sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Volta às aulas: especialistas orientam sobre saúde e adaptação das crianças

Um bom rendimento escolar depende
 de uma boa saúde da criança
Veja as dicas que nutricionista, pediatra, oftalmologista e pedagoga dão para a volta às aulas, incluindo a readaptação de crianças com TDAH e autismo à rotina escolar

 

Com o início do ano letivo, a rotina escolar traz desafios para a saúde de crianças e adolescentes. A adaptação ao novo ritmo pode impactar a imunidade, a qualidade do sono e até o desempenho escolar. Para garantir um retorno saudável, especialistas de diferentes áreas, destacam cuidados essenciais na volta às aulas. 

A sala de aula, com o agrupamento de crianças, é sempre um ambiente propício para as viroses. A dica da pediatra Fabiana de Cássia, que atua no Eco Medical Center, em Curitiba, é levar as crianças ao médico no início do ano para um check-up e manter a vacinação em dia, mesmo que seja preciso incluir vacinas disponíveis somente na rede privada. Além do check-up, crianças com condições especiais de saúde, como asma, alergias e doenças crônicas, passarão por uma avaliação mais criteriosa. 

A hora de chegar em casa, outro ponto é importante. Fabiana aconselha tirar o uniforme, tomar banho e assoar bem o nariz assim que chegar da escola, para manter a higiene respiratória e do corpo e reduzir o contato com vírus. Sobre o sono, a criança deve dormir entre 8 a 12 horas por noite e não usar mais telas quando chega em casa. Nesse momento, o importante é alimentar-se, fazer as tarefas e brincar até a hora de dormir.

 

Readaptação alimentar e lancheira saudável

A nutricionista Sarina Giongo ensina como re-adaptar a rotina alimentar. Alguns dias antes da volta às aulas, a família deve implantar novamente horários fixos para refeições e o sono. Planejar as refeições da semana, fazer a lista de compras, comprar tudo de uma vez e já deixar saladas higienizadas, leguminosas e carnes preparadas e opções congeladas facilita muito. 

E quando pensamos no cognitivo de crianças e adultos, para render na escola e no trabalho, a composição da refeição é muito importante. Almoço e jantar devem conter:

  • Uma opção de carboidrato (cereais, como arroz e preparações a base de trigo ou milho; ou tubérculos, como mandioca, batatas e inhame);
  • Uma opção de leguminosas (feijões e lentilhas);
  • Uma opção de proteína (carnes ou ovos);
  • Diferentes opções de verduras e legumes.

Frutas vermelhas e cítricas; verduras verde-escuras; peixes e gorduras boas (abacate, azeite de oliva e oleaginosas, que são as castanhas e nozes) colaboram também com a cognição. Outra dica é temperar a comida com limão ou disponibilizar uma pequena porção de fruta cítrica após a refeição favorece a absorção do ferro. 

A lancheira saudável deve ter:

  • 1 porção de fruta, verdura ou legume;
  • 1 porção de carboidrato, como sanduíche, beirute, bolo caseiro ou esfiha;
  • 1 pequena porção de proteína através do recheio de sanduíche (queijo, carne moída, ovo, omelete, etc), ou então um iogurte, cubinhos de queijo, etc;
  • Água;
  • Opções para complementar: aveia, sementes ou oleaginosas.

“Sobre o suco de frutas, apesar das crianças gostarem bastante, não precisa ter todos os dias na lancheira. Devemos ensinar a criança que o correto é tomar água para hidratar e matar a sede. E quando mandamos uma bebida diferente de água podemos variar entre suco, água de coco, iogurte, leite, bebida vegetal e água saborizada. Já os refrigerantes e isotônicos estão proibidos. Devemos também cortar o excesso de gordura, sódio ou açúcar e evitar os produtos ultraprocessados. Para produtos industrializados, ler o rótulo é fundamental”, orienta Sarina. 

Veja exemplos de composição de lanches:

  • mini pão de fermentação natural + patê de frango com legumes + melancia + iogurte
  • tapioca com chia + cubinhos de queijo + salada de frutas + suco de maracujá
  • mini pão francês com gergelim + mini hambúrguer caseiro nutritivo (com cenoura e abobrinha) + tomate cereja + água de coco

Prevenção e observação de problemas de visão

A saúde ocular das crianças é fundamental para o desempenho escolar. Segundo a oftalmopediatra Pérola Grupenmacher Iankilevich, problemas como miopia (que tem aumentado a frequência em crianças) e hipermetropia podem estar por trás de notas baixas. 

“A criança que precisa forçar muito para enxergar acaba se dispersando, não presta atenção e perde a paciência, principalmente durante a leitura ou ao copiar do quadro. Às vezes ela entende muito bem o conteúdo ouvindo, mas na hora de escrever ela não faz e a chamam de preguiçosa. Se não for um TDAH ou autismo, por exemplo, pode ser problema de visão”, explica. 

Sintomas como dores de cabeça, olhos vermelhos, aproximar-se excessivamente de objetos ou fechar um olho para focar e enxergar, estrabismo, dificuldades para andar e subir escadas são alertas. A médica reforça a importância do check-up anual, mesmo sem queixas: “A ambliopia, conhecida como ‘olho preguiçoso’, só pode ser tratada até os 7 ou 8 anos. Nesse caso, o cérebro da criança tem a capacidade, por exemplo, de se um olho não enxerga bem ele anula a imagem desse olho. Ou às vezes a criança já nasce enxergando borrado e cresce achando isso normal, porque não tem outro parâmetro para comparar. Por isso, exames preventivos antes da alfabetização são essenciais para barrar e reverter esses quadros”. 

Pérola aconselha que a visita ao oftalmologista, tanto na infância quanto na fase adulta, deve ser anual. E os cuidados começam já no bebê recém-nascido, através do teste do olhinho. 

O uso excessivo de celulares e tablets é um desafio e deve ser limitado a uma hora por dia para os menores (a Sociedade Brasileira de Oftalmologia não recomenda telas para menores de 2 anos) a até duas horas a partir dos 6 anos. E a cada 20 minutos de tela, 2 minutos de descanso, olhando para longe.

 

TDAH, autismo e Down

Crianças com condições especiais, como autismo, TDAH e Down, por exemplo, precisam de uma re-adaptação maior. As crianças podem apresentar diferentes formas de aprendizado, comunicação e interação. No início do ano o acolhimento é fundamental para que sintam-se seguras e felizes. E a comunicação com elas deve sempre ser muito clara e lúdica. 

A psicopedagoga Déborah Araújo Maia, especialista em inclusão, enfatiza a necessidade dos pais procurarem a escola para descrever e reforçar as características da criança. Entregar uma agenda com informações médicas e terapêuticas detalhadas é essencial. E pais e escola podem trabalhar juntos um Plano Educacional Individualizado (PEI) para o estudante. Professores, funcionários e a direção devem estar preparados para a neurodiversidade e entender as individualidades de cada criança. 

Outra dica da pedagoga é fazer um tour lúdico pela escola ou um “caça ao tesouro”, com perguntas como: “local da escola que tem muitos livros”, “local onde fazemos lanche”, etc. Crianças não verbais podem se beneficiar muito destas brincadeiras sensoriais. E em casa, os pais devem perguntar sobre os espaços preferidos da escola e colegas novos. 



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