Acidentes domésticos, cicatrizes da
vivência infantil e deformidades congênitas estão entre os principais motivos
que podem levar à necessidade do procedimento Freepik
De acordo com o último censo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, 6,6% dos procedimentos realizados anualmente no país são em crianças e adolescentes - de um total de 1,7 milhão de operações, mais de 115 mil ocorrem em menores de 18 anos. Os motivos que levam pais e responsáveis a procurarem os cirurgiões plásticos estão ligados principalmente à correção de deformidades adquiridas como consequência de queimaduras, sequelas de acidentes domésticos ou doenças, mordidas de animais, e cicatrizes da vivência infantil, ou questões congênitas, como lábio leporino, fenda palatina e “orelha de abano”.
Esse tipo de intervenção pode também servir de auxílio no
tratamento de problemas psicológicos causados por uma alteração física, que
pode estar relacionada a episódios de bullying, baixa autoestima e ansiedade.
“É indiscutível que a culpa do bullying sofrido pela criança não é dela, mas
sim de quem o realiza. Entretanto, isso pode ter efeitos diretos no
desenvolvimento de transtornos psicológicos, que impactam diretamente a
interação social e desempenho escolar - grandes fatores de atenção durante a
infância”, explica o cirurgião plástico Fabio Nahas, Diretor Científico
Internacional da SBCP e Professor da Unifesp.
Além dos aspectos psicológicos, há também questões relacionadas à
saúde física da criança que podem ser beneficiadas com a cirurgia plástica.
“Outra preocupação que vai além da estética é o crescimento excessivo das mamas
em meninas. Nesse caso, o peso das mamas, desproporcional em relação à altura e
peso da jovem, pode resultar em excesso de pressão na coluna, manifestando-se
em dores intensas nas costas e prejudicando o brincar, tão importante nessa
fase da vida”, afirma o cirurgião plástico.
E o SUS?
No Brasil, é possível realizar esse tipo de tratamento pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), um dos maiores sistemas públicos de saúde do
mundo e que atende a milhões de brasileiros em diversos serviços, inclusive nas
cirurgias plásticas reparadoras. Para isso, é necessária uma indicação médica
formal, comprovando que a criança deve passar pela cirurgia por estar com sua
saúde física ou psicológica comprometida.
Tecnologia como principal aliada
A segurança das crianças durante qualquer cirurgia é uma das principais preocupações para os pais, que naturalmente questionam se podem estar colocando seus filhos em risco. Fabio Nahas explica que, atualmente, a medicina conta com avanços tecnológicos que oferecem uma segurança ainda maior. “Hoje temos a integração de dispositivos que tornam as cirurgias realmente muito seguras, como o oxímetro de pulso, que monitora o teor de oxigênio no sangue durante o procedimento. Além disso, a capacidade de avaliar os níveis de gás carbônico no sangue e medir as ondas cerebrais do paciente dá ao anestesista a possibilidade valiosa de personalizar a anestesia de acordo com as necessidades específicas de cada um.”
O controle de complicações e resultados assume, com o auxílio dessas tecnologias, uma posição de prioridade no âmbito da cirurgia plástica, especialmente quando se trata de procedimentos realizados em crianças ou adolescentes. “Desse modo, podemos proporcionar mais tranquilidade e confiança aos pais que optarem por este tipo de tratamento, responsável por desempenhar um papel fundamental na promoção de uma infância mais saudável e feliz”, completa Fabio.
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