Gatos viviam em
área operacional de uma companhia aérea, que organizou o remanejamento em
parceria com ONG Confraria dos Miados e Latidos
Uma verdadeira corrida contra o tempo marcou o
início das obras de ampliação do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo (SP).
Antes da demolição da área operacional de companhia aérea que atuava no local e
da abertura do canteiro de obras, mais de 30 gatos de vida livre precisaram ser
resgatados do local para garantir a segurança e o bem-estar dos animais.
Os felinos, que há anos convivem em colônias na
área operacional da companhia aérea que atuava no local, eram alimentados e
supervisionados por funcionários da empresa aérea e foram retirados com o apoio
da ONG Confraria dos Miados e Latidos, que desde 2021 cuida do controle
populacional dos gatos de vida livre das colônias do local. A organização
realiza o controle populacional de gatos por meio do método CED (Captura,
Esterilização e Devolução) e já resgatou desta colônia mais de 50 gatos
sociáveis, que já foram adotados. Os animais ariscos, que preferem evitar contato
humano, foram mantidos no local após esterilização.
Contudo, desta vez, a remoção definitiva dos
felinos tornou-se indispensável. “Em uma situação normal, esses gatos seguiriam
no local, alimentados, monitorados e já sem risco de reproduzir”, explica a
médica veterinária Tatiana Sales, mestranda em Saúde Única e fundadora da
Confraria dos Miados e Latidos.
“Remover animais ariscos de colônias que continuam
a oferecer recursos e alimentos é um convite para o chamado ‘efeito vácuo’, em
que comprovadamente outros animais não castrados tomam o lugar dos que foram
recolhidos, gerando um ciclo vicioso sem fim. Mas este caso é uma exceção, pois
toda a área das colônias deixará de existir, dando lugar ao novo terminal”,
complementa Tatiana.
Até o momento, foram identificados 35 felinos e o
resgate é um desafio, especialmente devido ao comportamento arisco de muitos
deles, que não aceitam contato humano e preferem viver escondidos. Para
facilitar a captura, a ONG instalou câmeras de monitoramento com visão noturna
e capacidade para até 300 horas de gravação. As imagens ajudam a identificar os
hábitos e trajetos de cada gato. "A maior preocupação, no momento, é ter
certeza de que nenhum gato ficará para trás. Estamos analisando minuciosamente
as imagens das câmeras e as ações de captura continuarão até que todos tenham
sido resgatados”, afirma Adriana Tschernev, diretora-executiva da instituição.
Para oferecer um novo lar adequado aos animais, a
ONG está construindo um espaço exclusivo, projetado para simular o ambiente das
antigas colônias. "Vamos replicar o máximo possível da vida que eles
tinham: acesso a jardins com árvores, nenhuma convivência forçada com outros
animais e interação limitada com humanos. Temos um compromisso com a manutenção
de laços afetivos entre os gatinhos e, por isso, eles não serão separados e nem
confinados num abrigo tradicional”, conta Tatiana Sales. “Muitos passarão a
vida toda conosco, precisamos garantir que tenham a melhor vida
possível”.
O método CED e sua relevância
O método CED é amplamente adotado em países como Estados Unidos e Reino Unido como uma prática humanitária e eficiente para o controle populacional de gatos em ambientes urbanos. No Brasil, a Confraria dos Miados e Latidos é pioneira na implementação sistemática dessa abordagem desde 2007.
Sobre a Confraria dos Miados e Latidos
A ONG atua com excelência e profissinalismo na proteção animal desde 2007, tendo viabilizado nesse período a adoção responsável de mais de 5 mil animais e a castração de mais de 16 mil. Seu trabalho é focado na castração, como um dos pilares fundamentais da Saúde Única (saúde animal-humana-ambiental), no resgate e adoção responsável e na produção de conteúdo educativo para o público em geral. Mais informações em www.miadoselatidos.org.br.@cmiadoselatidos
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