Procedimento minimamente invasivo proporciona rápida recuperação, sem cortes ou cicatrizes
De acordo com dados da Federação Brasileira das
Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), aproximadamente 80% das
mulheres em idade fértil têm ou terão miomas, um tipo de tumor benigno que se
desenvolve no útero, em algum momento da vida. Embora não seja cancerígeno, o
mioma pode causar diversos sintomas dependendo de seu tamanho, localização e
quantidade. Entre eles estão sangramento menstrual intenso, dor pélvica,
pressão na bexiga ou intestino, além de desconforto sexual, aumento volumétrico,
abortos, infertilidade, cólicas e até mesmo obstruções de órgãos próximos ao
útero como o intestino, bexiga. Em casos mais graves, pode causar hidronefroses
— dilatação de ureter, pelve renal e até falência renal.
Miomas são mais comuns em mulheres em idade
reprodutiva e seu crescimento é influenciado por hormônios, especialmente o
estrogênio. Em muitos casos, podem ser tratados de forma eficaz com
procedimentos minimamente invasivos, como a embolização uterina. Segundo o Dr.
Henrique Elkis, radiologista intervencionista e membro da Sociedade Brasileira
de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (Sobrice), a técnica é
segura, efetiva e pode ser aplicada mesmo em casos de miomas de grandes
dimensões.
Um dos mitos recorrentes em torno desse tratamento
é a suposição de que o tamanho do mioma interfere no sucesso da embolização.
Conforme explica o Dr. Elkis, "o tamanho do mioma não contraindica a
embolização. Mesmo em casos de miomas muito grandes, o procedimento pode ser
realizado sem comprometer os resultados. Em muitos desses casos, onde o aumento
do útero pode até causar uma sensação semelhante à de uma gravidez, a
embolização pode reduzir o volume uterino em até 60%”.
O procedimento é realizado por meio da inserção de
um cateter na artéria, que é guiado por imagem até as artérias uterinas. Por
meio do cateter, são injetadas pequenas partículas que bloqueiam os vasos
sanguíneos, fazendo com que os miomas reduzam de tamanho. Sem o suprimento
sanguíneo, os miomas começam a diminuir de tamanho e a se degenerar.
“A técnica de embolização é minimamente invasiva,
realizada por meio de uma punção na artéria da virilha ou do punho, sem cortes
ou cicatrizes. A paciente normalmente é internada por 24 horas e o
pós-operatório, que pode ser doloroso nos primeiros três dias, é controlado com
medicação. Em uma semana, as pacientes geralmente retornam às suas atividades
normais”, destaca o radiologista intervencionista da Sobrice.
Antigamente, o tratamento de miomas exigia
cirurgias invasivas, com grandes cortes, internações, necessidade de
transfusões de sangue e longos períodos de recuperação. Com o avanço da radiologia
intervencionista, hoje é possível realizar procedimentos como a embolização,
sem cortes, pontos ou cicatrizes, proporcionando uma recuperação muito mais
rápida.
Além dos benefícios imediatos, a embolização
uterina é uma alternativa viável para mulheres que desejam preservar o útero e até
engravidar no futuro. Embora, no passado, acreditava-se que o
procedimento poderia impedir a gravidez, hoje se sabe que "a embolização
uterina propicia a gravidez", afirma Dr. Elkis, relatando que muitas de
suas pacientes engravidaram após o tratamento.
Com taxas de sucesso superiores a 98% e
complicações mínimas, o procedimento é uma alternativa promissora para mulheres
que buscam alívio dos sintomas do mioma sem os riscos e o tempo de recuperação
de cirurgias convencionais. “É importante escolher um profissional
especializado para realizar o procedimento”, destaca o Dr. Elkis.
Para o médico, "a radiologia intervencionista proporciona uma integração multidisciplinar essencial para os bons resultados, envolvendo ginecologistas e outros profissionais de saúde no acompanhamento do tratamento. Isso reforça a abordagem de medicina integral, que olha para a paciente como um todo, garantindo o melhor desfecho possível”.
SOBRICE - Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular.
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