Redação Nota 1000, plataforma de prática e redações, avaliou mais de 250 mil redações, mapeando as principais dificuldades dos estudantes na hora de pontuar na prova. Entre as três falhas mais recorrentes estão: o uso inadequado de pontuação, erros ortográficos e de regência verbal
Com o Enem se
aproximando nos dias 3 e 10 de novembro, muitos estudantes estão intensificando
os estudos, especialmente para a redação, que tem um peso significativo na nota
final. Para ajudar nessa preparação, a plataforma Redação Nota 1000
realizou um estudo inédito com 252 mil redações de candidatos ao Enem de todo o
Brasil, destacando os principais erros cometidos, como uso inadequado de
pontuação, erros ortográficos e de concordância.
De acordo com o
estudo, entre os erros mais comuns estão o uso inadequado de pontuação
(75,33%), erros ortográficos (72,32%) e de regência (40,97%), além dos desvios
de pontuação e vírgula, que ocorrem em 75,33% dos casos. Também são frequentes
os erros de ortografia, incluindo acentuação, capitalização, segmentação de
palavras, hifenização e grafia conforme o novo acordo ortográfico
(72,32%).
Os erros de
regência nominal, verbal e de crase aparecem em 40,97% das redações, seguidos
pelos de concordância nominal e verbal (33,99%), falhas sintáticas como
truncamento, justaposição e paralelismo sintático (36,79%) e, por fim,
problemas de vocabulário e registro formal da língua
(17,26%).
É
possível evitar equívocos! Saiba como
Fernanda Becker,
assistente pedagógica da Redação Nota 1000, enfatiza a importância de uma
estrutura clara no texto dissertativo-argumentativo. “O conteúdo deve ter
introdução, argumentação e conclusão. A ausência de qualquer uma dessas partes
pode resultar em penalizações significativas”, destaca.
Historicamente, a
prova tem como perfil abordar propostas ligadas a temáticas sociais. De acordo
com o professor de redação do Colégio Fênix,
Rodolpho Oliveira, os assuntos
variam entre pautas mais abrangentes, como os temas de 2019 e 2020, os quais
abordaram a democratização do cinema e a importância do registro civil,
respectivamente, a grupos mais restritos, como os temas de 2022 e 2023, que
trouxeram para discussão os povos tradicionais e as mulheres.
“Assim, é
necessário se manter constantemente atualizado meio de variadas fontes
informativas sobre as principais dificuldades enfrentadas no Brasil. As
questões identitárias devem ser acompanhadas de perto por quem pretende ter
exemplos consistentes para fundamentar a redação”, explica o
professor.
Ortografia
e Pontuação: dupla lidera erros
Considerando que a
redação do Enem exige a aplicação do Português padrão de norma culta, a
ortografia é um dos pontos mais importante para se atentar na hora de elaborar
o texto.
De acordo com o professor
de Língua Portuguesa e Redação da Escola Vereda,
Eduardo Maciel, "a ortografia é necessária para
que haja o entendimento e a interpretação da mensagem que está sendo
transmitida em formato de texto. Além disso, ela também garante o cumprimento
das normas gramaticais, que trazem coerência e coesão para escrita",
afirma o professor.
Identificada na
maioria das redações analisadas, a pontuação inadequada também pode
comprometer a compreensão do texto. Marcia Pelachin, professora e coordenadora
de redação do Colégio Rio Branco,
destaca que “a pontuação correta é essencial para a articulação das ideias e a
fluidez da leitura”.
Renata Silva,
professora de Língua Portuguesa e consultora da Rede Pitágoras, comenta que, na dúvida sobre a grafia correta da palavra, o
melhor para o estudante é substituir por outra que tenha certeza sobre como
escrever corretamente. “Outra dica é usar o hífen em palavras compostas e
colocá-lo sobre a linha na separação silábica (translineação), no final da
margem esquerda da folha. Por fim, jamais escreva as palavras de maneira
informal, com grafia típica da oralidade (em lugar de “pra” escreva “para”; em
lugar “tá” escreva “está” e assim sucessivamente)”, complementa.
Clareza
é essencial
Um erro comum que
afeta a clareza do texto é a Regência Verbal. Thiago Braga,
autor de língua portuguesa do Sistema de Ensino pH,
enfatiza a importância de conhecer verbos que mudam de sentido conforme sua
regência. “Por exemplo, ‘assistir’ pode significar presenciar ou cuidar,
dependendo do contexto”, explica. Ele alerta que a falta de atenção à regência
pode levar a erros gramaticais significativos.
De acordo com o
estudo da Redação Nota 1000, com 36,79% dos textos apresentam falhas de Sintaxe,
portanto a estruturação das frases é essencial. Marcia destaca que “a
organização sintática deve garantir que as ideias sejam expressas de forma
clara e coerente”, evitando justaposições inadequadas. Além disso, erros de
concordância foram identificados em 33,99% das redações. Thiago Braga, do pH,
sugere que “a identificação correta do sujeito é crucial para evitar erros de
concordância”, enfatizando que sujeitos compostos geralmente exigem verbos no
plural.
Na avaliação de
Margarete Xavier, autora de língua portuguesa do Fibonacci Sistema de Ensino,
é preciso ter atenção à correção gramatical aliada ao sentido de um vocábulo no
contexto. Segundo ela, a regência verbal ocupa lugar de destaque. “É essencial
o conhecimento de alguns verbos, especialmente alguns com alteração de sentido,
quando precisamos ou não de preposição”, aponta.
Uso
formal da língua ainda gera dúvidas
O estudo também
mostrou que 17,26% dos alunos enfrentam dificuldades com o uso formal
da língua. Daniela Toffoli, professora de redação do Curso Anglo, recomenda evitar clichês e explorar temas relevantes como
inclusão social e desafios da educação básica. “Temas como o impacto das redes
sociais na comunicação e a preservação do patrimônio cultural são fundamentais”.
Para enriquecer o vocabulário,
Francisco Moreira Júnior, da Plataforma Amplia, recomenda práticas
como leitura assídua e consulta ao dicionário. “Substituir abreviações por
palavras formais em comunicações cotidianas ajuda no aprimoramento da escrita”,
sugere.
Atenção
ao tema e sua resolução
Em relação à
Competência II, que avalia a compreensão da proposta de redação, a ausência de
repertório sociocultural legitimado, externo e pertinente é um dos principais
pontos de atenção. Dados do estudo da Redação Nota 1000 mostram que 28,95%
das redações não apresentam referências validadas por áreas do
conhecimento.
Além disso, na
Competência III, que avalia a capacidade de organizar informações e argumentos
em defesa de um ponto de vista, o principal problema é a falta de desenvolvimento
das ideias, presente em 43,84% dos textos analisados. Para melhorar a
pontuação, é crucial que os estudantes abordem temas factuais e atuais, como a
crise climática. A Beacon School, escola localizada na zona Oeste de São Paulo, recomenda que
os alunos explorem tópicos como inclusão social e acessibilidade dentro desse
contexto. “Esses temas não apenas são atuais, mas também permitem uma
argumentação rica e bem fundamentada”, recomenda Ana Carolina Poppe, líder de
sustentabilidade na instituição de ensino.
Victor Haony,
assessor pedagógico da Mind Makers – solução da
SOMOS Educação que desenvolve disciplinas inovadoras para estimular a
criatividade dos estudantes – também destaca a importância do uso de
ferramentas de Inteligência Artificial (IA) para auxiliar na redação do Enem.
“Para muitos, a redação do Enem pode parecer um pesadelo por suas exigências
técnicas. Por isso, o apoio de ferramentas de IA, como o ChatGPT, pode ser
essencial para garantir um bom texto. Os vestibulandos podem pedir auxílio ao
ChatGPT para criar repertório em redações e compreender melhor um conceito que
eles não tenham compreendido”, recomenda. “É possível também recorrer à
ferramenta para pedir auxílio na correção de uma redação”, acrescenta.
Já o principal desvio cometido pelos estudantes na Competência V, que avalia a capacidade de elaborar uma proposta de intervenção para o problema abordado, é a ausência do elemento “meio/modo” — ou seja, como a ação deverá ser realizada — presente em apenas 20,83% dos textos amostrados. Adailton Gomes, diretor do Anglo Alante São José dos Campos, recomenda o uso de experiências reais e simulados para desenvolver habilidades de resolução de problemas. “Utilizamos simulados da ONU para treinar nossos alunos na resolução de problemas complexos, o que os ajuda a desenvolver propostas de intervenção detalhadas e viáveis”, conta.
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