quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Super Quarta: Brasil e EUA decidem sobre juros nesta semana

Especialistas comentam sobre a expectativa para as decisões do Copom, no Brasil, e do FED, nos EUA

 

No cenário atual da política monetária, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, o aumento dos juros tem sido um tema predominante, refletindo preocupações com a inflação e a estabilidade econômica.

No Brasil, a expectativa é de uma alta de 25 pontos base na taxa Selic durante a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Segundo Luiz Rogé, economista e sócio da Matriz Capital Asset, "temos uma desancoragem alta ainda, o fiscal comprometido, apesar de esperarmos por um ciclo de baixa dos Fed Funds e potencial queda na cotação do dólar aqui e no mundo. Então, com isso, devemos sim ter uma alta de 25 bps". Rogé acredita que a inflação e o quadro fiscal ainda pressionam a decisão do Copom, o que deve levar a um aumento na taxa básica de juros. 

Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, também antecipa um aumento de 25 pontos base, mas destaca a possibilidade de uma postura mais conservadora do Banco Central: "Quase unânime que a Selic vai subir 25 pontos base. A expectativa majoritária do mercado é que o Copom vai falar que a alta vai ser gradual e vão acompanhar os indicadores". Cohen enfatiza que a decisão será guiada pela necessidade de não causar pânico no mercado financeiro e de manter as expectativas de inflação ancoradas. 

Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, corrobora a previsão de uma elevação de 0,25 pontos base e explica que, apesar de algumas melhorias no núcleo da inflação, o cenário ainda exige cautela. Ele aponta que "a inflação permanece acima da meta, apesar de algumas melhorias no núcleo, o que justifica essa alta". Além disso, o aquecimento do mercado de trabalho e o aumento de salários intensificam a pressão inflacionária, o que reforça a necessidade de um controle mais rigoroso. 

Em relação aos investimentos, Rogé recomenda a preferência por ativos indexados ao CDI e títulos atrelados ao IPCA para o médio e longo prazo, embora avise que é prudente aguardar para investir em IPCA+, pois a taxa pode subir mais. "Sugerimos ao investidor o indexado ao CDI para 1 ano no máximo. A partir de 1 ano CDI + em fundos de CP high grade diversificados e IPCA+ esperando subir mais para investir em prazos acima de 6 anos de duration", afirma Rogé. Ele desaconselha o investimento em prefixados, citando o risco elevado envolvido. 

Cohen, por sua vez, considera os ativos atrelados ao IPCA como uma boa opção, especialmente para investidores que buscam proteção contra a inflação. "Uma opção que eu gosto muito são os ativos atrelados ao IPCA porque de fato não perde para a alta de preços", diz Cohen. Ele também prefere fundos de investimento devido à sua liquidez e menor risco em comparação com o Tesouro Direto, que pode apresentar problemas de marcação a mercado. 

Para Lucas Almeida, a renda fixa pós-fixada, como os investimentos indexados ao CDI, continua sendo uma escolha segura no curto e médio prazo, especialmente considerando o aumento projetado da Selic. "Os investimentos pós-fixados (CDI) são os mais indicados, pois acompanham o aumento da taxa, garantindo rendimento competitivo", afirma Almeida. No longo prazo, os títulos IPCA+ são atraentes pela proteção contra a inflação e a possibilidade de valorização adicional caso haja uma futura queda dos juros. 

Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, acredita que a renda variável estará em desvantagem com os investidores mais interessados em manter seus investimentos na renda fixa. "O setor imobiliário é um dos mais sensíveis à variação da taxa de juros, já que o crédito imobiliário é uma das principais fontes de financiamento para a compra de imóveis. Com juros mais altos, o custo do financiamento aumenta, o que pode levar a uma redução da demanda por imóveis e, consequentemente, impactar negativamente as empresas do setor, como construtoras e incorporadoras", diz. 

Para ele, o setor de varejo também tende a ser prejudicado, assim como o de bens duráveis. "O aumento do custo do crédito e a possível redução da confiança do consumidor podem levar a uma diminuição do consumo, impactando as vendas e o faturamento das empresas varejistas", explica. 

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve também está em um ciclo de ajuste de juros. Rogé projeta que o FED começará a reduzir a taxa de juros gradualmente, com uma queda inicial de 25 pontos base, podendo chegar a 50 pontos base se a economia mostrar sinais de fraqueza. "Esperamos por um ciclo de queda nos juros dos EUA com taxas caindo para cerca de 3 a 3,5% aa e reduções na base de 25 bps para acompanhar os dados da economia", afirma Rogé. O FED, assim como o Banco Central brasileiro, ajusta suas decisões com base em dados econômicos, mantendo a cautela para não provocar instabilidade.


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