Conselheiro federal Ubiracir Lima esclarece os riscos do clorato e como a substância pode ter contaminado as bebidas gaseificadas
A Coca-Cola anunciou, no final de
janeiro, o recolhimento de lotes de seus produtos em diversos países da Europa,
após testes apontarem a presença de níveis elevados de clorato, um composto
químico que pode oferecer riscos à saúde quando consumido regularmente. A
retirada afeta garrafas e latas de Coca-Cola, Fanta e outras bebidas que foram
distribuídas na Bélgica, Países Baixos, Reino Unido, Alemanha, França e
Luxemburgo desde novembro de 2023.
O clorato é um subproduto de
substâncias usadas em processos de limpeza e desinfecção. De acordo com o
conselheiro federal do Conselho Federal de Química (CFQ), Ubiracir Lima, essa
substância não faz parte da formulação dos refrigerantes, e sua presença nos
produtos pode indicar falhas no processo de fabricação.
“Os cloratos não fazem parte da
formulação de refrigerantes. Caso sejam encontrados resíduos dessa substância,
provavelmente são decorrentes de algum desvio ou acidente no processo de
produção, como a presença em quantidades elevadas na água utilizada para a
limpeza de equipamentos ou embalagens”, explica.
A presença excessiva do clorato
pode representar riscos à saúde, principalmente em casos de consumo prolongado.
“Como qualquer substância química, os limites de exposição ou consumo são
determinados por testes de toxicidade, e, no Brasil, esses limites são
avaliados e aprovados pelos órgãos de saúde. No caso do clorato, verifica-se em
fichas de segurança que a ingestão pode causar danos aos órgãos, como fígado e
rins”, detalha.
Apesar da gravidade do problema,
Lima esclarece que uma única lata ou garrafa contaminada não deve causar
efeitos adversos imediatos, mas a ingestão repetida ao longo do tempo pode
levar a complicações. “Em tese, seria necessária uma quantidade relativamente
elevada da substância para que se observasse um efeito adverso imediato. No
entanto, a ingestão prolongada pode trazer impactos à saúde, como no correto
funcionamento da tireoide pela inibição da absorção de iodo, especialmente em
crianças”, afirma.
Controle de qualidade
A Coca-Cola e as autoridades sanitárias
europeias recomendaram que os consumidores que adquiriram os produtos afetados
evitem o consumo e devolvam as unidades aos pontos de venda. Segundo Ubiracir
Lima, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige que
as empresas sigam normas rigorosas de boas práticas de fabricação, o que inclui
o monitoramento da presença de impurezas.
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