Estudo da OPAS indica que em 86% das cidades brasileiras o risco da doença é alto. Crianças formam o principal grupo de risco.
Levantamento alarmante da OPAS (Organização Panamericana de Saúde) sobre a situação do sarampo no Brasil revela que em 86% das cidades brasileiras o risco da doença é alto e em praticamente 14% das cidades é médio, com exceção de quatro que têm baixo risco. Por isso, a Opas fez uma série de recomendações ao plano nacional de imunização para conter a doença através do incentivo à vacinação.
Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier crianças, idosos e pessoas imunodeprimidas são os grupos de maior risco, mas a contaminação pode ocorrer em todas as idades. “Causado pelo Morbillivírus, o sarampo é altamente contagioso e a única forma de prevenir é ganhar imunidade ativa tomando a vacina”, salienta. O especialista diz que nos primeiros meses de vida o vírus pode atingir a córnea do bebê, lente externa e transparente do olho que responde por 60% de nossa refração, antes até de surgirem as primeiras erupções na pele. Portanto, é muito importante observar os olhinhos do bebê que ficam vermelhos, evitam a luz pelo aumento de fotofobia e apresentam uma secreção viscosa.
“Estes são os sintomas da
ceratite, uma inflamação na córnea que deve ser tratada imediatamente
para evitar a formação de cicatrizes que podem comprometer o bom amadurecimento
da visão”, pontua. Queiroz Neto explica que o sistema ocular não está totalmente
formado quando nascemos e qualquer bloqueio nos primeiros anos de vida
compromete o desenvolvimento do olho em sua plenitude.
Diagnóstico da ceratite
O diagnóstico da ceratite
em bebes é feito com lâmpada de fenda, equipamento que integra uma lâmpada de
alta densidade luminosa acoplada a um biomicroscópio que permite checar todas
as porções externas do olho. Segundo Queiroz Neto, o tratamento geralmente é
feito com corticoide tópico, mas o medicamento só pode ser utilizado sob
supervisão e acompanhamento médico. Isso porque, o uso prolongado desse tipo de
colírio pode causar glaucoma e a interrupção abrupta do uso predispõe à
reincidência da inflamação.
Sintomas e transmissão
“Os sintomas sistêmicos do sarampo são febre, coriza,
tosse, erupções vermelhas na pele e em alguns casos conjuntivite”, pontua. O
especialista afirma que a transmissão se dá pelo contato com as secreções
expelidas pelo pessoa contaminada.
As principais recomendações do oftalmologista para evitar
a transmissão da doença são:
• Cubra o nariz e boca quando espirrar ou tossir
com um lenço descartável.
• Lave as mãos com frequência com água e sabão.
• Não compartilhe copos, talheres, fronhas e toalhas.
• Evita tocar a boca e os olhos.
• Fique distante das aglomerações e locais fechados.
• Mantenha os ambientes arejados e limpos
• Evite o contato próximo com pessoas doentes.
Prevenção e tratamento
“A única forma de prevenir o
sarampo é através da vacina tríplice viral que também protege contra o rubéola
e a caxumba. A primeira dose deve ser aplicada quando a criança completa um ano
e a segunda três meses depois”, afirma. O tratamento de pessoas contaminadas
pelo vírus do sarampo visa reduzir o desconforto e quando ocorre conjuntivite
necessita de acompanhamento para uso correto do colírio com corticoide.
Gestantes não podem tomar vacina
Queiroz Neto ressalta que
mulheres devem fazer um exame de anticorpos IgG para checar se estão imunizadas
contra o vírus do sarampo antes de engravidar. Isso porque, muitas não tem
certeza de que tomaram as duas doses da vacina que não pode ser aplicada
durante a gestação. “Sem imunização
prévia a gestante contaminada transmite o vírus ao feto pela placenta e causar
três doenças no bebê. Uma delas é a encefalite, uma
inflamação do encéfalo, frequentemente é fatal. Também pode ocorrer retinite
aguda e a catarata congênita, maior causa de perda da visão entre crianças. Por
isso, os cuidados preventivos entre mulheres devem ser maiores, finaliza.
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