sábado, 19 de outubro de 2024

Queda de cabelo na quimioterapia: como enfrentar esse desafio e acelerar a recuperação capila r com segurança

Dermatologista explica como lidar com a perda de cabelo durante o tratamento oncológico e revela estratégias eficazes para resgatar a saúde dos fios, restaurando a autoestima e a confiança dos pacientes.


A queda de cabelo é uma das partes mais temidas e visíveis do tratamento oncológico. Além de sinalizar para o mundo exterior a luta interna contra o câncer, a perda dos fios muitas vezes afeta a autoestima e a sensação de identidade dos pacientes. Para muitos, ver o cabelo caindo é tão desafiador quanto enfrentar a própria doença, pois o cabelo é mais do que um simples detalhe estético: ele representa a força, a feminilidade e a autoimagem. 

Durante o tratamento, especialmente em protocolos que envolvem quimioterapia, a alopecia induzida é um dos efeitos colaterais mais comuns. No entanto, entender como e por que ela acontece e, mais importante, como lidar com isso, pode ajudar a tornar essa jornada um pouco mais leve. A dermatologista e especialista em tricologia Dra. Hevelyn Mendes explica as causas desse efeito e compartilha dicas para minimizar a queda e promover a recuperação capilar após o tratamento.
 

Por que a queda de cabelo acontece durante a quimioterapia?

A quimioterapia age como um exército em combate, atacando células que se dividem rapidamente, uma característica típica das células cancerígenas. No entanto, células saudáveis que também se multiplicam com velocidade, como as dos folículos capilares, acabam sendo afetadas nesse processo. Quando os folículos, que são as estruturas onde nascem os fios, são impactados, o crescimento do cabelo é interrompido e o fio entra prematuramente na fase de repouso, conhecida como telógena. A partir daí, a queda começa a ocorrer de forma acentuada. 

A intensidade desse efeito depende de fatores como o tipo de droga utilizada, a dosagem e a duração do tratamento. Alguns medicamentos, como a ciclofosfamida e o paclitaxel, são especialmente agressivos para os folículos, causando perda de cabelo não só no couro cabeludo, mas também em sobrancelhas, cílios e outros pelos corporais.
 

O impacto psicológico da queda capilar

Para muitos pacientes, o cabelo é uma expressão de quem são. A perda capilar, portanto, não é apenas uma mudança estética, mas uma experiência emocionalmente devastadora, que pode gerar sentimentos de vulnerabilidade e baixa autoestima. Estudos mostram que a alopecia induzida pela quimioterapia está diretamente ligada a distúrbios de humor, como depressão e ansiedade, especialmente entre mulheres. 

No entanto, é fundamental lembrar que a perda de cabelo é temporária. Com o suporte adequado e estratégias de cuidado, é possível não apenas enfrentar esse período com mais confiança, mas também estimular a recuperação dos fios para que eles voltem mais saudáveis e fortes após o término do tratamento.


Como minimizar a queda durante o tratamento?


Embora a prevenção completa da queda seja difícil, existem estratégias que podem ajudar a reduzir a gravidade do problema. Uma das técnicas mais promissoras é a crioterapia capilar, também conhecida como uso de touca gelada.


1. Crioterapia capilar: o que é e como funciona


A crioterapia capilar envolve o uso de uma touca resfriada no couro cabeludo antes, durante e após a infusão de quimioterapia. A temperatura baixa diminui o fluxo sanguíneo para o couro cabeludo, reduzindo a quantidade de droga que atinge os folículos capilares. Com isso, a taxa de queda de cabelo é minimizada. Estudos mostram que até 50% das pacientes que utilizam a touca gelada conseguem preservar boa parte do cabelo durante o tratamento.
 

Contudo, esse método não é indicado para todos os tipos de câncer, especialmente os que apresentam risco de metástase no couro cabeludo. Portanto, é crucial discutir essa opção com o oncologista e um dermatologista antes de iniciar a terapia.
 

2. Preparação capilar: cuidar antes de cair


Antes do início da quimioterapia, é possível tomar algumas medidas para preparar o cabelo e diminuir o impacto da queda:

  • Corte pré-tratamento: Cortar o cabelo mais curto ajuda a reduzir o trauma emocional, pois a percepção de queda em cabelos longos é mais evidente.
     
  • Hidratação profunda: A quimioterapia pode ressecar muito o couro cabeludo. Manter a hidratação com loções suaves e máscaras ricas em ingredientes calmantes (como aloe vera e pantenol) ajuda a preservar a saúde da pele e a reduzir a irritação.
     

A recuperação capilar após a quimioterapia


A boa notícia é que, na maioria dos casos, o cabelo volta a crescer dentro de 1 a 3 meses após o fim do tratamento. No entanto, o crescimento inicial pode ser irregular e diferente do padrão original, com fios mais finos, encaracolados ou até com coloração distinta. Essas alterações, conhecidas como "cabelo quimio", geralmente são temporárias e tendem a se normalizar ao longo de 6 a 12 meses.
 

Dicas para estimular o crescimento pós-tratamento:


  1. Minoxidil tópico: O uso de minoxidil pode acelerar o crescimento dos fios. No entanto, deve ser utilizado sob orientação médica para garantir que não haja interferência com outros medicamentos.
     
  2. Terapias capilares avançadas: Tratamentos como a LEDterapia, que utiliza luz de baixa intensidadepara estimular os folículos capilares, e o microagulhamento com fatores de crescimento podem promover a regeneração capilar de forma segura e eficaz.
     
  3. Suplementação nutricional: Deficiências de vitaminas e minerais são comuns após a quimioterapia. Suplementos com biotina, vitamina D, ferro e zinco podem ajudar, mas devem ser orientados por um profissional para evitar interações com o tratamento oncológico.
     
  4. Massagem capilar e óleos naturais: A massagem regular do couro cabeludo com óleos nutritivos (como óleo de rícino e óleo de alecrim) pode ajudar a melhorar a circulação sanguínea e promover um ambiente saudável para o crescimento capilar.
     

“Lidar com a perda de cabelo na quimioterapia é um desafio, mas é importante lembrar que é um processo temporário e parte de uma luta maior pela saúde. Com cuidados adequados e orientação especializada, é possível minimizar os impactos e promover uma recuperação saudável dos fios, restaurando não apenas a saúde capilar, mas também a confiança e a autoestima.”. Conclui a Dra. Hevelyn Mendes.

 

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