domingo, 2 de março de 2025

"Gasto muito dinheiro com produtos de cabelo e nem sempre acerto" - saiba como identificar o melhor tipo de tratamento para os fios


Freepik

Especialistas trazem dicas para identificar necessidades de restauração, hidratação ou reconstrução

 

“Comprei um shampoo de restauração recentemente e, diferente do que esperava, tive o resultado oposto. Meu couro cabeludo não parava de coçar e parecia que o produto estava grudado em minha cabeça” – esse é o relato da jornalista Kaísa Romagnoli, que na busca por uma solução para cuidados capilares, acabou por enfrentar os efeitos adversos dos produtos escolhidos. A profissional conta que consegue ver a fórmula acumulada em sua raiz, não por falta de lavagens, mas por uma razão que ainda não pôde compreender. Ao contrário do que se imagina, situações como a de Kaísa são extremamente comuns e não demandam tratamentos longos e caros para se resolverem.

De acordo com Cristiano Cintra de Almeida, cabelereiro com 30 anos de experiência, a causa do problema está na identificação das necessidades de cada cabelo. “É comum no dia a dia sentirmos que os fios estão mais oleosos ou ressecados, fracos ou armados, e a partir desse diagnóstico, procuramos itens em perfumarias que se adequem a esse cenário. Porém, os métodos que encontramos no cotidiano nem sempre são adequados, e podem levar a consequências”, esclarece.

O especialista em colorimetria aponta que a tarefa de identificar se inicia antes da identificação do incômodo. Ele explica que, antes de comprar um determinado kit de produtos, é preciso saber o tipo de cabelo com o qual se está lidando, para então poder encontrar a fórmula com os compostos adequados e, por fim, buscar a linha compatível com as demandas das mechas.

“Se a pessoa possui os fios naturalmente secos, por exemplo, ela já pode refinar quais marcas não atendem tão bem as necessidades desse tipo de cabelo. Em seguida, a partir do que é oferecido no mercado, ela deve avaliar os compostos das fórmulas e verificar se contêm ingredientes que proporcionam a hidratação e a nutrição necessárias. Óleos vegetais, como argan e coco, e componentes como pantenol e glicerina, por exemplo, são ideais para cabelos secos”, pontua. Cristiano acrescenta que o mesmo se aplica para cabelos mistos ou oleosos – a pesquisa é essencial antes de tomar a decisão do que aplicar nos fios.

 

Como identifico meu tipo de cabelo?

“A identificação do tipo de cabelo começa pela observação da textura, do nível de oleosidade e da forma dos fios”, explica Marina Groke, especialista em beleza da Escova Express, rede de escovarias. “Cabelos lisos tendem a distribuir melhor a oleosidade natural, enquanto os cacheados e crespos apresentam maior ressecamento devido à curvatura, que dificulta a passagem do sebo ao longo do comprimento. Além disso, fatores como química, exposição ao sol e uso frequente de ferramentas térmicas influenciam diretamente na saúde capilar”, aponta.

A especialista destaca que a rotina de lavagens também ajuda a identificar as características do cabelo. “Se os fios ficam pesados e com aspecto oleoso rapidamente, há uma tendência à oleosidade. Já quando aparentam ressecamento, opacidade ou frizz excessivo, há uma maior necessidade de hidratação e nutrição”, afirma. Observar como os fios reagem após a lavagem e ao longo do dia auxilia na escolha dos produtos adequados.

Groke ressalta que, embora a autoanálise seja um bom ponto de partida, a recomendação e orientação de um profissional fazem toda a diferença. “Um especialista consegue avaliar a estrutura capilar com mais precisão, indicando os tratamentos mais eficazes para cada necessidade. Isso evita erros na escolha dos produtos e garante um cuidado mais assertivo e personalizado”, conclui.

 

Restauração, reconstrução ou hidratação?

“A escolha entre restauração, reconstrução ou hidratação deve ser feita com base nas necessidades do cabelo”, explica Marina. Segundo a especialista, a hidratação repõe a umidade natural dos fios, sendo indicada para cabelos opacos e ressecados. A nutrição devolve os lipídios essenciais, ajudando a controlar o frizz e a porosidade. Já a reconstrução fortalece a fibra capilar com proteínas, como a queratina, sendo fundamental para fios danificados por química ou calor excessivo.

Cristiano concorda, ressaltando que a escolha do shampoo e do condicionador também influencia diretamente na saúde capilar. “Os shampoos de limpeza profunda removem o acúmulo de resíduos, mas devem ser usados com moderação para evitar o ressecamento. Já os com propriedades hidratantes são mais suaves e ajudam a manter a umidade dos fios. O condicionador, por sua vez, complementa a ação do shampoo, selando as cutículas e garantindo um acabamento mais saudável e equilibrado”, explica.

Assim como no processo de reconhecimento do tipo de cabelo, consultar um especialista antes de investir em linhas inteiras de cosméticos para tratar um problema capilar é essencial. Além de evitar gastos desnecessários com produtos que podem não trazer os benefícios esperados, essa orientação profissional reduz o risco de efeitos adversos, como os enfrentados por Kaísa.

 

O que fazer no caso de coceira e outros sintomas?

O incômodo relatado por Kaísa Romagnoli, como coceira intensa e sensação de acúmulo do produto no couro cabeludo, pode estar relacionado a uma reação a determinados componentes da fórmula. Julinha Lazaretti, bióloga e cofundadora da Alergoshop, explica que substâncias como sulfatos agressivos, conservantes e fragrâncias artificiais desencadeiam irritações, especialmente em pessoas com sensibilidade cutânea. “Quando há coceira, vermelhidão ou descamação após o uso de um produto, o ideal é interromper imediatamente a aplicação e lavar a região com um shampoo suave, preferencialmente hipoalergênico”, orienta.

A especialista ressalta que sintomas persistentes exigem atenção. “Se a irritação não diminuir ou piorar, é importante procurar um dermatologista para identificar a causa e evitar complicações maiores, como dermatites”, alerta. Vale ressaltar que, antes de adquirir um novo produto, a realização de um teste de contato, aplicando uma pequena quantidade atrás da orelha ou no antebraço, tende a prevenir reações adversas.


Nenhum comentário:

Postar um comentário