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Lei Maria da Penha foi sancionada em 2006 Foto: Elaine Duim |
“O sistema de justiça brasileiro tem se esforçado para garantir a proteção das mulheres e o direito de guarda dos filhos, mas ainda há um longo caminho a percorrer”, declara o especialista em Direito Criminal Davi Gebara
No Dia Internacional
da Mulher, é importante refletirmos sobre como o sistema de justiça brasileiro
tem lidado com as necessidades das mulheres em questões sensíveis e vitais,
como violência doméstica e custódia dos filhos. Embora o Brasil tenha avançado
consideravelmente em muitas áreas, os desafios legais e sociais enfrentados
pelas mulheres, especialmente aquelas que sofrem com abusos e disputas
familiares, ainda são imensos.
A Lei Maria da
Penha, criada em 2006, foi um marco significativo para o empoderamento das
mulheres no Brasil, proporcionando uma proteção mais eficaz contra a violência
doméstica. No entanto, a implementação dessa lei e a forma como as mulheres são
tratadas no sistema judiciário ainda são motivo de debates. A aplicação da Lei
Maria da Penha tem avançado, mas, muitas vezes, as vítimas de violência
enfrentam barreiras, como a falta de informação e o medo de denunciar. Muitos
casos de abuso doméstico ainda não são levados a sério, e as vítimas
frequentemente enfrentam dificuldades para garantir uma proteção real.
Com relação à
custódia dos filhos, o sistema de justiça também tem enfrentado desafios em
equilibrar as necessidades da mãe e do pai em casos de divórcio e separação.
Embora a guarda compartilhada tenha se tornado um padrão mais comum nos
tribunais brasileiros, as mulheres ainda enfrentam obstáculos em processos de
divisão de bens e guarda dos filhos. Em muitas situações, as mulheres ainda são
vistas como as principais cuidadoras dos filhos, o que pode impactar decisões
judiciais que não priorizam a igualdade entre os pais.
“O sistema de
justiça brasileiro tem se esforçado para garantir a proteção das mulheres e o
direito de guarda dos filhos, mas ainda há um longo caminho a percorrer. A
implementação da Lei Maria da Penha é um passo importante, mas é necessário
aprimorar os processos judiciais, tornando-os mais ágeis, inclusivos e
conscientes das dificuldades que as mulheres enfrentam em situações de
violência e custódia”, explica Davi Gebara, advogado especializado em Direito
Criminal (OAB 249.618).
O medo de
represálias e a dependência financeira também são questões que frequentemente
afetam a decisão das mulheres em processos legais. Muitos agressores utilizam a
culpa e manipulação emocional para impedir que suas parceiras busquem ajuda ou
tomem decisões jurídicas que favoreçam o bem-estar delas e dos filhos. Isso
cria uma dependência psicológica e emocional que precisa ser levada em
consideração pelo sistema jurídico ao tomar decisões sobre custódia ou
segurança.
Além disso, outro
ponto importante é a falta de acesso igualitário à justiça. As mulheres em
situação de vulnerabilidade social, muitas vezes, não têm acesso a advogados
especializados ou ao apoio adequado para enfrentar processos legais. Para
garantir o direito das mulheres, é necessário garantir que todas as vítimas de
violência ou disputas familiares tenham acesso a uma representação legal
qualificada, sem medo de represálias ou preconceitos.
Nos últimos anos,
algumas iniciativas têm surgido para fortalecer os direitos das mulheres e
garantir a igualdade de gênero nas decisões judiciais. As campanhas de
conscientização sobre violência doméstica, o aumento de centros de apoio e a
capacitação de juízes e advogados têm sido passos importantes para criar um
sistema de justiça mais inclusivo e eficiente.
Em resumo, o
sistema de justiça brasileiro tem dado avanços importantes, mas ainda existem
lacunas que precisam ser preenchidas para garantir que as mulheres não apenas
tenham seus direitos protegidos, mas também tenham acesso à justiça de maneira
igualitária. O Dia Internacional da Mulher é uma data ideal para refletirmos
sobre as mudanças necessárias e como a sociedade pode ajudar a criar um sistema
jurídico mais justo para todas as mulheres no Brasil.
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