com a médica, as ondas de calor, suores
noturnos e secura vaginal são apenas a ponta do iceberg. “O cérebro, o coração,
os ossos, o metabolismo, tudo sofre um impacto direto da queda dos hormônios. E
a solução não está em modismos, mas no que você coloca no prato todos os
dias”.
Por isso, a pesquisadora dá dicas de quais
alimentos devem ser priorizados todos os dias para melhorar os sintomas:
- A
soja e a linhaça, ricas em fitoestrogênios, ajudam a equilibrar os níveis
hormonais e a reduzir os fogachos.
- O
chá de sálvia, consumido diariamente, pode diminuir em até 64% a
frequência e intensidade dos suores noturnos.
- A
fadiga e a falta de energia podem ser amenizadas com proteínas magras,
como ovos, peixes e frango, que mantêm a massa muscular e evitam a
sensação de cansaço extremo.
- Bananas
e cacau, ricos em triptofano, regulam o humor e fornecem energia natural.
Mas não é só isso.
- Peixes
gordurosos como salmão, sardinha e atum são fontes de ômega-3 e essenciais
para a saúde cerebral e o controle do estresse, enquanto nozes, castanhas
e abacate, ricos em magnésio, atuam como calmantes naturais e melhoram a
qualidade do sono.
- Folhas
verdes como espinafre, couve e rúcula são fundamentais para equilibrar
hormônios e melhorar a digestão.
- O
vinagre de maçã, tomado antes das refeições, ajuda na regulação da
insulina e na redução da gordura abdominal.
- Já o
cálcio, essencial para os ossos, não precisa vir apenas dos laticínios.
Gergelim, amêndoas e chia são fontes riquíssimas desse mineral e não têm
os efeitos inflamatórios dos derivados do leite.
- Sardinha
e salmão com espinhas são ainda melhores, já que oferecem cálcio
biodisponível e vitamina D, indispensáveis para a densidade óssea.
- E se
a memória parece falhar, é hora de apostar em azeite de oliva extravirgem,
que protege o cérebro contra o envelhecimento precoce, e frutas vermelhas
como morango, mirtilo e amora, que aumentam a capacidade cognitiva.
Segundo a ginecologista, se há alimentos que
ajudam, há também os que destroem:
- Açúcares
refinados intensificam inflamações e pioram os sintomas.
- Carboidratos
ultraprocessados, como pães brancos e biscoitos, bagunçam a insulina e
favorecem o ganho de peso.
- Cafeína
e álcool, se consumidos em excesso, potencializam as ondas de calor e
prejudicam o sono.
“O que você come tem um impacto direto na sua
menopausa, porém, aqui vem um alerta essencial, a alimentação por si só não
resolve tudo. Ela é uma peça fundamental, mas não substitui uma abordagem
médica completa e a terapia hormonal quando bem prescrita. Consultar um
especialista é indispensável para entender quais são as melhores opções de
tratamento para cada caso, incluindo a possibilidade da terapia hormonal, que
pode ser essencial para muitas mulheres”, finaliza Berta.
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