quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Pesquisa revela custos de R$ 254,5 milhões em internações com partos em adolescentes

Levantamento também revela um aumento constante
no número de partos em adolescentes
 
 
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Dados da Planisa e do DRG Brasil, referentes ao período de 2022 a 2024, reforçam a tendência de aumento de partos e da taxa de cesáreas entre adolescentes

 

A gravidez é um evento significativo na vida de uma mulher e de sua família, mas quando ocorre na adolescência, ela pode trazer desafios ainda maiores. A condição de vulnerabilidade da adolescente, somada à necessidade de conciliar uma fase de transformações naturais com a responsabilidade de cuidar de um bebê, provoca mudanças profundas que impactarão a vida de ambos de forma definitiva. De 1° a 8 de fevereiro, a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência é marcada pela conscientização dos impactos da gestação precoce, que traz implicações para a vida das jovens mães, de suas famílias, para o desenvolvimento dos filhos e o sistema de saúde como um todo. 

Um estudo inédito realizado pela Planisa (líder em soluções para gestão de custos na saúde na América Latina) e pelo DRG Brasil, com dados de 442 hospitais brasileiros, públicos e privados, e 633.705 altas hospitalares no período de 2022 a 2024, concluiu que 5,32% dos casos envolveram adolescentes de 12 a 18 anos, gerando um custo aproximado de R$ 254,5 milhões em internações. O levantamento revela, ainda, um aumento constante no número de partos em adolescentes: em 2022, a taxa foi de 4,66%; em 2023, subiu para 5,32%; e em 2024, atingiu 5,75%.

 

Alerta para DST’s e eventos adversos 

Outro dado da pesquisa é a alta incidência de sífilis em gestantes adolescentes: 3,36%, contra 1,61% entre gestantes adultas. 

Além disso, os índices de eventos adversos e eventos adversos graves são significativamente mais elevados entre as mães adolescentes. O estudo apontou 21,63% de eventos adversos e 6,21% de eventos adversos graves nas adolescentes, comparado a 13,38% e 4,31%, respectivamente, entre as mães adultas. Os eventos adversos são complicações indesejadas decorrentes do cuidado prestado aos pacientes, não atribuídas à evolução natural da doença de base. Já os eventos adversos graves incluem qualquer ocorrência médica que resulte em morte, ameace a vida, exija hospitalização ou prolongamento da internação, cause incapacidade persistente ou significativa, anomalias congênitas, ou efeitos clinicamente importantes. 

“Esses fatores resultam em maior tempo de internação e, consequentemente, aumentam os custos hospitalares para o sistema de saúde”, explica o diretor de Serviços da Planisa e especialista em custos hospitalares, Marcelo Tadeu Carnielo.

 

Índice de prematuridade

O levantamento mostra um índice de prematuridade de 12,55% entre mães adolescentes, contra 11,43% entre mães adultas. A permanência hospitalar dos recém-nascidos prematuros também foi maior: 4,6 dias para os bebês de mães adolescentes, contra 3,9 dias para os bebês de mães adultas. “Esses fatores agravam ainda mais os custos hospitalares, pois a maior incidência e a maior permanência de recém-nascidos prematuros aumentam os custos e pressionam o sistema de saúde”, salienta Carnielo. 

De acordo com relatório publicado em 2018 pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a taxa mundial de gravidez na adolescência é estimada em 46 nascimentos para cada mil jovens entre 15 e 19 anos. Na América Latina e no Caribe, essa taxa sobe para 65,5 nascimentos por mil adolescentes. No Brasil, um estudo de 2020 do Ministério da Saúde indicou que 14% de todos os nascimentos ocorreram em mães com até 19 anos. 

Dentre essas mães adolescentes, 69% são negras ou pardas, e 66% das gestações são indesejadas. A gravidez precoce eleva o risco de morte tanto para a mãe quanto para o bebê, além de aumentar as chances de prematuridade. 

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no ano passado, mostram que, em 2023 (período da análise), 23,1% das dos jovens de 14 a 29 anos abandonaram os estudos por conta da gravidez. 

“Programas de prevenção à gravidez, com acesso a informações, educação e serviços de saúde, são essenciais para promover uma gestação consciente. Além disso, é fundamental adotar uma abordagem acolhedora e livre de preconceitos para as mães adolescentes, pois esses fatores são primordiais para o enfrentamento dos desafios da maternidade na adolescência”, conclui Carnielo.

 

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