Ansiedade e falta
de suporte estão entre os principais fatores de risco para as mães. Psicóloga
perinatal Rafaela Schiavo explica como prevenir e cuidar da saúde mental.Crédito:Drazen Zigic
O Setembro Amarelo reforça a
importância de falar sobre saúde mental, especialmente quando o assunto envolve
as mães, que muitas vezes carregam o peso da culpa materna em silêncio. Essa
culpa, alimentada por expectativas sociais e pressões internas, pode não só
minar o bem-estar emocional das mulheres, mas também evoluir para transtornos
graves, como a depressão pós-parto e o burnout materno.
A falta de acesso à informação correta, muitas
vezes, causa receio e insegurança nas mães. Por isso, durante o Setembro
Amarelo, mês voltado para a campanha brasileira de prevenção ao suicídio, a
psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, fundadora do Instituto MaterOnline,
esclarece as dúvidas mais comuns sobre culpa materna e oferece dicas práticas
para ajudar as mães a lidar com esses sentimentos da melhor forma.
O que é a culpa materna e por
que acontece tanto?
A culpa materna é um sentimento que surge por conta
das junções sociais, pessoais e a realidade da maternidade. Muitas mães se
sentem culpadas por não conseguirem atender a todas as demandas e expectativas
que a sociedade e elas mesmas impõem. É quase como se a culpa fosse uma sombra
que acompanha a maternidade.
Como a culpa materna pode
evoluir para depressão pós-parto?
Se a culpa materna não for abordada, pode evoluir
para quadros de depressão pós-parto. A sobrecarga emocional, a falta de suporte
e a idealização da maternidade são fatores que aumentam o risco de depressão,
especialmente no período do puerpério.
Quando é hora de buscar ajuda
profissional?
Se a mãe sentir tristeza persistente, falta de
energia, dificuldade de conexão com o bebê, ou pensamentos negativos, é
importante procurar ajuda. A depressão pós-parto pode surgir até um ano após o
parto, e o acompanhamento psicológico pode ser importante para o bem-estar da
mãe e do bebê.
Como a psicologia perinatal
pode ajudar no tratamento da culpa materna e depressão pós-parto?
A psicologia perinatal oferece suporte
especializado para gestantes e puérperas. O tratamento pode ser realizado por
meio de sessões individuais, em grupo ou familiares, que ajudam a mãe a lidar
com os desafios emocionais da maternidade e a prevenir problemas mais graves.
É normal se sentir cansada da
maternidade às vezes?
Com certeza. Todas as mães se sentem cansadas ou
frustradas em algum momento. O importante é saber que isso não te faz uma mãe
ruim. Aceitar e conversar sobre esses sentimentos ajuda muito.
Como a sociedade influencia a
culpa materna?
A sociedade tem grandes expectativas sobre as mães.
Essa pressão cultural pode fazer com que muitas mulheres se sintam culpadas por
quererem trabalhar ou por outras escolhas pessoais. Reconhecer e questionar
essas expectativas é um passo importante para se sentir melhor.
Dicas para lidar com a culpa
materna e a depressão pós-parto:
- Ser gentil consigo mesma: Entender
que está tudo bem em não ser uma mãe perfeita. Porque mães perfeitas, além
de não existirem, poderiam prejudicar o desenvolvimento do filho. Não é
esperado que as pessoas tenham mães perfeitas, mas sim mães possíveis, ou
suficientemente boas.
- Cuide
de si mesma: É muito importante reservar um tempo para cuidar da sua mente
e do seu corpo.
- Converse
com seu obstetra: Peça indicações de psicólogos perinatais e se informe
sobre a nova Lei 14.721, que garante suporte psicológico gratuito pelo
SUS.
- Participe
de grupos de apoio: Compartilhar experiências com outras mães ajuda a
reduzir o sentimento de culpa e fortalece o suporte emocional.
- Busque
ajuda profissional quando necessário: Se a culpa e a tristeza forem
persistentes, buscar apoio de um profissional de saúde mental pode ajudar
a evitar a evolução para depressão pós-parto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário