A atividade física atua como um importante agente redutor do estresse e da ansiedade, além da liberação de endorfina, que melhora o humor e a saúde mental Freepik |
Benefício independe da intensidade, aponta pesquisa; em outubro, para marcar o Dia Mundial do AVC, Rede Brasil AVC reforça campanha global, com desafio para a população
Que a prática de
atividade física faz bem à saúde, isso todo mundo já ouviu falar, mas diante do
seu potencial, sempre vale lembrar e reforçar as evidências comprovadas por
estudos científicos. Uma pesquisa recente publicada no periódico científico BMJ
Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry destaca que a prática de
atividade física, independentemente da intensidade, pode reduzir o risco de AVC
(Acidente Vascular Cerebral) em até 30%. “As pessoas devem ser encorajadas a
serem fisicamente ativas, mesmo nos níveis mais baixos”, ressaltam os
pesquisadores.
Uma das principais
causas de morte e incapacidade no mundo, o AVC causou o óbito de 39.345
brasileiros de janeiro a 20 de agosto, segundo os dados mais recentes do Portal
de Transparência do Registro Civil, mantido pela ARPEN Brasil (Associação
Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais). O número
equivale a seis óbitos por hora, estatística alarmante, ainda mais quando 90%
dos AVCs podem ser prevenidos se controlados os fatores de risco, além da
adoção de hábitos saudáveis.
E de que maneira a
prática de atividade física auxilia nessa prevenção? “O exercício regular
melhora a circulação sanguínea, ajudando a manter a pressão arterial em níveis
saudáveis. Isso é fundamental, pois a hipertensão é um dos principais fatores
de risco para AVC. Além disso, a prática de atividades físicas auxilia no
controle do peso, combatendo a obesidade, que também está intimamente ligada ao
aumento do risco”, explica a pesquisadora e neurologista, Dra. Sheila Ouriques
Martins, que preside a Rede Brasil AVC e a World Stroke Organization (WSO).
A especialista
lembra que outro ponto importante é a influência do exercício sobre os níveis
de colesterol. “Com a atividade física, há um aumento do colesterol HDL (o
"bom") e uma diminuição do LDL (o "ruim"), promovendo uma
saúde vascular melhor. Paralelamente, o controle da diabetes é favorecido pela
atividade física, uma vez que ela melhora a sensibilidade à insulina e ajuda a
regular os níveis de glicose no sangue”, fala.
Além dos
benefícios físicos, a atividade física também atua como um importante agente
redutor do estresse e da ansiedade. A liberação de endorfinas durante o
exercício melhora o humor e a saúde mental, fatores que podem influenciar a
saúde cardiovascular de forma positiva.
“Também vale
destacar que o fortalecimento do coração e dos vasos sanguíneos resulta em uma
maior eficiência cardiovascular, reduzindo assim as chances de problemas que
podem levar a um AVC”, salienta.
Benefícios
pós-AVC: E não é somente na prevenção que a
prática de atividades físicas e importante aliada. Em pessoas que sofreram um
episódio de AVC, treinos curtos de alta intensidade pode ser muito eficazes
para melhorar o condicionamento físico, segundo mostra um estudo da McMaster
University, em Hamilton, no Canadá, publicado no mês de agosto, na Revista
Científica Stroke.
Uma parte do grupo
realizou exercícios intervalados de alta intensidade (HIIT). A cada um minuto
de HIIT, os voluntários intercalavam um minuto de exercícios de baixa
intensidade, totalizando 19 minutos de atividade física, três dias na semana. A
outra metade treinava de 20 a 30 minutos de forma ininterrupta, em intensidade
moderada, também três dias na semana.
Independentemente
do treinamento, os dois grupos obtiveram melhora na resistência à caminhada,
medida pela distância percorrida em seis minutos. O diferencial foi o nível de
aptidão cardiorrespiratória, ou seja, a quantidade de oxigênio consumida no
pico do exercício. Os praticantes do HIIT melhoraram seu consumo em
aproximadamente 3,5 mililitros de oxigênio em um minuto, por quilo de peso
corporal, contra 1,7 dos demais. O consumo de oxigênio durante a atividade
física indica a aptidão aeróbica, que está associado a uma maior longevidade e
a uma redução nos riscos de doenças cardiovasculares.
Desafio
mundial – O mês de outubro é marcado pelo Dia Mundial do AVC (29/10) e, até o
fim do mês, nações em todo o mundo se unem para combater a doença. Para
reforçar esse enfrentamento, a World Stroke Organization, apoiada em território
brasileiro pela Rede Brasil AVC e Sociedade Brasileira de AVC lançou um
desafio: faça qualquer exercício diariamente e registre na plataforma da
campanha. Para participar, a pessoa pode se
inscrever gratuitamente no link https://www.world-stroke.org/world-stroke-day-campaign/greaterthan-challenge,
onde registrará o número de minutos de atividades realizadas durante o mês. O
convite também se estende às redes sociais, com postagens mostrando a rotina de
exercícios e a marcação #GreaterThan (maior que, em alusão a sermos maior do
que o AVC).
“Você pode se
desafiar ou formar equipes para atingir uma meta, tendo como objetivo essa
questão fundamental: incorporar a atividade física à rotina diária não apenas
promove um corpo mais saudável, mas também se configura como uma estratégia
eficaz na redução dos riscos de AVC. Mover-se é, sem dúvida, um passo vital
para cuidar do coração e da mente”, conclui Dra. Sheila.
Brasil AVC
www.redebrasilavc.org.br
World Stroke Organization (Organização Mundial de AVC)
www.world-stroke.org/
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