Consumo
exagerado de telas na infância eleva riscos em meninas e meninos
A obesidade tem
impacto significativo na saúde cardiovascular, além de ser um fator que pode
interferir na puberdade, principalmente nas meninas. A frase é da Dr.ª Lívia
Franco, endocrinologista pediatra e docente do curso de Medicina do Centro
Universitário de Indaiatuba (UniMAX), que reforça que, especialmente em
meninas, a obesidade está consistentemente associada a um início mais precoce
dos marcos puberais, como o desenvolvimento mamário e a menarca.
“Sabemos de
estudos que apresentam que meninas obesas e até mesmo com sobrepeso têm essa
tendência a atingir esses marcos mais cedo do que meninas com peso normal”,
alerta a médica, acrescentando que tal situação de obesidade e comportamento
sedentário podem elevar os níveis estradiol, o que pode contribuir para o
início precoce da puberdade. Nos meninos, a relação é mais complexa. Estudos
indicam que a obesidade pode estar associada a um início mais precoce de
eventos puberais, como o aumento do volume testicular.
Lívia Franco destaca
ainda que o melhor caminho é a prevenção da obesidade infantil. “Elaborar
estratégias em diversas frentes, em casa, na rede pública de saúde, na
sociedade como um todo, para mitigar os riscos associados ao início precoce da puberdade
e suas consequências para a saúde a longo prazo”, salientou.
Prevenção
O alerta acontece
no Dia Nacional de Prevenção à Obesidade, comemorado nesta sexta-feira, 11 de
outubro. De acordo com o estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ),
atualmente 56% dos adultos brasileiros têm obesidade ou sobrepeso. O mesmo
estudo alega que, se a previsão se comprovar, bem como se foram mantidas as
tendências atuais de consumo e estilo de vida, dentro de 20 anos, três quartos
dos adultos brasileiros estarão acima do peso.
Conforme a Dr.ª
Lívia Franco, apesar desse estudo trazer números de pessoas já na fase adulta,
ele pode ser reflexo dos hábitos da infância e adolescência. “O número de
crianças e adolescentes com obesidade, entre cinco e 19 anos, em todo o mundo,
aumentou 10 vezes na última década. Se nada for feito, estima-se que a
prevalência de obesidade infantil aumente em 60% na próxima década, chegando a
254 milhões de crianças e adolescentes, entre cinco e 19 anos, no ano de 2030.
Nesse mesmo ano de 2030, estima-se que o Brasil ocupará o quinto lugar no
ranking de países com maior número de crianças e adolescente com obesidade”,
sintetiza a especialista.
O mais importante,
segundo a médica, é compreendermos que a obesidade é uma doença crônica, que
não envolve apenas estética e pode acarretar prejuízos para toda a vida. “É
relevante também entender como avaliamos a obesidade na pediatria, uma vez que
ao avaliar os gráficos do índice de massa corporal diversas vezes nos deparamos
com o diagnóstico de obesidade grave em crianças que aos olhos dos pais são
apenas mais cheinhas”, esclarece.
TV, vídeo
game e celular
Um ponto que chama
atenção é o uso constante de tecnologias, com muitas horas de dedicação, menos
cuidado com o sono e uma consequente alimentação desregrada. “Dependendo da
idade, temos diferentes perfis, desde o que fica horas à frente da TV, vídeo
games e celulares. Nesses casos é comum crianças e jovens se alimentarem de
forma desordenada, comendo mais fastfood, salgadinhos, frituras, sucos
processados, entre outros”, salienta a pediatra.
A médica explica
ainda que é fundamental pensar nos primeiros 1.000 dias de vida, que vão desde
a concepção do feto até a criança completar 2 anos de idade e são fundamentais
para o neurodesenvolvimento. “As escolhas dos pais nesse período ditam parte
importante do futuro dos pequenos”, complementa a pediatra.
Dra. Lívia Franco
salienta que toda sociedade precisa agora lutar contra a epidemia de obesidade
e, consequentemente, contra as telas, que são fatores fundamentais no processo
de aumento de prevalência da doença. “Levando em conta a prevenção do sobrepeso
e da obesidade, é fundamental que os pais estejam atentos às fases da criança,
desde a primeira infância, escolhendo uma alimentação saudável, com alimentos
frescos e o mínimo processado possível, bem como uma rotina de práticas
esportivas de acordo com cada idade”, sintetiza.
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