Apesar de o câncer de ovário representar apenas 3% de todos os tumores malignos que acometem as mulheres, ele é o que apresenta a menor taxa de sobrevivência entre os tumores ginecológicos. Existem algumas condições genéticas hereditárias que aumentam o risco de desenvolver a doença, entre elas a mutação no gene BRCA. A hereditariedade está presente em 25% dos casos e a identificação deste grupo de risco pode resultar em estratégias que propiciem o diagnóstico precoce da doença
O câncer de ovário, com 7.310 novos casos previstos
para 2024 no Brasil, é o terceiro tipo de tumor ginecológico mais frequente e
apresenta a menor taxa de sobrevivência entre os cânceres femininos. “É
considerado um tumor silencioso, pois não apresenta sintomas específicos e
carece de métodos eficazes de rastreamento”, explica Glauco Baiocchi Neto,
presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA). Como reflexo
disso, apenas 19% dos casos são diagnosticados na fase mais inicial, ainda
restritos ao ovário, conforme aponta o levantamento SEER, dos Estados
Unidos. O mesmo levantamento mostra que a taxa de mortalidade geral é de 50,9%
(ou seja, apenas metade das mulheres segue viva após cinco anos de tratamento),
porém, quando a doença é diagnosticada no início, essa taxa sobe para
91,9%.
Entre as estratégias para ampliar a taxa de
diagnóstico precoce e, com isso, refletir em redução da mortalidade pela
doença, está a identificação dos grupos de maior risco, com destaque para as
mulheres que apresentam alguma mutação hereditária que resulta em maior
predisposição para desenvolver a doença, como a do gene BRCA. “As alterações
genéticas hereditárias podem ser identificadas em 25% das pacientes com câncer
de ovário e a história familiar de câncer de mama e ovário deve sempre ser um
alerta. Os testes genéticos são ferramentas essenciais não apenas para definir
o tratamento, mas também para oferecer aconselhamento genético aos familiares,
assim como cirurgias redutoras de risco ou rastreamento mais frequente, como foco
no diagnóstico precoce”, acrescenta Baiocchi Neto.
As formas hereditárias de câncer possuem
características específicas, incluindo a síndrome de câncer de mama e ovário
hereditário:
- Diagnóstico de câncer de mama em uma ou mais mulheres antes dos 45 anos, ou qualquer diagnóstico de câncer de ovário, independentemente da idade.
- Diagnóstico de câncer de mama antes dos 50 anos em mulheres com
histórico familiar de câncer, como câncer de próstata ou de pâncreas.
- Casos de câncer de mama e/ou ovário em várias gerações do mesmo lado
da família, como avó e tia paterna diagnosticadas.
- Uma mulher diagnosticada com um segundo câncer de mama em qualquer uma
das mamas, ou que tenha câncer de mama e ovário.
- Diagnóstico de câncer de mama em um parente do sexo masculino.
- Histórico familiar de câncer de mama, câncer de ovário, câncer de
próstata e/ou câncer de pâncreas do mesmo lado da família.
- Ter ascendência Ashkenazi.
Os testes genéticos são fundamentais para
estabelecer o diagnóstico molecular e criar diretrizes que melhorem o manejo de
pessoas em alto risco. Contudo, é muito importante prestar atenção aos sintomas
e priorizar a prevenção.
Sintomas de tumores
ginecológicos
Embora muitos tumores se desenvolvam sem sintomas,
especialmente nos estágios iniciais, a maioria apresenta os seguintes sinais:
- Sangramento
vaginal fora do ciclo menstrual;
- Sangramento
vaginal durante a menopausa;
- Sangramento
vaginal após relações sexuais;
- Corrimento
vaginal incomum;
- Dor
pélvica;
- Dor
abdominal;
- Dor
nas costas;
- Dor
durante a relação sexual;
- Abdômen
inchado;
- Necessidade
frequente de urinar;
- Diagnóstico
de câncer ginecológico - Ao suspeitar de câncer ginecológico, é necessário
realizar uma série de exames detalhados para compreender o histórico da
paciente e chegar a um diagnóstico preciso, incluindo:
- Teste
genético para todas as mulheres que têm carcinoma de ovário;
- Ultrassom;
- Radiografia;
- Tomografia
computadorizada;
- Ressonância
magnética;
- Tomografia
por emissão de pósitrons.
O que fazer se houver
histórico familiar de câncer de ovário?
A herança genética recebida da mãe ou do pai não
apenas determina as características físicas, mas também influencia o risco de
desenvolver determinadas doenças. Portanto, se houver histórico familiar de
câncer de ovário, é aconselhável procurar uma Unidade de Aconselhamento
Genético para avaliar o risco individual. No aconselhamento genético se analisa
possíveis alterações em genes associados ao desenvolvimento de várias doenças,
e as informações fornecidas podem ajudar a monitorar a saúde e tomar medidas
preventivas ou terapêuticas.
Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos - EVA
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