Jeff Alan por Shilton Araújo |
Visitada por mais de 100 mil pessoas, a mostra gratuita que
já passou por Olinda, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza, traz a São
Paulo 40 obras que retratam as feições, texturas e tons retintos de personagens
reais da periferia do Recife
Visita mediada com o curador Bruno Albertim: dias 04/02, às
14h e 05/02, às 10h
A CAIXA Cultural
São Paulo apresenta, de 06 de dezembro de 2024 a 09 de fevereiro de 2025, a
exposição individual “Comigo Ninguém Pode - A pintura de Jeff Alan”, com 40
obras do artista visual pernambucano que destacam os traços e biotipos de
crianças, jovens e adultos negros que entrecruzam o caminho do artista. Na
programação também estão previstas visitas mediadas e uma oficina. O projeto
tem patrocínio da CAIXA e do Governo Federal, curadoria do antropólogo Bruno
Albertim e realização da Fervo Projetos Culturais.
Com pinturas
expostas na França e na Inglaterra e uma residência artística em Portugal, Jeff
Alan desponta como um dos principais nomes das artes visuais contemporâneas
brasileiras. Comigo ninguém pode, sua mais nova exposição individual, estreou
em Olinda e já passou por Recife, Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza, com um
público de mais de 100 mil pessoas.
“Comigo Ninguém
Pode é uma planta que me acompanha toda a vida, em todas as casas onde minha família
morou. Eu a encontro com muita facilidade nas ruas do meu bairro e ela aparece
na exposição como forma de memória, de proteção, e principalmente como um
grito, um grito de quem se levanta todo santo dia, vai pra batalha e diz:
´Comigo Ninguém Pode!´. Isso me encoraja a acreditar nos meus sonhos e viver
deles”, explica o artista.
Daltônico, Jeff
pinta desde a infância, motivado por sua mãe, Lucilene Mendes. Começou nas
ruas, tendo como suporte os grafites. “Eu costumava pintar em preto e branco,
passei a inserir as cores no meu trabalho um pouco antes da pandemia, aí na
série Olhar Para Dentro comecei a fazer vídeos e fotos das pessoas pretas, que
depois se transformaram nas pinturas”, conta ele. Seu trabalho figurativo, de
dimensões diversas, em acrílica sobre tela e desenho sobre papel, dão
visibilidade às histórias e rostos dos moradores de sua comunidade no bairro do
Barro, zona oeste da cidade do Recife. Personagens negros reais, de seu
convívio, que são fotografados e depois pintados em cores saturadas e
contrastadas.
“Quando ele pinta
esses rostos, ele faz um trabalho de reescrita na história da arte brasileira.
Se, como Gilberto Gil canta, ´a felicidade do negro é uma felicidade
guerreira´, Jeff Alan põe em decomposição a figura do preto de subalternidade
degradante naturalizado por Debret. Ao trazer seus contemporâneos, quase sempre
tão periféricos porque pretos, quase sempre pretos porque periféricos, para o
centro não apenas da composição, mas a lugares sociais historicamente negados,
ele está pintando não apenas os personagens que estão ali, mas também todas as
pessoas que os antecedem e que os sucedem”, analisa o antropólogo Bruno
Albertim, que assina a curadoria da exposição.
Para o artista, seu trabalho se comunica de forma direta com
a população preta: “Quero que essas obras sejam vistas como espelhos, que
possam despertar o sentimento de pertencimento”, diz ele. Animado a voltar a
São Paulo, seu “primeiro destino de avião, o primeiro lugar onde levei minha
arte”, ele conta que retornar à cidade com uma exposição individual em um
equipamento de grande porte tem um sentido ainda mais especial: “É algo muito
potente. Penso em fazer uma intervenção na Praça da Sé, falar sobre sonhos,
abordar as pessoas que estão em situação de rua, que também são meu público na
exposição”, diz ele. Fã dos Racionais Mc´s, sua obra “Recomeços” é inspirada na
música “Um homem na estrada”. Outra se chama “Lave o rosto nas águas sagradas
da pia, nada como um dia após o outro dia”, trecho da música “Jesus
Chorou”.
Serviço:
[Artes visuais] Exposição “Comigo Ninguém Pode – A pintura
de Jeff Alan”
Local: CAIXA Cultural São Paulo - Praça da Sé, 111 – Centro
– São Paulo/SP (próxima à estação Sé do Metrô).
Datas: De 6 de dezembro de 2024 a 9 de fevereiro de 2025.
Abertura com a presença do artista: dia 6 de dezembro,
sexta, às 11h
Visitas mediadas com o artista: dias 14 de dezembro e 18 de
janeiro de 2025, às 11h
Oficina com o artista: dia 17 de janeiro de 2025, às 14h
Visita mediada com o curador Bruno Albertim: dias 04 de
fevereiro de 2025, às 14h e 05 de fevereiro de 2025, às 10h
Horário de visitação: De terça a domingo, das 9h às
18h.
Entrada Franca
Classificação indicativa: Livre para todos os públicos.
Acesso a pessoas com deficiência
Informações: (11) 3321-4400 | https://www.caixacultural.gov.br
Patrocínio: CAIXA e Governo Federal
Realização: Fervo Projetos Culturais
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