O kit
traz mais de 30 cartas ilustradas que facilitam o reconhecimento das emoções
Crédito: Divulgação/BRW
Uma das maiores barreiras enfrentadas por crianças
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) não é física nem visível: é emocional.
A dificuldade em identificar e nomear sentimentos — tanto os próprios quanto os
de outras pessoas — é uma característica comum e pode impactar a socialização,
caso não seja abordada com o cuidado necessário.
Pesquisas indicam que o cérebro de crianças com TEA
processa as emoções de maneira distinta. Um estudo da Universidade de
Cambridge, publicado no Journal of Autism and Developmental Disorders,
mostrou que crianças autistas apresentam menor ativação da amígdala — região
cerebral associada à leitura emocional — ao observarem expressões faciais de
medo ou tristeza.
Outro levantamento, conduzido pela organização Autism
Speaks, revelou que mais de 80% das crianças autistas têm dificuldade
em compreender sinais sociais e emocionais. Esse aspecto compromete a
capacidade de formar laços de amizade, participar de atividades em grupo ou até
mesmo expressar desconfortos e desejos de forma clara.
“Não é que essas crianças não tenham emoções — elas
têm, e muitas vezes de forma intensa. A dificuldade está em nomear o que estão
sentindo, entender o que acontece dentro de si e reconhecer as emoções dos
outros”, explica Alessandra Santos, pedagoga especialista em Educação,
Diversidade e Inclusão e diretora do Centro de Educação e Inclusão Social
Betânia (CEISB), que assiste cerca de 300 crianças.
Isolamento não é solução —
inclusão é essencial
Apesar dessas dificuldades, ainda é comum que
familiares ou instituições optem por manter a criança autista mais isolada,
como forma de protegê-la. Especialistas, no entanto, alertam que essa
estratégia pode comprometer o desenvolvimento e dificultar a socialização das
crianças.
Segundo o Ministério da Saúde, a inclusão escolar e
social de crianças com TEA é essencial para o desenvolvimento cognitivo,
emocional e comunicacional. O convívio com outras crianças enriquece as
vivências e oferece oportunidades concretas para o aprendizado socioemocional.
“Socialização não é um bônus, é uma necessidade. Mas, para que ela aconteça de
forma positiva, é fundamental preparar a criança para esse contato — e isso
começa por ajudá-la a reconhecer e expressar suas próprias emoções”, destaca
Alessandra.
Como ajudar crianças autistas
a reconhecer e nomear emoções
O processo de alfabetização emocional é essencial
para o bem-estar e a autonomia de qualquer criança — e, no caso do autismo,
exige ainda mais intencionalidade. Veja algumas estratégias práticas
recomendadas por especialistas:
- Use
recursos visuais
Cartazes com expressões faciais, livros ilustrados
e rodas das emoções ajudam as crianças a associar sentimentos a rostos e
palavras. Uma sugestão para pais e educadores é o Nomeando as
Emoções, da BRW — um conjunto de cartas magnéticas que podem ser
fixadas em geladeiras, quadros brancos imantados e outras superfícies
metálicas, tornando o processo de aprendizado mais interativo e visual. O kit
traz mais de 30 cartas ilustradas que facilitam o reconhecimento das emoções
por meio de figuras, cores e nomes.
- Brinque
de caretas no espelho
Brincar com a criança de reproduzir emoções em
frente ao espelho, como “alegria”, “medo” ou “raiva”, estimula o reconhecimento
e a expressão facial dos sentimentos.
- Crie
histórias sociais
Histórias simples, que retratam situações do cotidiano
e mostram como os personagens se sentem, ajudam na compreensão de sentimentos e
contextos emocionais. As histórias podem ser criadas em papel ou com o auxílio
de aplicativos.
- Valide
e nomeie os sentimentos da criança
Em momentos de frustração ou alegria, diga frases
como “vejo que você está bravo agora” ou “parece que você ficou feliz com
isso”. Isso ajuda a criança a fazer conexões entre o que sente e o nome desse
sentimento.
- Ofereça
um ambiente seguro e previsível
Uma rotina bem estruturada, aliada à
previsibilidade e ao apoio emocional dos adultos, proporciona um ambiente
acolhedor e favorece a expressão das emoções.
O papel da família, da escola
e da sociedade
O desenvolvimento pleno de crianças autistas requer
um compromisso coletivo com a inclusão. A escola precisa estar preparada; os
professores, capacitados; e os colegas, bem orientados. Ao mesmo tempo, à
família cabe acolher, incentivar a autonomia e valorizar cada pequena conquista
emocional da criança.
“É possível ensinar empatia — e também aprender a sentir com mais consciência. Isso vale para todos, com ou sem diagnóstico”, afirma Alessandra. “Crianças autistas têm o direito de viver plenamente em sociedade. Não precisam ser moldadas para se encaixar, mas compreendidas, acolhidas e estimuladas com respeito. E tudo começa ao ajudá-las a entender o que sentem", finaliza.
BRW Suprimentos
Nenhum comentário:
Postar um comentário