terça-feira, 19 de novembro de 2024

IA permite análise integrada e melhor diagnóstico do câncer de próstata

 Avanços vão garantir detecção da doença com mais agilidade e tratamentos menos invasivos

 

A expectativa de vida do homem brasileiro subiu para 73,1 anos, conforme estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicada em agosto deste ano. Os dados mostram melhoras em diversos indicadores, mas por outro lado elevam os cuidados com a saúde masculina, especialmente em relação ao câncer de próstata. O envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida fazem com que o número de homens mais velhos cresça ao longo dos anos, aumentando o risco para o câncer de próstata, já que a idade é um dos principais fatores associados ao desenvolvimento do tumor, além do histórico familiar de câncer de próstata também é um fator de risco, além do sobrepeso, obesidade, tabagismo e exposição a produtos químicos. 

Conforme o médico urologista e docente do curso de Medicina do Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ), Dr. Lucas Mira Gon, é fundamental entender o envelhecimento da população e como isso traz cada vez um impacto maior para a doença e seu tratamento. Dados do INCA de 2023 apontaram que o número de mortes por ano causadas pelo tumor deve aumentar em 85% ao longo de 20 anos, passando de 375 mil mortes, em 2020, para quase 700 mil mortes até 2040. No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. 

E o que tem sido positivo são as pesquisas e avanços no tratamento. Um deles, um estudo sueco publicado no passado após 19 anos de acompanhamento de pacientes, apresentou uma redução de mortalidade em 52%, e de 54% de diagnóstico em doença metastática, em homens que fizeram rastreio com PSA, o que mostra que o tumor de próstata é um tumor que evolui lentamente na maioria dos casos, e eleva a importância de se fazer o diagnóstico precoce, especialmente em homens acima dos 45 anos. “Os avanços no diagnóstico e nas modalidades de tratamento garantem uma qualidade de vida e uma sobrevida para as pessoas. Ao mesmo tempo, com diagnóstico em fases iniciais, os médicos ficam em melhores condições para classificar a doença. Em algumas situações, podemos ter uma doença de baixo risco de progressão e que pode ser acompanhada”, explica o médico urologista, Dr. Lucas Mira Gon. 

Este é um papel do screening, ou seja, uma investigação rotineira do câncer de próstata, exame que pode ajudar a identificar a doença logo em seu início, aumentando assim a chance de sucesso no tratamento, recomendado pela Sociedade Brasileira de Urologia. “Dessa forma conseguimos selecionar melhor os pacientes que precisam fazer exames como a biópsia e assim fazer o diagnóstico mais preciso”, explica. Segundo ele, esse exame estratifica o risco numa tentativa de diminuir a morbidade do tratamento e dos exames. Lucas Gon relata ainda que com os avanços, o número de biópsias desnecessárias diminuiu, uma vez que no passado só havia o recorte do PSA total, o que levava a uma série de biópsia sem necessidade.” Atualmente, com mais refinamentos nas análises, tem menos morbidade”, sintetiza. 

Segundo o urologista, com a evolução dos estudos, os médicos passaramm a ajustar a conduta conforme o que o cenário apresenta. “Hoje entendemos que é importante a gente fazer screening, o diagnóstico. Entendemos que, com classificação adequada, os casos de baixo risco podem ser acompanhados e com isso a gente consegue diminuir a morbidade da doença”, sintetiza.

 

História e avanços

O médico faz uma análise sobre o exame de PSA (no português, “Antigénio Específico da Próstata) - feita a partir da coleta de amostra de sangue do paciente para rastrear o câncer de próstata – bastante difundida nos meados dos anos 1990. Com o tempo, ainda naquela década, o que se viu foi uma quantidade de diagnóstico aumentar de forma considerável. “Existia muitos casos represados, e essa avanço manteve o diagnóstico mais alto do que antes, porque a medicina conseguiu acessar a doença de forma mais precoce, porque antes da era do PSA só era diagnosticado o câncer, normalmente em fases já mais avançadas”, conta o urologista. 

No passado era preciso que o tumor crescesse, já que incialmente ele não causava sintoma. “Ele crescia e crescia, até que passava a apertar o canal da urina, provocando algum sangramento urinário, ou outros sintomas, como dor pélvica, por exemplo, só acontece na doença metastática, quando já tem metástase óssea”, analisa. 

Com o avanço dos exames de PSA, já nos anos 2000, o diagnóstico passar a ser um pouco mais preciso, aumentando a sobrevida de pacientes. “Essa mortalidade diminuída está muito mais relacionada ao desenvolvimento da medicina, das quimioterapias, do tratamento, do que de fato ao diagnóstico”, acredita o especialista. 

O médico relata ainda que com os avanços, o número de biópsias desnecessárias diminuiu, uma vez que no passado só havia o recorte do PSA total, o que levava a uma série de biópsia sem necessidade. “Atualmente, com mais refinamentos nas análises, tem menos morbidade”, menciona.

 

Diagnóstico

É bem comum, segundo o urologista, um paciente ter sintomas no câncer de próstata normalmente em fases mais avançadas, quando o tumor já cresceu para causar sintomas que acontecem mais comumente na doença metastática. “Por isso a necessidade do diagnóstico precoce e, com os avanços, muito tem mudado positivamente", afirma o médico Lucas Gon. 

Ele conta ainda que existem atualmente estudos com outras moléculas da família do PSA, que tem sido usado nos Estados Unidos. “Existem alguns cenários que estão sendo usados testes genéticos, mais reservado para quem tem uma história familiar, para quem já teve outros tumores. E existem estudos para procurar marcadores urinários, por exemplo o PCA3, que tem alguns detalhes para a coleta dele na urina. Não é tão fácil de se obter e nem tem como fazer o diagnóstico com ele de forma isolada, mas com o uso da Inteligência Artificial, muito será possível”, acredita. 

Com essa tecnologia, a IA vai permitir uma análise integrada e, a partir disso, possa conseguir ajudar a saber quem são as pessoas que têm mais risco, direcionando assim um melhor screening. “E com adaptação e ajuste do tempo de intervalo entre os exames e os tipos de exames a serem solicitados de uma forma mais individualizada, de acordo com a necessidade de cada grupo populacional”, salienta.



Dr. Lucas Mira Gon, médico urologista e docente do curso de Medicina do Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ),

Grupo UniEduK


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