terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Hanseníase: entenda porque a doença ainda é um desafio no Brasil

Especialistas do CEJAM abordam sintomas, tratamentos e como buscar ajuda gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

 

O Brasil é o segundo país com mais casos de hanseníase no mundo, ficando atrás apenas da Índia, de acordo com o Ministério da Saúde. A doença, causada pela bactéria Mycobacterium leprae, afeta a pele e nervos periféricos, podendo causar incapacidades físicas se não tratada. 

Entre os sintomas mais comuns estão manchas na pele que podem variar de esbranquiçadas a avermelhadas ou amarronzadas e, geralmente, apresentam também a perda de sensibilidade ao toque, calor, frio ou dor. Em alguns casos, surgem caroços, e, nos estágios mais avançados, pode haver fraqueza muscular e deformidades. 

Mesmo tendo cura, o quadro carrega consigo um estigma que transcende séculos e deixa marcas emocionais e sociais. Hoje, muitos pacientes diagnosticados ainda enfrentam preconceito e discriminação.
 

"A hanseníase é uma doença complexa. É fundamental adotar uma visão mais ampla ao tratá-la, levando em consideração não apenas os aspectos biológicos, mas também suas implicações na vida das pessoas afetadas e as dimensões psicológicas e sociais. Só assim é possível proporcionar um atendimento integral e humanizado aos pacientes", afirma Dra. Flávia Rosalba, dermatologista do Hospital Dia Campo Limpo, gerenciado pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP). 

Sentimentos como ansiedade, baixa autoestima, vergonha, culpa, necessidade de se isolar e depressão podem ser experienciados por pacientes com hanseníase. Essas emoções podem se tornar grandes barreiras ao tratamento, uma vez que alguns pacientes hesitam em buscar ajuda por medo. 

“No entanto, o tratamento é crucial para interromper a transmissão. Todo o cuidado é realizado com medicações em comprimidos, disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, explica a médica. 

Outro desafio é o diagnóstico tardio da doença. A especialista enfatiza que a regularidade das consultas dermatológicas pode fazer uma grande diferença nesse aspecto, proporcionando uma análise precoce e evitando possíveis complicações de saúde.
 

Cuidado psicológico como parte necessária do tratamento

A reabilitação física e emocional deve andar de mãos dadas, com ações integradas. Assim, o cuidado psicológico é uma parte essencial do tratamento da hanseníase, por conta de todo o impacto que a doença pode acarretar à saúde mental. 

"O acompanhamento em psicoterapia é uma forma de trabalhar a aceitação e ressignificação do diagnóstico com o paciente", complementa Ana Paula Ribeiro Hirakawa, psicóloga que atua no CER IV M'Boi Mirim, gerenciado pelo CEJAM em parceria com a SMS-SP. 

Ela explica que o suporte psicológico pode incluir terapias individuais e, principalmente, atividades em grupo que abordem questões de autoestima, enfrentamento e reinserção social. Nesse sentido, os grupos de apoio podem ser um reforço a mais. 

Já o suporte social, inclui orientações de assistentes sociais, que podem direcionar a pessoa para programas governamentais e comunitários para inclusão e reintegração.
 

SUS oferece suporte

A Unidade Básica de Saúde (UBS) é a porta de entrada para o cuidado dos pacientes com hanseníase. Ela dispõe de uma equipe multiprofissional que auxilia no diagnóstico, realizando os encaminhamentos necessários para centros especializados de hanseníase e reabilitação, além de também oferecer o tratamento. 

A terapia, um recurso importante para o apoio a esses pacientes, também pode ser acessada gratuitamente a partir da UBS mais próxima. As unidades gerenciadas pelo CEJAM, por exemplo, possuem uma linha de cuidado dedicada exclusivamente à saúde mental, que faz toda a diferença no acolhimento e cuidado dessas pessoas.




CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial


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