Uso excessivo do
celular em meio a disputas de guarda afeta a relação entre pais e filhos e
expõe crianças a riscos no ambiente virtual
A nomofobia, caracterizada pelo medo irracional de ficar sem o celular, tem se
tornado cada vez mais presente e seus impactos vão além da ansiedade e do
isolamento social. O uso excessivo do dispositivo pode afetar diretamente as
relações familiares, principalmente em situações delicadas como disputas de
guarda no contexto do divórcio. Tanto os pais quanto os filhos
podem desenvolver uma relação de dependência com o celular, o que compromete a
comunicação, amplia os conflitos e pode expor crianças e adolescentes a graves
riscos no ambiente virtual.
"O impacto emocional do divórcio já é intenso
para os pais e, muitas vezes, eles encontram no celular uma forma de distração
ou refúgio. No entanto, essa fuga digital pode afetar o vínculo com os filhos e
a capacidade de perceber suas necessidades emocionais, o que agrava ainda mais
a situação", explica Paulo Akiyama, advogado que atua em direito de família. Ele lembra que o uso contínuo
do celular pode levar ao distanciamento emocional, dificultando a mediação da
guarda e a convivência familiar, além de gerar irritabilidade, procrastinação
de tarefas essenciais e até ser utilizado como ferramenta de monitoramento do
ex-cônjuge, aumentando os conflitos.
Os filhos, especialmente em momentos de
instabilidade emocional, também podem buscar refúgio no mundo virtual. Sem
supervisão adequada, a exposição prolongada às redes sociais e jogos online
pode torná-los alvos fáceis de assédio, cyberbullying e conteúdos
inapropriados. "As crianças que enfrentam a separação dos
pais estão em um momento de fragilidade emocional e podem acabar procurando
conforto no ambiente digital sem compreender os riscos envolvidos. Isso aumenta
a vulnerabilidade a abordagens de criminosos que se aproveitam da falta de
supervisão para aliciar menores", pontua Akiyama.
Casos de chantagem, induzimento ao suicídio e abuso
sexual infantil têm sido cada vez mais frequentes em plataformas digitais.
Muitos menores ingressam em grupos de jogos sem qualquer controle parental,
onde adultos se passam por crianças para ganhar sua confiança e explorá-los
emocionalmente. "É fundamental que os pais estejam atentos ao
comportamento dos filhos e estabeleçam limites para o uso da tecnologia. O
diálogo aberto e o acompanhamento profissional podem fazer a diferença na
prevenção desses riscos", acrescenta o advogado.
A exposição descontrolada ao ambiente digital pode
gerar consequências severas para o desenvolvimento infantil. O acesso a
conteúdos violentos ou que incentivam a automutilação pode comprometer a saúde
mental da criança, resultando em ansiedade, depressão e dificuldades de
socialização. Além disso, a falta de supervisão pode afetar o rendimento
escolar, reduzir a concentração e criar um ciclo de dependência digital que
interfere na construção de relações saudáveis.
Para evitar que a tecnologia se torne um obstáculo
nas relações familiares, pais e filhos precisam estabelecer um equilíbrio
entre o mundo real e o digital. Definir limites de tempo para o
uso do celular, incentivar atividades offline e manter uma comunicação
transparente sobre os desafios da separação são estratégias essenciais para
minimizar os impactos da nomofobia. O suporte psicológico pode auxiliar tanto
os pais quanto os filhos a lidarem melhor com as emoções desse período,
enquanto ferramentas de controle parental ajudam a proteger as crianças dos
perigos da internet.
"O uso consciente da tecnologia deve ser promovido dentro das famílias, especialmente em períodos de mudanças como o divórcio. O acompanhamento dos filhos, tanto no ambiente físico quanto no digital, é fundamental para garantir que essa transição ocorra de maneira saudável e segura", finaliza o advogado.
Paulo Akiyama - formado em economia e em direito desde 1984. É palestrante, autor de artigos, sócio do escritório Akiyama Advogados Associados e atua com ênfase no direito empresarial e direito de família.
Akiyama Advogados
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