sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Primeira montagem do Escaldapé Coletivo de Teatro, Quem Casa Quer Casa 4.0 atualiza comédia clássica de Martins Pena, abordando convivência e aceitação familiar com casal LGBTQIAPN+

Créditos: Julio Aracack

Peça mantém o espírito da obra original ao mesmo tempo em que amplia sua discussão para os dias de hoje, refletindo a intolerância e a dificuldade de convivência a partir do relacionamento homoafetivo entre uma mulher cis e uma mulher trans

 

A partir do dia 8 de março, entra em cartaz no Teatro Paiol Cultural (R. Amaral Gurgel, 164 - Vila Buarque, São Paulo - SP) o espetáculo Quem Casa Quer Casa 4.0, primeira montagem do Escaldapé Coletivo de Teatro. A peça, uma adaptação coletiva da obra de Martins Pena com direção de Bryan Parasky e dramaturgia de Adriane Hintze, revisita o clássico da comédia brasileira Quem Casa Quer Casa sob uma ótica contemporânea, abordando os desafios da convivência familiar e relações LGBTQIAPN+.

 

A peça transporta os dilemas familiares da obra original para um contexto atual, explorando com humor as transformações nas dinâmicas familiares e sociais. Inspirada na Indústria 4.0 (também chamado de Quarta Revolução Industrial, o termo diz respeito à modernização das fábricas com tecnologias como inteligência artificial, robôs e internet das coisas), o texto reflete a influência da tecnologia, das redes sociais e das novas formas de relacionamento sem perder a essência cômica da história.

 

“A dramaturgia foi inspirada no texto de Martins Pena, mas passou por adaptações significativas para dialogar com questões contemporâneas. Mantivemos a premissa central, mas ajustamos o contexto para incluir os temas que o grupo queria abordar. Incorporamos elementos da tecnologia e discussões ligadas à comunidade LGBTQIAPN+, criando uma fusão entre a estrutura do clássico e as novas narrativas que trouxemos para a peça”, conta a dramaturga Adriane Hintze.

O diretor da peça, Bryan Parasky, complementa: “O grupo trabalhou com jogos de improvisação e diálogos sobre a contemporaneidade das relações, com ênfase na vivência LGBTQIAPN+. As cenas surgiram organicamente, permitindo que os atores explorassem os conflitos e nuances dessas relações. O processo revelou a necessidade de consolidar essa nova versão, o que nos levou a trazer uma dramaturga para lapidar o texto. Assim, transformamos a peça sem perder sua essência: o embate cômico entre sogra e nora, cada uma determinada a assumir o comando da casa”.

Na peça original, escrita em 1845, o dramaturgo carioca Martins Pena retrata uma família tradicional que vive conflitos quando um casal recém-casado precisa viver sob o mesmo teto dos pais. As disputas de espaço e poder entre gerações resultam em situações cômicas e reflexivas. Na versão 4.0, a trama ganha novos contornos ao retratar os desafios de aceitação e convivência familiar vividos por um um casal LGBTQIAPN+ composto por Sabrina, uma mulher cis, e Paulina, uma mulher trans. 

“As personalidades das personagens originais serviram como alicerce para reescrevermos nossa história em um contexto atual. Mantivemos o embate central: a matriarca da família, dona da casa, confronta a nora recém-chegada, que também deseja ter voz ativa nesse lar. No entanto, ao contrário da versão original, nossa Paulina não enfrenta apenas as disputas cotidianas da convivência familiar, mas também o preconceito da sogra, que resiste em aceitar a nova configuração conjugal entre sua filha, Sabrina, e Paulina. Ainda assim, a peça preserva o tom farsesco e os conflitos domésticos característicos de Martins Pena, como uma homenagem ao mestre da comédia de costumes”, complementa o diretor.

A ambientação atualizada insere o enredo em um apartamento urbano moderno, refletindo as realidades das grandes cidades. Questões como o impacto da tecnologia, debates sobre identidade de gênero e conflitos intergeracionais são incorporadas à trama, ampliando sua relevância para o público.

“O embate entre nora e sogra continua sendo sobre poder, mas agora sob uma nova perspectiva: a disputa gira em torno da organização da festa de um ano de casamento da filha e da nora. Esse conflito se intensifica à medida que a sogra revela seu preconceito, expondo posturas homofóbicas e transfóbicas. Ela funciona como um reflexo de uma sociedade que ainda reproduz essas violências de forma estrutural. Com essa abordagem, queremos provocar reflexões sobre preconceito, intolerância e as dinâmicas familiares”, conclui a dramaturga. Saiba mais sobre o diretor, dramaturga e elenco da peça acessando este link.

 

Sinopse curta


"Quem Casa Quer Casa 4.0" é uma adaptação moderna da clássica comédia de Martins Pena, transportando os dilemas familiares para o século 21. Com humor e emoção, a peça explora temas contemporâneos de amor, aceitação e convivência, refletindo as complexidades das relações LGBTQIAPN+ na sociedade atual. Prepare-se para uma narrativa envolvente onde o amor e a compreensão vencem o preconceito.

 

Ficha técnica

Texto: Adaptação coletiva da obra de Martins Pena

Direção: Bryan Parasky

Dramaturgia: Adriane Hintze

Elenco: Camila Johann (Sabrina), Giovana T. S. (Fernanda), João Alves (Leonardo), Marc Pereira (Sebastião), Rafaela Gimenez (Paulina) e Sophia Dário (Eulália)

 

Serviço

Quem Casa Quer Casa 4.0

Temporada: De 8 a 30 de março. Sábados, às 21h, e domingos, às 20h

Local: Teatro Paiol Cultural (R. Amaral Gurgel, 164 - Vila Buarque, São Paulo - SP)

Duração: 70 minutos

Classificação indicativa: 14 anos

Capacidade: 200 lugares 

Ingressos: De R$25 a R$50, pelo Sympla

 

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