quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Retinopatia diabética: acesso e adesão aos tratamentos são essenciais para evitar a perda da visão

Detecção precoce e evita a doença ocular que afeta um em cada três pacientes com diabetes 

 

O diabetes é uma doença crônica que afeta cerca de 17 milhões de pessoas no Brasil1 e somos quinto país com maior incidência desta condição. Já é sabido que a conscientização das pessoas sobre as complicações graves decorrentes do diabetes, mal ou pouco controlado, pode evitar as consequências comuns como a retinopatia diabética (RD) e o edema macular diabético (EMD). 

Uma das principais causas de cegueira evitável no mundo, a retinopatia diabética é caracterizada por lesões nos vasos sanguíneos que nutrem a retina – camada de tecido transparente, na parte posterior do olho, que transmite a luz para o cérebro por meio do nervo óptico –, que ocorrem quando os níveis de glicose no sangue estão elevados. Após 20 anos de convívio com o diabetes, estima-se que 90% dos que tem o tipo 1 e 60% do tipo 2 terão algum grau de retinopatia diabética.2 

Só no Brasil, a retinopatia diabética afeta um a cada três indivíduos diabéticos, se consolidando, hoje, como uma das principais causas de perda de visão em pessoas entre 20 e 75 anos, sendo um dos maiores desafios para a saúde ocular no país. 

O edema macular diabético, por sua vez, caracterizado pelo inchaço da mácula, área central da retina responsável pela visualização de detalhes, é uma consequência da retinopatia diabética. Estima-se que 10% das pessoas com retinopatia diabética podem desenvolver edema macular diabético 7-8. Dados sobre a doença indicam que uma em cada 14 pessoas com diabetes tem edema macular diabético e mais de 28 milhões de pessoas convivem com a condição no mundo – a estimativa é que o diabetes afete cerca de 463 milhões de pessoas globalmente.3.

 

Doença silenciosa 

O tratamento precoce tanto da retinopatia diabética como do edema macular é fundamental para prevenir danos à saúde ocular. “Muitos pacientes só procuram ajuda médica quando começam a perceber sintomas como embaçamento ou manchas escuras na visão. A retinopatia diabética pode ser silenciosa em suas fases iniciais, o que faz com a janela de oportunidade para o tratamento precoce seja perdida em muitos casos”, afirma o oftalmologista Osias Francisco de Souza, professor da Unicamp e presidente da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. 

A visita regular ao oftalmologista, juntamente com o controle rigoroso da glicemia – além da pressão arterial e do colesterol, são fundamentais para evitar a instalação e eventuais progressões das condições.2  

 

Opções de primeira e segunda linha para o tratamento 

Entre os recursos terapêuticos estão a fotocoagulação a laser; a aplicação de antiangiogênicos, substâncias que inibem uma proteína chamada VEGF (fator de crescimento vascular endotelial, em português), responsável pela proliferação de vasos anormais; a cirurgia de vitrectomia, que consiste na retirada e substituição de parte ou da totalidade do vítreo do olho, um fluido gelatinoso e transparente que preenche quase todo o globo ocular; e o uso intra-vítreo de medicações à base de corticoide, uma opção de tratamento que pode ser aplicado em casos em que a terapia com agente anti-VEGF não atinge resultados satisfatórios, algo que acontece com cerca de 50%5 das pessoas em tratamento para o edema macular. 

O Protocolo Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) – documento que estabelece as melhores práticas para o diagnóstico e tratamento de diversas doenças, garantindo que os pacientes recebam cuidados de qualidade, baseados em evidências científicas – da retinopatia diabética está em processo de atualização e espera-se que seja publicado em breve para que a população tenha acesso a opções de tratamento atualizadas.

 

Adesão é um desafio 

A adesão aos tratamentos de condições como a retinopatia diabética pode ser um desafio, sendo que diversos fatores podem comprometê-la, como 4:

  • Falta de conhecimento sobre a doença: muitos pacientes não compreendem a gravidade da retinopatia e a importância do tratamento;
  • Acesso limitado a serviços de saúde: em regiões remotas, o acesso a oftalmologistas e tratamentos especializados é restrito;
  • Aspectos socioeconômicos: o custo dos tratamentos e a falta de suporte financeiro dificultam a adesão;
  • Barreiras geográficas: A distância até os centros de tratamento pode dificultar o acompanhamento regular;
  • Apoio social: A falta de incentivo familiar e social pode desmotivar os pacientes.

Para o futuro, as perspectivas para o tratamento da retinopatia diabética são promissoras. "Acredito que, em alguns anos, os recursos terapêuticos passem pela personalização do tratamento e por novas terapias genéticas e celulares que já estão em desenvolvimento", revela Souza. "A incorporação de ferramentas de inteligência artificial já é uma realidade, que pode ajudar desde o diagnóstico até a classificação da gravidade do problema. " 

Independentemente do cenário promissor, é de grande relevância conscientizar a população diabética sobre a importância da atenção e controle contínuos da condição para evitar as graves complicações decorrentes dela e garantir uma boa qualidade de vida aos pacientes.




AbbVie em Oftalmologia
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Referências 

1 https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/setembro/saude-realiza-pesquisa-inedita-para-prevenir-diabetes-no-pais#:~:text=O%20Brasil%20é%20o%205º,Índia%2C%20Estados%20Unidos%20e%20Paquistão. Acesso em 25/9/24 

2 Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Retinopatia Diabética. Conitec, 2021

3 Retinal diseases: management and challenges. Abbvie

4 Knowledge of diabetic patients users of the Health Unic System about diabetic retinopathy. Rev Bras Oftalmol.2019;78(2):107-111

5 Somani, S., Koushan, K., Shah-Manek, B., Mercer, D., Kanagenthiran, T., Zhao, C., & Alobaidi, A. (2024). Characteristics and Treatment Patterns of Patients with Diabetic Macular Edema Non-Responsive to Anti-Vascular Endothelial Growth Factor Treatment in Ontario, Canada. Clinical Ophthalmology 2023:17 2013–2025. Link.

6  Link. Acesso em 26/9/24.

7 Klein, R., Klein, B. E., Moss, S. E., & Cruickshanks, K. J. (1995). The Wisconsin Epidemiologic Study of Diabetic Retinopathy. Ophthalmology, 102(1), 7-16. https://doi.org/10.1016/S0161-6420(95)31073-8

8 Yau, J. W. Y., Rogers, S. L., Kawasaki, R., Lamoureux, E. L., Kowalski, J. W., Bek, T., ... & Wong, T. Y. (2012). Global prevalence and major risk factors of diabetic retinopathy. Diabetes Care, 35(3), 556-564. https://doi.org/10.2337/dc11-1909


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