Baixa adesão a
exames preventivos ainda compromete a detecção precoce e reduz as chances de
terapias menos agressivas
O câncer do colo do útero segue como um dos tumores
ginecológicos mais comuns no Brasil, mesmo com a oferta gratuita de exames
preventivos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o Instituto Nacional de
Câncer (INCA), em 2021, a doença foi responsável por 6.606 óbitos no Brasil,
correspondendo a uma taxa ajustada de mortalidade de 4,51 por 100 mil mulheres,
muitas das quais poderiam ser evitadas com diagnóstico precoce.
A realização periódica do exame Papanicolau e do
teste de HPV permite identificar lesões antes que evoluam para um tumor
invasivo, aumentando significativamente as chances de um tratamento menos
agressivo e, em alguns casos, preservando a fertilidade.
Barreiras para o diagnóstico
precoce
Apesar das evidências sobre a eficácia do
rastreamento, a adesão aos exames preventivos ainda é baixa em diversas regiões
do país. De acordo com o Dr. Marcelo Vieira, cirurgião oncológico e
especialista em cirurgias minimamente invasivas, entre os principais desafios
estão a falta de informação, dificuldades de acesso a serviços de saúde, medo
do exame e até mesmo o receio do diagnóstico. “Dados do INCA indicam que
mulheres de baixa renda ou que vivem em áreas afastadas apresentam menor taxa
de realização do Papanicolau, o que impacta diretamente o aumento de casos em
estágio avançado”, revela.
Outro fator que contribui para esse cenário é a
descontinuidade no acompanhamento médico. “Muitas pacientes realizam o exame
uma única vez e deixam de repetir a testagem regularmente, o que reduz a
eficácia da prevenção. Como as lesões pré-cancerígenas podem levar anos para
evoluir para um tumor, o rastreamento periódico é essencial para garantir que
eventuais alterações sejam detectadas e tratadas a tempo”, alerta o
oncologista.
Como a detecção precoce
transforma o tratamento
Quando detectado precocemente, o câncer do colo do
útero pode ser tratado com procedimentos menos invasivos, preservando a saúde
da paciente e sua capacidade reprodutiva. “Métodos como a conização e a
traquelectomia radical são alternativas viáveis para mulheres em estágios
iniciais da doença, evitando cirurgias mais drásticas, como a histerectomia”,
pontua. Além disso, tecnologias inovadoras, como o dispositivo Duda,
desenvolvido para evitar o fechamento do canal endocervical após a cirurgia,
aumentam as chances de gravidez mesmo após o tratamento oncológico.
Além dos avanços médicos, a conscientização da
população feminina sobre a importância dos exames periódicos precisa ser
reforçada. “Muitas mulheres desconhecem que o HPV, principal fator de risco
para o desenvolvimento da doença, pode ser tratado antes que cause alterações
malignas. Campanhas de educação e a ampliação do acesso ao rastreamento são
fundamentais para reduzir a incidência da doença e garantir tratamentos mais
eficazes e menos agressivos”, finaliza Vieira.
Dr. Marcelo Vieira - cirurgião oncológico,
especialista em cirurgias minimamente invasivas e mentor de cirurgiões. Com
mais de 20 anos de experiência, iniciou sua trajetória no Hospital de Câncer de
Barretos, onde atuou como chefe da Ginecologia e se dedicou ao atendimento 100%
SUS. Em 2019, realizou o primeiro transplante robótico intervivos do Brasil, um
marco na medicina nacional. Após essa conquista, decidiu empreender e criou o
Curso de Metodologia Cirúrgica, com a missão de transformar cirurgiões e salvar
vidas. Também fundou o Cadáver Lab, um treinamento imersivo de dissecção e
anatomia pélvica avançada, além de liderar programas de mentoria de alta
performance, como Precisão Cirúrgica e Cirurgião de Elite.
Para mais informações, visite o site oficial ou pelo instagram.
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