Especialista orienta os benefícios e os riscos do crescente interesse infantil por cuidados com a pele
Nos últimos anos, uma nova onda de cuidados com a pele conquistou
o público jovem. Crianças e pré-adolescentes tornaram-se fãs de rotinas de
skincare, inspirados por influenciadores digitais e celebridades que compartilham
dicas e truques nas redes sociais. Mas até que ponto essa fascinação é
saudável?
Livia Fonseca, professora do curso de Biomedicina da Faculdade
Anhanguera, explica que a popularidade crescente do skincare entre as crianças
está diretamente ligada à influência das mídias sociais. “As plataformas
digitais têm um impacto enorme. As crianças veem seus ídolos compartilhando
rotinas de beleza e acabam se interessando em imitar essas práticas”, afirma.
O interesse pelo cuidado da pele pode trazer benefícios
significativos. Um dos principais pontos positivos é a conscientização sobre a
saúde da pele. “Aprender a importância de proteger a pele desde cedo pode
resultar em hábitos saudáveis que perduram por toda a vida”, diz Livia.
Além disso, o skincare pode funcionar como uma ferramenta de aumento da autoestima. “Quando as crianças se envolvem em rotinas de autocuidado, elas podem se sentir mais confiantes em sua aparência, o que é crucial na formação da identidade”, complementa.
Por outro lado, Livia alerta para os riscos dessa nova tendência. Um dos maiores problemas é a pressão social e a comparação constante que as crianças enfrentam. “A necessidade de se encaixar em padrões de beleza pode gerar ansiedade e problemas de autoestima”, destaca.
Além disso, o uso de produtos inadequados pode representar um risco à saúde da pele infantil. “A pele da criança possuí características estruturais diferentes do adulto, é sensível e frágil. É mais fina, possui maior permeabilidade a substância, facilidade em perda de água e baixa oleosidade”, adverte.
Ela enfatiza a importância de orientar as crianças a realizarem cuidados básicos com produtos destinados à sua faixa etária. “É importante a orientação para que as crianças realizem os cuidados básicos, com produtos destinados à sua faixa etária, como sabonetes suaves, hidratantes leves e fotoprotetores físicos, para que não causem desequilíbrio na pele”, afirma.
Livia também destaca que na pré-adolescência, por volta dos 10 anos, ocorrem mudanças hormonais que afetam a pele, causando o surgimento de cravos e acnes. “Essas alterações podem levar ao uso incorreto de alguns produtos, agravando o problema. Por isso, é necessário consultar profissionais habilitados em estética e evitar o uso de produtos de skincare para adultos, como fórmulas antienvelhecimento e antiacne, que são contraindicadas para peles mais jovens e podem causar danos cutâneos”, alerta.
A professora aponta que os cosméticos destinados às crianças requerem cuidados na sua formulação, que são regulamentados pela ANVISA, para que mantenham as características da pele. Ingredientes como conservantes, fragrâncias, corantes artificiais e agentes de limpeza mais agressivos podem causar alergias e irritações.
Para ajudar as crianças a aproveitarem o skincare de
forma saudável, Livia recomenda que os pais estejam sempre envolvidos.
“Converse sobre a importância do cuidado da pele, escolha produtos adequados
juntos e incentive a aceitação pessoal. O diálogo aberto é fundamental, assim
como consultar dermatologistas, biomédicos ou profissionais com habilitação em
estética, que podem variar entre farmacêuticos, enfermeiros e fisioterapeutas,
para a indicação dos itens mais adequados”, finaliza.
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