Apesar de ganhar destaque nas redes sociais, a inseminação caseira apresenta
riscos à saúde, desafios legais e emocionais, sendo contraindicada por órgãos
de saúde como a Anvisa.
Nos últimos dias, a inseminação caseira viralizou como um método alternativo
para mulheres que desejam engravidar. O procedimento, que envolve a introdução
do sêmen na vagina utilizando seringas ou dispositivos similares, pode parecer
uma solução simples e acessível, mas especialistas alertam para os riscos à
saúde e à segurança legal dessa prática.
De acordo com a Dra. Graziela Caneo, ginecologista e obstetra
especialista em reprodução humana da La Vita Clinic, e o Dr. Alfonso
Massaguer, ginecologista e especialista em reprodução humana, a
inseminação caseira apresenta sérias limitações: “A ausência de controle
sanitário, exames prévios e orientação profissional pode levar a complicações
graves, tanto para a mulher quanto para o futuro bebê”, explica a Dra.
Graziela.
O que é inseminação caseira e como é realizada?
A inseminação caseira é a colocação do sêmen dentro da vagina com o objetivo de engravidar, realizada fora de uma clínica ou hospital. “Comumente, o procedimento envolve a coleta de sêmen por masturbação ou em ato sexual com preservativo, seguida da colocação desse sêmen no fundo da vagina utilizando seringa ou outro dispositivo durante o período fértil”, explica o Dr. Alfonso Massaguer.
Por ser um procedimento não médico, não há garantia de segurança quanto à realização de exames prévios, o que pode expor a mulher a riscos, como infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e outras complicações. Além disso, podem surgir questões legais relacionadas à paternidade e direitos vinculados ao futuro bebê.
Os principais riscos para a saúde da mulher incluem infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), reações alérgicas a materiais não esterilizados e alterações hormonais. “Pode também ocorrer contaminação do sêmen durante a manipulação, o que aumenta o risco de doenças bacterianas”, alerta o Dr. Alfonso. Para o bebê, o procedimento em si não traz riscos diretos, mas pode haver complicações secundárias a infecções maternas e problemas genéticos pela falta de triagem do doador.
A inseminação caseira não é recomendada pela ANVISA e por nenhum outro órgão público ou conselho médico devido à falta de controle sobre a segurança sanitária do procedimento. “A utilização de materiais não esterilizados e a ausência de acompanhamento médico colocam em risco a saúde da mulher e do bebê, além de gerar implicações legais”, reforça a Dra. Graziela.
Por ser um procedimento sem regulamentação, pode gerar disputas jurídicas envolvendo a paternidade e os direitos legais relacionados ao bebê. O Dr. Alfonso alerta: “A falta de contratos e orientação jurídica pode resultar em conflitos, como o doador mudar de ideia e querer participar da vida da criança, ou a mãe enfrentar dificuldades para garantir seus direitos”.
Os médicos reforçam que existem alternativas seguras e acessíveis para casais
ou mulheres que buscam métodos de reprodução assistida, mas enfrentam
limitações financeiras. “Sim, alternativas mais acessíveis incluem clínicas
privadas que oferecem serviços de reprodução assistida a baixo custo, projetos
universitários e até mesmo o SUS”, explica a Dra. Graziela. “Os custos desses
procedimentos estão cada vez menores e mais acessíveis à população”,
complementa o Dr. Alfonso.
Dados Relevantes
De
acordo com um levantamento recente, as buscas por inseminação artificial sob
supervisão médica ainda superam significativamente as por inseminação caseira.
Em 2024, a proporção de pesquisas no Brasil foi de aproximadamente 10 para cada
1 relacionada ao método caseiro.
No
entanto, o interesse pela inseminação caseira tem crescido. Em 2023, as buscas
sobre o tema aumentaram 80% em relação ao ano anterior, ultrapassando em 13% o
recorde registrado em 2021.
Embora a inseminação caseira seja retratada como uma solução fácil, é essencial priorizar a segurança e o acompanhamento profissional. Buscar alternativas seguras é a melhor forma de garantir a saúde da mulher e do bebê, além de evitar complicações legais e emocionais.
Dr. Alfonso Massaguer CRM 97.335 - Ginecologista especialista em Reprodução Humana. Médico pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP); Ginecologista e Obstetra pelo Hospital das Clínicas; Diretor clínico da MAE (Medicina de Atendimento Especializado) especializada em reprodução assistida, Foi professor responsável pelo curso de reprodução humana da FMU por 6 anos, Membro da Federação Brasileira da Associação de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); Membro das Sociedades Catalãs de Ginecologia e Obstetrícia e Americana de Reprodução Assistida (ASRM); Diretor técnico da Clínica Engravida; utor de vários capítulos de ginecologia, obstetrícia e reprodução humana em livros de medicina, com passagens em centros na Espanha e Canadá.
Dra. Graziela Canheo - CRM 145288 | RQE 68331 - Ginecologista e Obstetra Reprodução Humana. Médica Graduada pela Universidade Metropolitana de Santos (2010); Residência médica em ginecologia e obstetrícia pelo Hospital do Servidor Público Estadual do Estado de São Paulo (2013); Título de Qualificação em Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia pela ABPTGIC (2014); Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (2015); Fellowship em Reprodução humana pelo Instituto Idéia Fértil de Saúde Reprodutiva (2014 – 2016); Pós-graduação em videolaparoscopia e histeroscopia pelo Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (2018 – 2019); Membro das principais sociedades nacionais e internacionais da área da Ginecologia e Reprodução Humana; Diretora técnica Diretora da La Vita Clinic
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