segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Novembro Roxo: Prematuridade exige atenção redobrada com a saúde respiratória dos bebês

Cerca de 340 mil bebês nascem prematuros por ano no Brasil, enfrentando desafios como apneia, infecções respiratórias graves e a necessidade de cuidados especializados para prevenir complicações pulmonares

 

A cada ano, aproximadamente 340 mil bebês nascem prematuros no Brasil, segundo a ONG Prematuridade.com, colocando o país entre os 10 com maior número de nascimentos prematuros no mundo. Esses recém-nascidos, que chegam ao mundo antes das 37 semanas de gestação, enfrentam uma série de desafios, sendo as complicações respiratórias uma das maiores preocupações.

No contexto do Novembro Roxo, campanha que busca conscientizar sobre a prematuridade e seus impactos, as especialistas Dra. Maura Neves e a Dra. Roberta Pilla, ambas otorrinolaringologistas da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), destacam o papel crucial de cuidados multidisciplinares e atenção especializada para garantir uma evolução saudável a esses bebês.


Por que bebês prematuros são mais vulneráveis a problemas respiratórios?

De acordo com a Dra. Maura, os prematuros, especialmente aqueles nascidos antes de 34 semanas, apresentam pulmões imaturos, ainda incapazes de realizar trocas gasosas eficazes. "Eles possuem menos surfactante, substância essencial para manter os alvéolos pulmonares abertos. Essa imaturidade torna os prematuros mais propensos a condições graves, como a Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) e a apneia da prematuridade, em que há pausas na respiração devido à imaturidade do sistema nervoso", explica.

Além disso, há riscos de displasia broncopulmonar (DBP) e hipertensão pulmonar persistente, que podem levar à necessidade de suporte ventilatório prolongado.


O papel do otorrinolaringologista

Segundo a Dra. Roberta, bebês prematuros também enfrentam desafios respiratórios associados a alterações anatômicas e funcionais das vias aéreas superiores. “Problemas como laringomalácia, obstrução nasal e estenoses são comuns nesses bebês e podem agravar quadros respiratórios", aponta.

O otorrino pode ajudar em diversas áreas, incluindo:

  • Diagnóstico de alterações estruturais das vias aéreas, como estenose subglótica ou fraquezas na laringe;
  • Tratamento de apneias e distúrbios do sono causados por obstruções;
  • Cuidados com traqueostomias, necessárias em casos de suporte ventilatório prolongado;
  • Monitoramento de infecções respiratórias e refluxo gastroesofágico;
  • Acompanhamento auditivo e desenvolvimento da fala, especialmente em bebês que passaram por internações prolongadas ou receberam medicamentos ototóxicos.

Prematuros são mais vulneráveis a infecções respiratórias, como bronquiolite e pneumonia, devido ao sistema imunológico imaturo. “Essas condições tendem a ser mais graves em prematuros, levando a hospitalizações frequentes e, em alguns casos, internações prolongadas", destaca a Dra. Roberta.


Avanços que fazem a diferença

A aplicação de tecnologias, como ventilação de alto fluxo e CPAP, combinadas com imunização passiva por meio do palivizumabe, têm reduzido as complicações respiratórias graves. "A vacinação contra o vírus sincicial respiratório (VSR) é essencial para prevenir infecções graves em prematuros de alto risco", reforça a Dra. Maura.


Como os pais podem proteger a saúde respiratória dos prematuros?

As especialistas destacam algumas medidas essenciais:

  • Prevenção de infecções: Limitar visitas, evitar contato com pessoas doentes e lavar as mãos frequentemente;
  • Amamentação: O leite materno fortalece o sistema imunológico e protege contra infecções;
  • Ambiente seguro: Garantir ventilação adequada sem correntes de ar diretas e manter a temperatura ideal;
  • Manter a vacinação em dia: Além do calendário regular, incluir vacinas adicionais, como contra gripe, pneumococo e VSR.


Sinais de alerta

Os pais devem procurar acompanhamento médico se perceberem:

  • Ruídos ou pausas na respiração;
  • Infecções frequentes nos ouvidos;
  • Dificuldade para mamar ou engolir;
  • Desenvolvimento atrasado da audição ou fala.

“Com os avanços tecnológicos e os cuidados adequados, muitos prematuros conseguem superar os desafios iniciais e alcançar um desenvolvimento saudável", concluem as especialistas.



Dra. Maura Neves – Otorrinolaringologista. Formação: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Graduado em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP. Residência médica em Otorrinolaringologia no Hospital das Clinicas Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP. Fellowship em Cirurgia Endoscópica Nasal no Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP. Título de especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial - ABORL-CCF. Doutorado pelo Departamento de Otorrinolaringologia do Hospital das Clinicas Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP



Dra. Roberta Pilla - Otorrinolaringologia Geral Adulto e Infantil. Laringologia e Voz. Distúrbios da Deglutição; Via Aérea Pediátrica. Médica Graduada pela PUCRS- Porto Alegre/ Rio Grande do Sul (2003). Pesquisa Laboratorial em Cirurgia Cardíaca na Universidade da Pensilvania – Philadelphia/USA (2004). Título de Especialista em Otorrinolaringologia pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (2009). Mestrado em Cirurgia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS- Porto Alegre/RS) (2012-2016). Membro da Diretoria da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial (ABORLCCF) (2016). Membro do Comitê de Educação Médica Continuada da ABORLCCF (2017-2022)
2019-2020: Presidente do Comitê de Educação Médica Continuada da ABORLCCF
2021- 2022: Secretaria Comitê de Educação Médica Continuada da ABORLCCF



Nenhum comentário:

Postar um comentário