72% das mais de sete mil doenças raras já conhecidas têm origem
genética e apenas 5% delas possuem tratamentoFoto: Camila Hampf
Hospital Pequeno Príncipe
Mais de 300
milhões de pessoas em todo o mundo convivem com alguma das mais de sete mil
doenças raras já conhecidas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Dessas, 72% têm origem genética, e em 75% dos casos os primeiros sinais
aparecem ainda na infância. Além disso, 30% dos pacientes não chegam a
completar 5 anos de vida.
Uma doença é
considerada rara quando afeta até 65 pessoas a cada 100 mil habitantes. Apesar
da diversidade de enfermidades, apenas 5% delas possuem tratamento específico.
No Brasil, estima-se que 13 milhões de pessoas convivam com uma condição rara,
mas esse número pode ser ainda maior devido às dificuldades no diagnóstico. A
falta de acesso a profissionais especializados e a exames precisos, como os
genéticos, dificulta a identificação dessas doenças, que são pouco conhecidas.
No Dia Mundial das
Doenças Raras, lembrado em 28 de fevereiro, o Pequeno Príncipe, que é o maior e
mais completo hospital pediátrico do país e o primeiro a ser habilitado pelo
Ministério da Saúde como Serviço de Referência em Doenças Raras, reforça a
importância do acesso a testes genéticos. Essenciais para um diagnóstico
precoce e preciso, esses exames permitem intervenções desde os primeiros sinais
da doença, reduzindo complicações e melhorando o prognóstico e qualidade de
vida dos pacientes. Além de também possibilitar o aconselhamento genético para
as famílias, para que compreendam os riscos hereditários das doenças raras.
“Os resultados
mais precisos dos testes genéticos influenciam no tratamento das doenças raras
ao permitir mais rapidez no diagnóstico e também na identificação de terapias
específicas, que podem ser mais eficazes para mutações genéticas particulares.
Isso faz com que o tratamento seja adaptado às características genéticas do
paciente e assim melhore sua qualidade de vida”, destaca Mara Lucia Schmitz
Ferreira Santos, neurologista responsável pelo Ambulatório de Doenças Raras do
Hospital Pequeno Príncipe.
Apesar da
importância dos testes genéticos no diagnóstico, a especialista ressalta que os
pacientes com doenças raras enfrentam desafios. “A maioria deles precisa lidar
com a espera por exames, a falta de especialistas, o alto custo dos tratamentos
e medicações, além das dificuldades de acesso a terapias inovadoras”, explica.
Diagnóstico
Algumas doenças
raras podem ser detectadas ainda nos primeiros dias de vida por meio do teste
do pezinho, como a fenilcetonúria, a fibrose cística e a anemia falciforme.
Outros exames neonatais, como os testes da orelhinha, do olhinho e do coração,
também podem identificar algumas dessas condições precocemente. “É importante
destacar que a análise de biomarcadores, exames de imagem avançados, a
avaliação física do paciente, histórico familiar e avaliação detalhada dos
sintomas também são fundamentais para os diagnósticos”, completa Mara Lucia.
Sinais de
alerta
As doenças raras podem ter sintomas
variados e que muitas vezes são confundidos com os de outras condições. Por
isso, é fundamental estar alerta a alguns dos sinais mais comuns, como:
- atraso
no desenvolvimento neuropsicomotor;
- convulsões
de difícil controle;
- pouco
ganho de peso ou crescimento;
- infecções
frequentes e de difícil tratamento;
- manchas
na pele de aparecimento precoce;
- alterações
na marcha e na coordenação motora;
- perda
de habilidades previamente adquiridas.
Apesar dos
desafios, algumas doenças raras podem ser tratadas com reposição enzimática,
dieta especial, transplante de órgãos ou de medula óssea. Outras contam com
medicações que melhoram a qualidade de vida dos pacientes.
Referência
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