terça-feira, 21 de janeiro de 2025

O que toda mulher precisa saber sobre alterações na memória durante o climatério?

 

A transição para a menopausa, período denominado climatério, é um momento de profundas transformações na vida da mulher. Entre as diversas manifestações desse período, as alterações na memória e na concentração se destacam por seu impacto na qualidade de vida e no bem-estar emocional.

Muitas mulheres relatam lapsos de memória, dificuldade para realizar multitarefas, e atenção diminuída. Estudos indicam que mais de 60% das mulheres nessa fase têm queixas relacionadas à cognição. 

Embora a sintomatologia do climatério seja individualizada, há várias alterações que podem acometer a mulher nesta fase, como fogachos (ondas de calor), secura vaginal, alterações da pele, irritabilidade, fadiga, depressão, problemas cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes, osteoporose, dislipidemia, além de situações de estresse, como por exemplo ter de lidar com problemas de filhos, “síndrome do ninho vazio”, sensação de envelhecimento, problemas conjugais e profissionais.

A ciência ainda não explicou totalmente as razões dessas alterações cognitivas, todavia os sintomas coincidem com a deficiência de estrogênio, hormônio que desempenha função em circuitos cerebrais relacionados à memória e à atenção, e sua ausência pode aumentar o risco de doenças neurológicas cognitivas na mulher que está envelhecendo.

Quando uma mulher busca orientação médica para essas queixas, o primeiro passo do profissional deve ser afastar ou tratar três condições prevalentes nessa etapa da vida que podem piorar os problemas de memória: insônia, ansiedade e depressão. Essas condições são mais frequentes nas mulheres e requerem atenção adequada.

É fundamental que ginecologistas, geriatras e clínicos conscientizem suas pacientes de que esses sintomas são corriqueiros e manejáveis. Embora a terapia de reposição hormonal (TRH) não seja indicada especificamente para problemas de memória, ela pode ser usada com critério, dentro da chamada “janela de oportunidade ou terapêutica”, para aliviar sintomas relacionados ao hipoestrogenismo e melhorar a memória e, consequentemente, a qualidade de vida.

Além disso, como em todas as fases da vida, é importante estimular atividades físicas e mentais, assim como o tratamento das condições já citadas, para redução do risco cardiovascular, juntamente com alimentação equilibrada, controle do peso e cessação do tabagismo.

Não há motivo para pânico, mas é fundamental que as mulheres compreendam a importância de uma boa avaliação médica. Saber identificar e tratar fatores de risco, ao mesmo tempo em que se promove um envelhecimento ativo, é o caminho para minimizar o impacto das alterações na memória e na concentração.

Com as orientações adequadas, o climatério pode ser enfrentado com serenidade e confiança, permitindo às mulheres viverem essa fase da vida com plenitude e bem-estar.

 

 Dr. Luiz Antônio Sá - professor de Clínica Médica, Geriatria e Gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR).


*O conteúdo dos artigos assinados não representa necessariamente a opinião do Mackenzie.

 

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