sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Doenças bucais geram prejuízo global de 710 bilhões de dólares, aponta novo estudo internacional

Pesquisa analisou dados de 194 países, incluindo o Brasil, e levou em conta tanto os custos diretos com tratamentos dentários quanto os custos indiretos


As doenças bucais, como cáries, periodontite e perda de dentes, geraram um impacto econômico global de 710 bilhões de dólares por ano, segundo um estudo divulgado este mês por um grupo de pesquisadores da Universidade de Heidelberg, na Alemanha. A pesquisa, que analisou dados de 194 países, incluindo o Brasil, levou em conta tanto os custos diretos com tratamentos dentários quanto os custos indiretos causados pela perda de produtividade devido às doenças bucais.
 

O estudo, chefiado pelo Professor Dr. Stefan Listl, Chefe da Seção de Saúde Oral do Instituto de Saúde Global de Heidelberg, apontou, entre outros fatores, a necessidade urgente de priorizar a saúde bucal nas políticas de saúde pública, que afetam mais de 3,5 bilhões de pessoas no mundo.

Gustavo Delmondes, cirurgião-dentista especializado em implantes, explica que, em países de baixa renda, os gastos per capita com cuidados odontológicos são extremamente baixos, o que agrava a situação da saúde bucal. "É fundamental que as políticas públicas se esforcem para garantir que todos, independentemente da região ou condição socioeconômica, tenham acesso ao tratamento e à prevenção", afirma o especialista.


As disparidades no acesso aos cuidados odontológicos são um dos pontos críticos abordados pela pesquisa. Cristiane Delmondes, especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial, destaca que muitas dessas doenças podem ser prevenidas com atitudes simples, como a redução do consumo de açúcar, o uso adequado de produtos de higiene bucal e visitas regulares ao dentista. "A saúde bucal não deve ser tratada de forma isolada, ela deve ser vista como parte de um cuidado integral de saúde, com um enfoque preventivo", afirma a especialista.

O estudo também sugere a implementação de medidas de saúde pública que priorizem a prevenção e o tratamento precoce das doenças bucais. A regulamentação mais rigorosa do consumo de açúcar, o planejamento de equipes de saúde bucal e a inclusão de serviços odontológicos na cobertura universal de saúde são algumas das ações recomendadas.

Política Nacional de Saúde Bucal

No Brasil, foi sancionada este ano pelo presidente Lula a lei que integra a Política Nacional de Saúde Bucal ao Sistema Único de Saúde (SUS). Para Gustavo Delmondes, a iniciativa está em sintonia com os objetivos globais da OMS que prevê, entre outros demandas, que os serviços de saúde oral façam parte da cobertura universal. Mas o especialista alerta que é preciso fazer mais. “A inclusão da saúde bucal na Lei Orgânica da Saúde é um passo estratégico para alcançar a cobertura universal de saúde oral, mas é fundamental ampliar os serviços, credenciar novas equipes e priorizar regiões mais carentes, garantindo que todos tenham acesso a cuidados essenciais”, conclui. 

Os dados do estudo foram integrados ao Plano de Ação de Saúde Oral da OMS, cuja primeira reunião global ocorrerá de 26 a 29 de novembro, em Bangkok, na Tailândia. O evento reunirá especialistas de todo o mundo para discutir políticas e estratégias que podem ser implementadas para combater as doenças bucais e reduzir o impacto econômico gerado por essas condições.


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