Especialista alerta sobre a venda indiscriminada e a falta de
eficácia de alguns medicamentos
Em períodos festivos, como o carnaval, é comum encontrar no mercado alguns combos com medicamentos para aliviar os efeitos da ressaca após a folia. São os famosos kits ressaca ou kit festa. Normalmente, eles trazem antivômitos (antieméticos), antiácidos, analgésicos e remédios que protegem e regeneram o fígado (hepatoprotetores), sempre com intuito de amenizar os sintomas da alta ingestão de álcool. No entanto, a efetividade desses produtos e a regularidade da comercialização merecem atenção, segundo o coordenador e professor do curso de Farmácia da Universidade Guarulhos (UNG), Anderson Carniel.
“A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe a venda de kits contendo medicamentos sem registro específico, em embalagens não originais ou sem a devida prescrição médica. Embora muitos dos fármacos presentes sejam de baixo risco e apresentem efeitos colaterais limitados, a venda indiscriminada e sem orientação torna a prática ilegal, representando, portanto, um risco à saúde", comenta o especialista.
De acordo com o coordenador, ainda é necessário estar atento aos tipos de remédios presentes nesses kits, pois alguns não possuem qualquer efeito para melhorar a ressaca. “É o caso dos antialérgicos, que, por vezes, são incluídos. Eles não contribuem para a recuperação do organismo após a ingestão de álcool”, informa.
Outro ponto destacado pelo profissional são as insistentes propagandas que orientam a tomar os medicamentos deste famoso kit antes de consumir a bebida alcoólica. “Esse é um tipo de informação divulgado sem base científica, sendo apenas uma estratégia comercial para vender mais”.
A dúvida é: algum remédio pode ser usado para curar a ressaca? Segundo Carniel, não existe um tratamento específico para curar o mal-estar após exagerar na bebida, mas analgésicos como paracetamol e ibuprofeno ajudam a reduzir sintomas de dores de cabeça e desconfortos comuns depois de bebedeira. Os medicamentos que aceleram o metabolismo do álcool no fígado, evitando uma intoxicação hepática, também colaboram.
"Em sala de aula, sempre orientamos nossos alunos e futuros farmacêuticos sobre a eficácia desses medicamentos para este tipo de situação, mas sempre ressaltamos que o corpo precisa de tempo para eliminar o álcool. Esse é o único processo realmente eficaz contra a ressaca. Esta informação também vale para toda a população”, informa o professor.
Ao invés de confiar em kits milagrosos, o coordenador do curso de
Farmácia da UNG sugere que os foliões bebam de forma consciente, pois é a
melhor forma de prevenir a ressaca. Também é importante se hidratar
adequadamente e ingerir alimentos capazes de auxiliar no processamento do
álcool pelo fígado.
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