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Ingestão de melatonina, combinada com boas práticas de higiene do sono, favorece noites tranquilas FreePik |
Uso de suplementos para melhorar a qualidade do sono cresce no Brasil; farmacêutica registra aumento de 25% nas vendas da melatonina
Cientistas da Universidade de Montana, nos Estados
Unidos, revisaram pesquisas feitas nos últimos 50 anos e encontraram evidências
de que dormir mal afeta o funcionamento emocional, trazendo consequências
sérias para a saúde mental a longo prazo. Segundo a análise, a falta de sono
reduz emoções positivas, como a alegria, e intensifica sintomas de ansiedade.
Além disso, os efeitos negativos ocorrem mesmo com pequenas reduções no tempo
de descanso, como dormir uma ou duas horas a menos do que o habitual. O estudo,
que foi publicado pelo American Psychological Association,
analisou 154 artigos de 28 países.
Os avanços tecnológicos e a busca constante por
produtividade têm levado as pessoas a adotarem um estilo de vida cada vez mais
agitado e conectado, dificultando o relaxamento e comprometendo a qualidade do
sono. Como resultado, queixas sobre insônia e sono insuficiente tornaram-se
mais frequentes. Um reflexo disso é o crescimento na prescrição e comercialização
de suplementos que auxiliam na indução e manutenção do sono.
A melatonina é um dos suplementos mais populares
nesse contexto. A farmacêutica Prati-Donaduzzi, que produz o suplemento em
cápsulas moles e gotas, registrou um aumento de 25,8% nas vendas em 2024 em
relação ao ano anterior.
O engenheiro químico e gerente de nutracêuticos da
farmacêutica, Eduardo da Costa Nogueira, explica que a melatonina é um hormônio
naturalmente produzido pelo organismo e tem a função de sinalizar ao corpo que
é hora de dormir. “Ao anoitecer, sua produção aumenta, induzindo o sono e
auxiliando na sua manutenção. O suplemento de melatonina não age como os
medicamentos para insônia, mas ajuda a adormecer mais facilmente e a evitar
despertares precoces”, afirma Eduardo.
Higiene do sono
Mas engana-se quem pensa que só ingerir melatonina
antes de dormir é suficiente para garantir uma boa noite de sono. “A
recomendação é tomá-la 30 minutos antes de deitar, mas é essencial combiná-la
com boas práticas de higiene do sono. Isso inclui desligar a televisão,
desconectar-se do celular e manter um ambiente com pouca luminosidade. Essas
medidas favorecem a sincronização do pico natural de produção do hormônio com o
momento de adormecer”, explica.
A produção e comercialização da melatonina no
Brasil foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em
2021, com concentração máxima permitida de 0,21 mg, sendo indicada para maiores
de 19 anos.
Embora seja um suplemento seguro, algumas
circunstâncias podem causar efeitos colaterais, como a ingestão de doses inadequadas,
hipersensibilidade ao produto e interações com outros medicamentos,
especialmente os usados para depressão e insônia. “Pessoas em tratamento para
transtornos mentais devem consultar um médico antes de recorrer à melatonina,
pois muitos dos medicamentos prescritos já contêm substâncias indutoras do
sono. Gestantes e lactantes também devem redobrar os cuidados e sempre buscar
orientação de um especialista”, reforça Eduardo.
Prati-Donaduzzi
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