Vivemos tempos de desigualdades gritantes, crises globais que se entrelaçam,
guerras e incertezas que pairam sobre o presente e ameaçam o futuro. A
necessidade de medidas efetivas nunca foi tão evidente. Nesse cenário, a
justiça social não é apenas um ideal, mas uma prioridade concreta, que exige
ação imediata e coordenada.
É
importante seguirmos firmes na luta contra a pobreza, o preconceito, a exclusão
e o desemprego. Essas não são apenas questões econômicas, mas também de
dignidade humana. Por isso, juntamente com as iniciativas do setor público, nem
sempre eficazes e muitas vezes desvinculadas de políticas permanentes de
Estado, o papel da sociedade civil torna-se ainda mais essencial para suprir
lacunas e impulsionar mudanças reais.
Nessa
perspectiva, ações como as promovidas pelo Instituto Nelson Wilians (INW)
representam um exemplo concreto de mobilização social em prol da justiça
social. A entidade, em parceria com a UNESCO, realizou no Museu de Arte de São
Paulo (MASP) o evento "Diálogos sobre Educação para a Cidadania, Direitos
Humanos e Cultura da Legalidade". Trata-se de uma iniciativa dedicada a
discutir temas cruciais para a construção de uma sociedade mais justa e
igualitária. Na ocasião, foram lançados os Guias Cidadaniar, uma ferramenta
inovadora que visa democratizar o conhecimento e fortalecer a cultura da
legalidade por meio de informação acessível e qualificada.
Não
aceitamos que ninguém desconheça seus direitos. Promover a justiça social é uma
responsabilidade coletiva, que exige compromisso, conhecimento e engajamento. O
programa Cidadaniar, criado em 2022 a partir da parceria entre o INW e a
UNESCO, tem se mostrado uma iniciativa transformadora, capacitando mulheres e
jovens a assumirem o protagonismo de suas próprias histórias. Com a prática e
disseminação dos novos guias, a iniciativa concretiza o que tantos discursos
defendem: levar educação, equidade e esperança para as comunidades mais
vulneráveis. Acreditamos que educar sobre os direitos inerentes à cidadania
seja o caminho essencial para transformar vidas e construir uma sociedade mais
equilibrada, solidária e equitativa.
O
projeto do INW representa um modelo de como a mobilização organizada da
sociedade civil pode complementar as ações governamentais e ir além. Afinal,
não se alcança justiça social sem colaboração. Não se eliminam a pobreza, o
preconceito e a exclusão sem o engajamento de todos. Os desafios da
desigualdade exigem respostas conjuntas e coordenadas entre setores públicos e
privados, para que políticas de inclusão e educação tenham continuidade e
impacto duradouro.
O
mundo precisa urgentemente de ações coordenadas entre governos e sociedade,
pois os números são alarmantes. Segundo dados da ONU, mais de 700 milhões de
pessoas vivem em extrema pobreza, sobrevivendo com menos de 1,90 dólar por dia.
Além disso, aproximadamente 2,4 bilhões enfrentam insegurança alimentar
moderada ou grave, enquanto o desemprego global afeta cerca de 200 milhões de
indivíduos. Esses dados evidenciam a magnitude das desigualdades estruturais
que impedem o desenvolvimento pleno das sociedades e a concretização da justiça
social.
A
necessidade de ações concretas e integradas para mudar essa realidade é
enfática. Em tempos tão desafiadores, é necessário que todos se comprometam com
a erradicação das desigualdades e a promoção de oportunidades equitativas.
Iniciativas como as do INW e da UNESCO demonstram que, mesmo diante das
adversidades, há espaço e potencial para avançar na inclusão social e na
equidade. Que este seja um momento de reflexão e, principalmente, de ação
concreta em prol de um futuro mais justo e igualitário, no qual a cultura da
legalidade esteja plenamente inserido no dia a dia de cada cidadão.
Anne Wilians - advogada, administradora e especialista em Gestão da Inovação Social, com aperfeiçoamento em Políticas Públicas e Políticas ESG. Ela é fundadora e presidente do Instituto Nelson Wilians (INW), organização que desenvolve projetos focados em educação e direito para populações em situação de vulnerabilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário