sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Profissionais da música são mais suscetíveis à perda auditiva; especialista explica como se prevenir

No Brasil, a estimativa é que haja cerca de 500 mil pessoas, entre músicos, compositores, arranjadores, produtores e técnicos de som, que atuam regularmente em ambientes com altos níveis de ruído e demandam atenção redobrada 

 

Os profissionais da música estão constantemente expostos a ambientes de altos níveis sonoros, o que pode trazer sérios riscos para a saúde auditiva. Estudo publicado em 2023, pela Revista Foco (Interdisciplinary Studies Journal), aponta que esse perfil de trabalhador (que, no Brasil, é estimado em cerca de 500 mil pessoas) tem uma prevalência significativamente maior em comparação com a população geral. Nesse universo, incluem-se músicos, compositores, arranjadores, produtores e técnicos de som, que atuam regularmente em ambientes com altos níveis de ruído.

A razão, conforme o otorrinolaringologista Dr. José Ricardo Gurgel Testa, do Hospital Paulista, deve-se justamente às exposições contínuas a sons muito elevados e por períodos prolongados, que são as principais causas de danos auditivos nesses profissionais.

“Esse tipo de exposição pode danificar progressivamente as células da orelha interna, levando a alterações irreversíveis na percepção auditiva, o que pode afetar não só a audição, mas também a concentração e até aumentar a irritabilidade", destaca o especialista.


Cuidados essenciais

Uma das formas mais eficazes de proteger a audição de músicos é o uso de protetores auriculares adequados. Segundo o Dr. Testa, os protetores recomendados são os que possuem filtro acústico com atenuação flat, ou seja, eles atenuam os sons de maneira equilibrada, preservando a qualidade sonora e evitando distorções.

Além dos protetores auriculares, existem outras medidas de precaução que devem ser adotadas pelos músicos. É fundamental que eles cuidem também da saúde geral, pois doenças como hipertensão arterial, diabetes e aumento do colesterol podem agravar problemas auditivos. A exposição a ruídos ambientais comuns, como os do dia a dia em casa ou no lazer, também deve ser controlada.


Exames regulares

O médico enfatiza a importância de exames auditivos regulares para todos os profissionais expostos a ambientes ruidosos de forma contínua. “Os exames audiométricos periódicos devem ser realizados em todos os profissionais que estão envolvidos em atividades com ruídos mais intensos de forma prolongada”, aconselha Dr. Testa. Esses exames permitem a detecção precoce de problemas auditivos, possibilitando um tratamento preventivo eficaz.

Para os músicos que utilizam equipamentos de som ao vivo, os monitores intra-auriculares são uma opção valiosa para proteger a audição sem comprometer a qualidade sonora. Esses dispositivos atenuam os sons de maior intensidade sem distorcer as frequências, proporcionando uma experiência mais próxima do som natural.

“O uso de monitores intra-auriculares atenua os sons mais elevados em potência, sem distorcer, para que eles fiquem mais próximos possíveis do natural”, explica o médico, que abaixo elencou as principais recomendações que os músicos devem levar em conta para ter uma melhor proteção auditiva.


Principais dicas

  1. Use protetores auriculares adequados. Escolha protetores com filtro acústico e atenuação flat para evitar distorções.
  2. Monitore o volume e a exposição ao som. Evite o contato excessivo com níveis elevados de ruído, tanto nos ensaios como nos shows.
  3. Cuide da saúde geral. Mantenha a pressão arterial controlada, monitore o diabetes e o colesterol, já que essas condições podem afetar a audição.
  4. Faça exames auditivos regulares. Realize audiometria periódica para detectar problemas de audição precocemente.
  5. Evite ruídos excessivos fora do trabalho. Tome cuidado com os níveis de som em ambientes como casa e lazer, onde também pode haver riscos para a audição.

Ao adotar essas medidas, os músicos podem proteger sua saúde auditiva e garantir que sua paixão pela música seja sustentável ao longo da carreira.

 

Hospital Paulista de Otorrinolaringologia



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