Estudo
da MosaicLab, da Gouvêa Ecosystem, aponta que para 63% dos entrevistados gastos
com alimentação são os que mais pesam no orçamento domésticoFoto:Tânia Rego/Agência Brasil
Para 42% dos consumidores, o aumento generalizado
de preços de produtos e serviços em consequência do aumento da inflação
impactou negativamente suas finanças nos últimos 12 meses.
É o que aponta o estudo "Consumidor do Amanhã
2024", realizado pela Mosaiclab, empresa de inteligência de mercado do
Gouvêa Ecosystem, apresentado nesta terça-feira (17/09) no primeiro dia do
Latam Retail Show, em São Paulo. Karen Cavalcanti, sócia-fundadora da
Mosaiclab, diz que as empresas devem observar esses novos padrões de
comportamento para se tornar mais atraentes aos consumidores.
NÃO ESSENCIAIS
De acordo com o estudo, 63% dos entrevistados
relataram que os gastos com alimentação são os que mais pesam no orçamento
doméstico, seguidos por energia elétrica (50%), água (34%) e impostos (34%).
Nas classes mais altas, as despesas com saúde também são expressivas,
impactando 44% dos entrevistados da classe A e 35% da classe B, em comparação
com 33% da média geral (inclui C e D).
Além disso, 21% dos brasileiros disseram enfrentar
dificuldades com contas que se tornaram impagáveis, como cartões de crédito e
financiamentos, em função dos juros elevados.
Esse cenário tem reduzido a capacidade de consumo
de um modo geral, e em alguns segmentos de forma mais acentuada: apenas 21% dos
gastos são direcionados para atividades como passeios, viagens e cinema, por
exemplo. “O que vemos é uma busca por sobrevivência financeira, em que o
consumo de produtos e serviços não-essenciais fica em segundo plano”,
afirmou.
HÁBITOS
O estudo mostra também que marketplaces e
aplicativos de entrega estão se consolidando como os canais de compra
preferidos pelos brasileiros. No universo de compras on-line, as farmácias
lideram, com 62% dos consumidores utilizando esse canal, seguidas por
supermercados (60%).
Aplicativos como iFood e Rappi são utilizados por
43% dos consumidores o que, segundo o levantamento reflete a crescente demanda
por conveniência e agilidade. Além disso, 38% dos entrevistados acreditam que
esses apps continuarão a ser parte essencial das compras nos próximos cinco
anos.
As plataformas de marcas orientais, como Alibaba,
Shein, Shopee e Temu também se destacaram, com 42% dos consumidores relatando
uso frequente e 39% prevendo a continuidade dessa tendência.
Segundo Karen, esse crescimento é impulsionado por
preços competitivos, ampla variedade de produtos e uma experiência de compra
aprimorada, com prazos de entrega mais rápidos.
Outra constatação está no atacarejo, setor que está
se firmando como uma opção de compra cada vez mais popular entre os brasileiros
– 51% dos consumidores utilizam o canal atualmente, e 40% acreditam que ele se
tornará ainda mais relevante nos próximos cinco anos.
Esse crescimento está diretamente ligado ao perfil
do chamado smart consumer, que prioriza maximizar o valor das
compras sem comprometer toda a carteira, conforme apontado no estudo.
PAGAMENTOS
No quesito meios de pagamento, com respostas
cumulativas, 55% dos consumidores disseram preferir o Pix, seguido por 45% que
utilizam cartão de crédito, e 42% que optam pelo cartão de débito.
Segundo o estudo, o uso de créditos, como cashback,
pontos e milhas também se destaca, atraindo um número crescente de consumidores
que estão aprendendo a utilizá-los de forma mais eficiente.
No entanto, a pesquisa aponta duas vertentes para
esse tipo de pagamento: embora ofereça conveniência e ajude na fidelização do
cliente, por outro lado ele não circula diretamente para a compra de outros
produtos ou serviços.
LARES
O estudo identificou algumas mudanças no
comportamento do consumidor que estão impactando a forma de compra, além das
questões econômicas do país. Entre elas, está o aumento do número de idosos e o
crescimento dos lares unipessoais ou compostos apenas por adultos e impulsionam
a demanda por produtos e serviços específicos, como cuidados de especializados
de saúde e habitações adaptadas.
Segundo o Censo de 2022, a média de moradores por domicílio caiu de 3,31 (Censo 2010) para 2,79 pessoas. Entre 2021 e 2024, o número de pessoas morando sozinhas subiu de 8% para 10%. Já os lares compostos por um a dois adultos, sem crianças, cresceram de 29% para 33%. Em contraste, a proporção de lares com crianças diminuiu de 48% para 45%.
Bruna Galati - DC News
https://dcomercio.com.br/publicacao/s/inflacao-afeta-42-dos-consumidores-e-cenario-e-de-sobrevivencia-financeira
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