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A felicidade foi sempre um dos grandes temas da
filosofia clássica grega. Há uma melhor vida a ser vivida ou depende do gosto
de cada um escolher qual é o tipo de vida que quer viver? Existe ou não uma
ética por trás da felicidade? Tais perguntas definem o cerne de questões
fundamentais para a existência humana ao longo dos tempos.
Para respondê-las, torna-se necessário entender o
dinamismo da ação humana. Todos nós possuímos um anseio vital por respostas
definitivas. Nisso consistem nossos momentos de trepidação interior, de acordo
com o que Kierkegaard descreve em suas obras.
É preciso ultrapassar os limites da psicologia para
alicerçar nossa discussão numa dimensão do saber que, por ser mais ampla e
profunda, nos dá as respostas de que precisamos: esse é o conhecimento
filosófico.
O estudo da filosofia, tanto no campo da
antropologia como no campo da ética, se depara com perguntas essenciais que nos
remetem ao estudo do ser das coisas e da realidade, a fim de alcançar o
verdadeiro conhecimento e a real sabedoria.
O que nos distingue dos animais e dos demais seres
vivos? Qual é a essência do ser humano? Para identificar o DNA da condição
humana, precisamos reconhecer duas lógicas que direcionam nossas ações.
Elas não são excludentes entre si, mas podem ser
complementares ou opostas. Por um lado, a lógica do interesse próprio é a que
fundamenta a visão de Thomas Hobbes: o homem é o lobo do homem.
Dentro dessa perspectiva, foram estabelecidas
muitas premissas para a atuação individual, como a que determina a atividade
econômica, dando origem à teoria da firma/agência e à teoria dos jogos, que
fala sobre a maximização de retornos.
Por outro lado, há a lógica do dom, que não pode
faltar na perspectiva da ação humana sob pena de reduzir nossas escolhas à
lógica egoísta de pensar apenas em si mesmo. Doar-se significa realizar uma
ação em benefício do outro, revela maturidade e nobreza de caráter, dimensões
da personalidade que potencializam nossa capacidade de realização.
A pessoa egoísta é focada no próprio bem-estar.
Está sempre se apalpando e checando se está ou não satisfeita, se tal coisa lhe
agrada ou desagrada. A solidão interior é seu sofrimento característico.
O egoísta quer as coisas do seu jeito, buscando o
próprio prazer acima de tudo e de todos. Busca a si mesmo numa relação
hipertrofiada com o próprio eu. Esse modo de ser gera sofrimentos subjetivos,
conscientes e inconscientes.
Como sofrimento inconsciente crônico, o não saber
ser feliz. Não sabe o que é a felicidade, pois a busca nos lugares errados.
Como sofrimento consciente essencial, relações interpessoais parasitárias,
causando prejuízos a si mesmo e aos demais.
O egoísta se interessa, acima de tudo, por si
mesmo. Ama-se a si mesmo, e se vê como centro do mundo. Fecha as portas para o
amor – que é, em sua essência, abrir-se, viver para e pelo outro. Tem o coração
cheio de si mesmo e das suas necessidades.
O egoísta não tem amigos; tem companheiros de prazeres
comuns. Não entende o básico de qualquer relação: abertura ao próximo.
Curvando-se sobre si mesmo, é incapaz de ver o real horizonte da vida. Não
percebe sua miséria moral.
O ser humano se realiza na abertura, e não no
fechamento. Aprendamos a desprender-nos do próprio eu: essa é a verdadeira
fonte da felicidade!
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