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Profissionais com filhos apontam atitudes que consideram inaceitáveis no mercado de trabalho, revela pesquisa
Insegurança psicológica para participar de compromissos
com suas crianças é um dos comportamentos que os fariam buscar outras
oportunidades no mercado
Pesquisa com mães e pais (ou a espera de filhos)
que trabalham em organizações revela que situações e comportamentos, tais como
– ‘liderança
direta com atitudes discriminatórias com profissionais com filhos, casos de
pessoas desligadas no retorno de licença maternidade ou paternidade, ausência
de segurança psicológica para participar de compromissos ou desafios pontuais
com os filhos – são considerados inaceitáveis e motivadores para a
busca de outras oportunidades de trabalho.
O estudo indica ainda que mães possuem uma posição
mais exigente para todas as atitudes levantadas, a exemplo de 92% que condenam
a atitude ‘Liderança direta com atitudes discriminatórias com profissionais com
filhos’ versus 81% dos homens.
As mães também têm uma visão mais pessimista que os
pais quando perguntadas se seu ambiente corporativo é um bom lugar para pais e
mães trabalharem: 54% delas discordam em alguma medida versus 43% dos pais,
revelando uma diferença de 11 pontos percentuais entre as percepções.
Os dados são da pesquisa Radar da
Parentalidade, realizada pela consultoria de parentalidade Filhos no Currículo e pelo Talenses
Group, em parceria com o Movimento Mulher 360.
Pressupor que queremos ou
fazemos menos é inaceitável
“Pressupor que a mulher vai querer ou é capaz de
fazer menos depois de virar mãe é, para mim, a atitude mais inaceitável”,
afirma a publicitária Lilian Santos, 44. Após voltar da licença maternidade,
teve não somente um projeto de grande relevância retirado de suas mãos, como
ouviu de seu chefe: ‘- agora que você tem dois filhos, acho que vai querer
um trabalho part-time. Respondi: “- Eu quero é trabalhar para um dia sentar na
sua cadeira”.
“Eu era gerente de marketing e me foi tirado o
maior projeto da companhia, o qual eu dominava tecnicamente. Meu chefe, na
época, endereçou esse projeto para meu par: um homem, júnior, que também tinha
acabado de ter uma filha", conta.
Lilian conta que não conseguia sair durante o
expediente para reuniões de escola ou acompanhar os filhos em ocasiões
importantes. “Não via abertura e, pensando hoje, queria provar que dava conta e
poderia entregar tudo e até melhor. O que era muito real porque ter filhos é
expandir. No meu caso, percebi que fiquei mais atenta, mais multitarefas e com
mais gana”, destaca a executiva que pediu demissão da empresa 2 meses depois de
seu retorno de licença.
Filhos na carreira para a
retenção de talentos
“O problema é quando a liderança pressupõe e faz um
pré-julgamento sobre o que aquele funcionário ou que aquela mulher precisa no
retorno da licença. O correto é perguntar e dar espaço para que a pessoa possa
escolher e não induzir”, explica Michelle Levy Terni, CEO da Filhos no Currículo.
“Os resultados da pesquisa são um termômetro do
grau de maturidade das empresas com relação à parentalidade e como elas ainda
não estão prontas para acolher pais e mães no retorno à licença. Empresas que
desenvolvem planos e práticas para um ambiente de bem-estar parental – para que
esses profissionais com crianças sintam segura para vivenciar a parentalidade,
além de um suporte contínuo, desde o momento da saída até o retorno da licença,
constroem uma base sólida de retenção de talentos e satisfação dos
colaboradores”, completa Michelle.
Michelle enfatiza que “Atitudes de discriminação, a
exemplo de insinuações de que figuras parentais, principalmente mulheres, não
devem assumir cargos de liderança porque não conseguirão dar conta de ambos, ou
depreciação da capacidade de profissionais com filhos, não podem mais ter lugar
na sociedade de hoje. Inclusive, esse mito de que, ao ganhar uma criança, o
profissional pode ou quer menos em sua carreira, é uma falácia que combatemos
diariamente. Nesta pesquisa mesmo, foram perguntadas quais as novas habilidades
os entrevistados acreditavam ter desenvolvido com a chegada da
paternidade/maternidade, e na criação de seus filhos, que os agregaram como
profissionais. ‘Paciência’, ‘empatia’ e ‘resiliência’ foram apontadas como as
principais adquiridas. Destaque para o crescimento da habilidade de ‘liderança’
em relação a levantamentos anteriores, indicando maior consciência dos
entrevistados quanto à relevância da parentalidade como potência em suas
carreiras. Somente 1% da base não acredita ter desenvolvido nenhuma habilidade
no exercício parental que agregue a seus currículos”.
Confira alguns gráficos:
filhosnocurriculo.com.br e @filhosnocurriculo.
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