Doença
silenciosa afeta milhões de brasileiros e estudos mostram forte impacto na
saúde mental
O glaucoma é uma das principais causas de cegueira
no mundo, afetando mais de 1,7 milhão de brasileiros, segundo
o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). A doença, que pode ser
assintomática nos estágios iniciais, tem incidência de 1% a 2% na
população geral, aumentando para mais de 6%
após os 70 anos. Indivíduos negros apresentam maior
predisposição, assim como pessoas com histórico familiar, miopia e pressão
intraocular elevada.
A oftalmologista e pesquisadora Dra. Regina
Cele Silveira Seixas, membro da prestigiada sociedade
científica Sigma Xi, destaca a importância do diagnóstico precoce
para evitar danos irreversíveis à visão. “O glaucoma afeta a visão periférica de forma
gradual e, sem tratamento, pode levar à cegueira total. Consultas
oftalmológicas regulares são essenciais para a detecção precoce e o controle da
doença”, alerta.
Glaucoma e saúde mental:
estudo aponta índices alarmantes
Uma pesquisa publicada na revista científica Frontiers
in Psychology, conduzida pela Dra. Regina Cele,
revelou uma forte relação entre o glaucoma e transtornos psicológicos. O estudo
analisou 210 pacientes em centros oftalmológicos de São Paulo e
Curitiba, constatando que 26,9% apresentaram depressão e 25,7% relataram
ansiedade, índices muito superiores à média nacional de 5,8% e 9,8%,
respectivamente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Nos estágios avançados da
doença, a depressão é mais frequente, enquanto nos estágios iniciais, a
ansiedade predomina. O impacto do glaucoma vai além da perda visual, afetando
diretamente a qualidade de vida dos pacientes”, explica a especialista.
Tratamento e acesso pelo SUS
Entre 2019 e 2023, aproximadamente 300 mil
brasileiros tiveram acesso gratuito a tratamentos
medicamentosos pelo Sistema Único de Saúde (SUS),
reduzindo o risco de progressão da doença. O Nordeste foi a região com maior
número de procedimentos, seguido pelo Sudeste, Sul, Norte e Centro-Oeste. A
maioria dos pacientes tratados tem mais de 40 anos e 70% das
entregas de medicamentos foram destinadas a mulheres.
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