Com alta de casos, especialista alerta para os
riscos da doença nas crianças de até cinco anos e destaca a importância do
diagnóstico precoce para prevenir complicações
Dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses, do Ministério da Saúde, indicam que em dez estados, incluindo São Paulo, Tocantins e Pernambuco, houve aumento no comparativo de casos de dengue nas primeiras semanas de 2025 em relação ao mesmo período do ano passado.
Em relação à incidência, um dos estados com maior número de casos prováveis por 100 mil habitantes é São Paulo: 190 mil apenas em 2025, um aumento de cerca mais 60% em relação ao mesmo período do ano passado. Acre (5.242), Mato Grosso (13.121), Goiás (17.492) e Minas Gerais (35.734) completam a lista.
Impacto na primeira infância: Uma pesquisa divulgada em 2024, pelo Observa Infância, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), contabilizou 239.402 notificações de casos de dengue em crianças, sendo que 41,8% foram adolescentes de 10 a 14 anos, 33,7% crianças de 5 e 9 anos e 24,5% em menores de 5 anos. Do total de casos, 44,2% das vítimas tinham menos de 5 anos, enquanto a faixa de 5 a 9 anos representa 32,7% e 23,1% das mortes está entre os 10 a 14 a.
O Observa Infância também analisou a letalidade, que mede o número de óbitos em relação ao total de casos, entre as crianças de 0 a 14 anos. Ao avaliar somente os casos confirmados, a letalidade é de 6,7 óbitos para cada 100.000 casos de dengue. Já a taxa de óbitos para os menores de 5 anos é cinco vezes superior (39,3) em comparação com a faixa de 10 a 14 anos (12). A letalidade confirmada em crianças de 5 a 9 anos (21,1) é três vezes maior do que a observada entre os adolescentes de 10 a 14 anos.
Sintomas da dengue em bebês e crianças: a dengue em crianças pode ser, na maioria das vezes, assintomática ou se apresentar como uma virose comum, com sintomas que podem ser confundidos com os de outras infecções. Entre eles estão febre, fraqueza muscular, falta de apetite, náuseas, vômitos, diarreia ou fezes amolecidas.
“É necessário que os pais e responsáveis fiquem atentos aos sinais. Manchas vermelhas na pele, inflamação nos olhos, dor nas articulações, dor ao engolir os alimentos ou beber água também podem ser sintomas de que a criança está com dengue”, ressalta Ramos.
Recomendações: para reduzir a incidência de casos, é importante que os estados, sobretudo os mais afetados, reforcem as medidas de controle dos mosquitos, fortaleçam a capacidade de diagnóstico nos sistemas de saúde e garantam atendimento precoce e adequado aos pacientes para prevenir complicações graves.
Também é essencial manter campanhas de educação em saúde e mobilização das comunidades para reduzir a exposição aos mosquitos transmissores do vírus e eliminar os criadouros.
“A dengue mata. Hoje temos várias formas de diminuir seus riscos, entre elas o uso de repelente e vacinação. Para os bebês, também é indicado o uso de telas protetoras nos berços. No entanto, o principal modo de prevenção ainda é controlar os criadouros e eliminar os focos de água parada”, finaliza Ramos.
Vale
ressaltar que, recentemente, o Ministério da Saúde autorizou estados e o
Distrito Federal a ampliarem o público-alvo da vacina contra a dengue de acordo
com a data de validade das doses em seus estoques. As doses com prazo de
validade de dois meses poderão ser disponibilizadas pelo Sistema Único de Saúde
(SUS) para pessoas de 6 a 16 anos. Já as vacinas com validade de até um mês
estarão disponíveis para pessoas entre 4 e 59 anos.
Núcleo Ciência Pela Infância - NCPI
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