Excesso de telas e redes sociais ameaçam saúde emocional dos brasileiros

Especialista da Hapvida NotreDame Intermédica aponta que o equilíbrio é a chave para evitar problemas no mundo digital

 

Os brasileiros estão cada vez mais conectados. Segundo o relatório Global Digital 2024, o país ocupa o segundo lugar no ranking mundial de tempo gasto na internet, com uma média diária de 9h13, atrás apenas da África do Sul, que registra 9h24. Nas redes sociais, o Brasil é o terceiro colocado globalmente, com usuários dedicando, em média, 3h37 por dia a essas plataformas. Esse comportamento acende um alerta para a saúde mental. 

O consumo exagerado de redes sociais e o tempo prolongado em frente às telas estão diretamente associados ao aumento de casos de ansiedade, depressão e outros transtornos emocionais. 

O psicólogo da Hapvida NotreDame Intermédica, Carol Costa Júnior, explica que o problema surge principalmente quando o uso da tecnologia substitui momentos importantes de interação social, autocuidado e descanso. “Se você não consegue ficar três minutos sem olhar a tela do celular ou ter que fazer o uso dele, então você já pode estar sofrendo de um transtorno. Existem casos de dependência, considerados mais graves, nos quais pessoas ficaram sem beber água ou sem se alimentar durante 48 horas ou mais pelo fato de estarem consumindo tela”. 

Ele salienta que durante o uso das telas há uma descarga muito grande de adrenalina e noradrenalina, os neurotransmissores responsáveis pelo prazer, como dopamina, acetilcolina e serotonina. “Todos ali estão trabalhando para que aquilo dê uma descarga de prazer que vai se tornar viciante. Isso faz com que você fique repetindo e precise de doses cada vez maiores, o que causa ansiedade”, afirma o psicólogo. 

O profissional destaca ainda que, por ficar muito tempo em frente às telas, a pessoa acaba deixando de lado a socialização, o que pode impactar no desenvolvimento de crianças e afetar adolescentes. 

No entanto, o especialista ressalta que a tecnologia, se usada de forma equilibrada, nem sempre é vilã e pode ser uma aliada da saúde. “Existe, sim, um mundo virtual e a gente não tem como burlar isso e ir contra o progresso. Mas é importante que haja uma educação no sentido de equilibrar as coisas”, avalia Costa Júnior.

 

Prevenção

Neste mês, em que acontece a campanha Janeiro Branco para conscientizar a população sobre a importância da saúde mental, o especialista da Hapvida reforça que a moderação e a adoção de práticas saudáveis são fundamentais “para ter uma boa saúde mental e saber equilibrar os momentos virtuais dos momentos reais. E lembrar que seres humanos se tocam, interagem, conversam, coexistem num mundo que jamais deixará de ser real”, pontua. 

Confira algumas dicas de como usar (e pausar) com responsabilidade as telas:

Estabeleça limites de tempo: aplicativos de monitoramento podem ajudar no controle do tempo gasto com as telas.

Desconecte-se: reserve momentos do dia para ficar longe das telas, como durante refeições e antes de dormir.

Priorize atividades livres de internet: invista em hobbies, lazer, esportes e encontros presenciais com amigos e familiares.

Consuma conteúdo de forma consciente: faça uma curadoria do que você vê e evite seguir perfis que provoquem comparação ou sensações negativas.

Fique atento à sua saúde: se o uso da internet começar a prejudicar o sono, os relacionamentos ou gerar sintomas de ansiedade, pode ser hora de buscar ajuda profissional.