terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Nomofobia compromete relações familiares e expõe crianças a riscos digitais

Uso excessivo do celular em meio a disputas de guarda afeta a relação entre pais e filhos e expõe crianças a riscos no ambiente virtual


A nomofobia, caracterizada pelo medo irracional de ficar sem o celular, tem se tornado cada vez mais presente e seus impactos vão além da ansiedade e do isolamento social. O uso excessivo do dispositivo pode afetar diretamente as relações familiares, principalmente em situações delicadas como disputas de guarda no contexto do divórcio. Tanto os pais quanto os filhos podem desenvolver uma relação de dependência com o celular, o que compromete a comunicação, amplia os conflitos e pode expor crianças e adolescentes a graves riscos no ambiente virtual.

"O impacto emocional do divórcio já é intenso para os pais e, muitas vezes, eles encontram no celular uma forma de distração ou refúgio. No entanto, essa fuga digital pode afetar o vínculo com os filhos e a capacidade de perceber suas necessidades emocionais, o que agrava ainda mais a situação", explica Paulo Akiyama, advogado que atua em direito de família. Ele lembra que o uso contínuo do celular pode levar ao distanciamento emocional, dificultando a mediação da guarda e a convivência familiar, além de gerar irritabilidade, procrastinação de tarefas essenciais e até ser utilizado como ferramenta de monitoramento do ex-cônjuge, aumentando os conflitos.

Os filhos, especialmente em momentos de instabilidade emocional, também podem buscar refúgio no mundo virtual. Sem supervisão adequada, a exposição prolongada às redes sociais e jogos online pode torná-los alvos fáceis de assédio, cyberbullying e conteúdos inapropriados. "As crianças que enfrentam a separação dos pais estão em um momento de fragilidade emocional e podem acabar procurando conforto no ambiente digital sem compreender os riscos envolvidos. Isso aumenta a vulnerabilidade a abordagens de criminosos que se aproveitam da falta de supervisão para aliciar menores", pontua Akiyama.

Casos de chantagem, induzimento ao suicídio e abuso sexual infantil têm sido cada vez mais frequentes em plataformas digitais. Muitos menores ingressam em grupos de jogos sem qualquer controle parental, onde adultos se passam por crianças para ganhar sua confiança e explorá-los emocionalmente. "É fundamental que os pais estejam atentos ao comportamento dos filhos e estabeleçam limites para o uso da tecnologia. O diálogo aberto e o acompanhamento profissional podem fazer a diferença na prevenção desses riscos", acrescenta o advogado.

A exposição descontrolada ao ambiente digital pode gerar consequências severas para o desenvolvimento infantil. O acesso a conteúdos violentos ou que incentivam a automutilação pode comprometer a saúde mental da criança, resultando em ansiedade, depressão e dificuldades de socialização. Além disso, a falta de supervisão pode afetar o rendimento escolar, reduzir a concentração e criar um ciclo de dependência digital que interfere na construção de relações saudáveis.

Para evitar que a tecnologia se torne um obstáculo nas relações familiares, pais e filhos precisam estabelecer um equilíbrio entre o mundo real e o digital. Definir limites de tempo para o uso do celular, incentivar atividades offline e manter uma comunicação transparente sobre os desafios da separação são estratégias essenciais para minimizar os impactos da nomofobia. O suporte psicológico pode auxiliar tanto os pais quanto os filhos a lidarem melhor com as emoções desse período, enquanto ferramentas de controle parental ajudam a proteger as crianças dos perigos da internet.

"O uso consciente da tecnologia deve ser promovido dentro das famílias, especialmente em períodos de mudanças como o divórcio. O acompanhamento dos filhos, tanto no ambiente físico quanto no digital, é fundamental para garantir que essa transição ocorra de maneira saudável e segura", finaliza o advogado.



Paulo Akiyama - formado em economia e em direito desde 1984. É palestrante, autor de artigos, sócio do escritório Akiyama Advogados Associados e atua com ênfase no direito empresarial e direito de família.

Akiyama Advogados
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