Crachá do Thor Matheus SantAnna de Oliveira |
Thor e Maya, um
casal de golden retriever, tem visitado semanalmente os internados no hospital
da cooperativa médica com o objetivo de motivar, estimular e alegrar os
pacientes, ajudando a melhorar tanto a saúde emocional quanto física de quem
está hospitalizado, além de proporcionar momentos de antiestresse aos
funcionários que, muitas vezes fazem plantões de 12 a 24 horas. Os cães pertencem
ao médico Dr. José Emílio Duran Bueno, superintendente da Rede Credenciados, e
à esposa dele, Sônia Maria Gatti Mansueti, que, há cinco anos, realizam esse
trabalho em redes hospitalares.
O Hospital Unimed Campinas, primando pela
humanização dos tratamentos, aderiu à Terapia Assistida por Animais (TAA), ou
Pet Terapia, técnica cientificamente comprovada que ajuda a promover o
bem-estar físico, emocional, social e cognitivo de pacientes, recomendada em
diversas situações, incluindo o tratamento de pessoas acamadas ou
hospitalizadas, com deficiências físicas e/ou intelectuais, assim como de
pessoas com doenças psiquiátricas. A visita dos pets ajuda a diminuir o
medo e a ansiedade, que podem dificultar determinados tratamentos. Estudos
mostram que, além de tirar o foco do problema de saúde, a interação com animais
estimula a liberação de uma série de substâncias associadas ao bem-estar, como
a dopamina (neurotransmissor que atua no sistema nervoso central), ocitocina
("hormônio do amor" por estar associado a sentimentos de prazer e por
afetar a capacidade de estabelecer relações) e endorfina (hormônio natural
produzido pelo cérebro que atua como um analgésico natural, aliviando dores e
reduzindo o estresse).Paciente recebe a visita de Thor
Matheus SantAnna de Oliveira
Além disso, a terapia com cachorros também diminui os
índices de cortisol (“hormônio do estresse”, que ajuda o corpo a lidar com essa
situação, aumentando a energia e melhorando o foco). “Por isso, essa terapia é
muito benéfica para os pacientes em condição hospitalar. Nesse contato com os
animais, observa-se, inclusive, a melhora no relacionamento interpessoal dos
pacientes, a promoção do autocuidado, a redução do sentimento de solidão, a
estimulação da atividade física, a melhora dos parâmetros cardiovasculares e a
elevação do bem-estar. As visitas dos animais beneficiam também os enfermeiros,
inclusive melhorando a relação com os pacientes, além de promover a humanização
no ambiente hospitalar”, explica Dr. Emílio.
Visitas dos pets
No Hospital Unimed Campinas, as visitas de Thor e
Maya são quinzenais e acontecem de forma revezada, ou seja, um cão de cada vez.
Isso porque, para seguir os protocolos, os cães devem tomar banho até 48 horas
antes da visita. E, para a raça deles, não são recomendados banhos com menos de
15 dias, devido à pelagem dupla. “Além disso, a troca de energia com os
pacientes é muito forte, e precisamos preservar os cães”, esclarece o tutor. O
Dr. Emílio e Sônia escolheram os goldens retriever para este trabalho
por serem cães inteligentes, dóceis, amigáveis, obedientes, muito fáceis de
lidar e que amam agradar. São, além de excelentes animais de terapia, também
ótimos guias para deficientes visuais e para atuar em resgate de
pessoas. Thor e Mayga têm sete anos de vida e começaram a ser treinados
aos seis meses para socialização e adestramento. Para atuar com eles em
hospitais, os tutores seguem um rigoroso protocolo, aprovado pela Comissão
Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), que inclui a apresentação da carteira de
vacinação sempre atualizada e de um relatório do veterinário, assegurando que
eles estão livres de doenças. Para ingressar nos hospitais, eles precisam estar
com coleiras e com placas de identificação no pescoço. Por isso, Thor e Maya
usam crachás.Matheus SantAnna de Oliveira
Os médicos e a equipe de enfermagem identificam os
pacientes que desejam receber a visita dos animais. São recomendados aqueles
que gostam de cachorro, pacientes deprimidos, ou hospitalizados de longa
permanência e sem perspectiva de alta. Não são permitidas as visitas aos
pacientes em qualquer tipo de isolamento, internados em leitos de UTI, com
algum tipo de restrição médica ou que não gostem de animais ou tenham medo de
cachorros. Todos os pacientes, visitantes e profissionais da área da saúde
devem higienizar as mãos antes e após cada contato com o animal. Em quartos
coletivos, o paciente que está ao lado é comunicado e deve estar de acordo com
a visita. O animal não pode ter acesso ao banheiro do paciente ou permanecer
sobre a sua cama.
Humanização dos tratamentos
A unidade hospitalar não é pioneira na Unimed
Campinas a receber esse tratamento humanizado com cães. Em maio passado, oito
cães de diferentes raças da Instituição Medicão, dentro da programação da 9ª
Semana da Sustentabilidade, circularam pelos departamentos de cada uma das
sedes da Unimed Campinas para levar mais descontração aos colaboradores. A
ideia foi proporcionar relaxamento e, dessa maneira, provocar a consciência de
que é preciso ter momentos de descompressão, que fazem tão bem à saúde física e
mental.
História
O primeiro relato do uso terapêutico de animais foi
registrado na Bélgica, no século IX, com a utilização de animais no auxílio a
pessoas com alguma incapacidade. Em 1860, uma enfermeira de origem inglesa
teria recomendado a presença de animais de estimação como excelentes companhias
para os pacientes crônicos. Mas, apenas em 1961 obteve-se o primeiro registro
sobre a utilização de cães como instrumento terapêutico na interação com
pacientes infantis e adolescentes. A partir daí houve maior difusão para os
programas, baseados em estudos, que buscam ajudar os pacientes. Oficialmente,
esses programas são conhecidos como Terapia Assistida por Animais (TAA) e
Assistência Auxiliada por Animais (AAA). A TAA utiliza um animal treinado que,
por longos períodos, interage com o paciente e realiza exercícios
supervisionados. A AAA, ou visitação, é uma intervenção esporádica para
recreação e entretenimento. Os animais utilizados com maior frequência são
cães, gatos, peixes, coelhos, chinchilas, tartarugas e cobaias (hamsters).
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