Quando pensamos em melhorar a qualidade do nosso sono, a primeira coisa que vem à mente é o conforto: um colchão de molas ensacadas, um travesseiro de plumas ou um edredom de algodão. No entanto, esses elementos nem sempre são suficientes para garantir o repouso de que o corpo e a mente precisam. Em muitos casos, o que está em jogo são distúrbios do sono, condições que vão além do simples desconforto e exigem diagnóstico adequado e tratamento especializado.
Infelizmente, muitos desses distúrbios passam
despercebidos ou são tratados de forma inadequada, o que pode levar a sérias
consequências para a saúde. Estresse, fadiga e indisposição são apenas alguns
dos sintomas mais imediatos. No entanto, estudos apontam uma correlação ainda
mais preocupante entre distúrbios do sono e doenças como depressão, hipertensão
e problemas cardíacos. A questão vai muito além de uma noite mal dormida.
Entre os distúrbios mais comuns estão a insônia e a
apneia obstrutiva do sono. Embora ambos possam afetar a qualidade do descanso,
eles possuem causas e tratamentos diferentes. A insônia, frequentemente
associada à ansiedade, tem um componente neurológico e pode ser tratada com
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) ou, em casos mais graves, com
medicamentos.
Já a apneia do sono é uma condição respiratória que
ocorre quando as vias aéreas são obstruídas durante o sono, muitas vezes devido
à anatomia da garganta ou do palato. Para diagnosticar a apneia, é necessário
realizar a polissonografia, um exame que avalia atividades cerebrais,
respiratórias e musculares durante o sono. Com base nesse diagnóstico, o
tratamento pode incluir o uso de CPAP (um aparelho que mantém as vias aéreas
abertas) e fisioterapia respiratória.
Além dos tratamentos específicos, a prática regular
de atividade física tem um impacto significativo na melhoria da qualidade do
sono. Exercícios físicos reduzem o estresse, melhoram a força muscular e ajudam
a controlar o peso, fatores que contribuem diretamente para um sono mais
saudável. Estudos demonstram que pessoas que praticam atividades físicas
regularmente têm menos dificuldades para adormecer e experimentam um sono mais
profundo e reparador.
No Brasil, cerca de 72% da população sofre de
distúrbios relacionados ao sono, com a insônia sendo a condição mais
prevalente. Fatores como o sedentarismo, a alimentação inadequada e o uso
excessivo de telas, principalmente à noite, têm sido apontados como os
principais agravantes desses problemas. Por isso, é fundamental que as pessoas
busquem ajuda profissional ao perceberem sintomas persistentes, para evitar que
os distúrbios do sono se tornem crônicos e comprometam a saúde de forma
irreversível.
O sono é essencial para o bom funcionamento do corpo
e da mente, e cuidar da sua qualidade vai muito além de escolher o colchão
certo. A identificação precoce de distúrbios do sono e o tratamento adequado
podem prevenir problemas graves e melhorar significativamente a qualidade de
vida. Se você tem dificuldades para dormir, não ignore os sinais do seu corpo –
a consulta com um especialista pode ser o primeiro passo para uma noite de sono
realmente reparadora.
Dr. Lucas Vaz Padial - otorrinolaringologista
especialista em Medicina do Sono com atuação no Hospital Paulista e na Clínica
Jamal
Nenhum comentário:
Postar um comentário