Veículos
transportaram 8 mil entre janeiro e julho, com alta de 30%; maioria é vítima de
combates
As ambulâncias de Médicos Sem
Fronteiras (MSF) na Ucrânia transportaram mais de 8.000 pacientes de hospitais
próximos à linha de frente entre janeiro e julho de 2024, mais da metade com
queimaduras, ferimentos por explosão e outras lesões diretamente causadas pelos
combates. Isso representa um aumento de 30% em relação aos seis meses
anteriores e evidencia o impacto humano alarmante e contínuo da guerra, alerta
a organização médica e humanitária.
As 17 ambulâncias de MSF
transportam pacientes a pedido das unidades de saúde em áreas próximas às
linhas de frente no leste, sul e nordeste do país para hospitais menos
sobrecarregados ou mais bem equipados para tratar seus ferimentos. Mais de 15% dos pacientes transportados neste ano estavam em um estado
tão grave que precisaram ser transferidos em ambulâncias equipadas com unidades
de terapia intensiva (UTI) especiais. Dentre os que precisaram de transporte em
UTI, 38 eram crianças, sendo a mais jovem com apenas 3 anos de idade.
"Precisamos de
ambulâncias de UTI para transportar pacientes com ferimentos graves e problemas
respiratórios, como traumas cranianos, queimaduras, múltiplas fraturas e danos
a órgãos internos. Eles precisam de equipamentos como ventiladores e oxigênio”,
disse o vice-coordenador médico de MSF, Maksym Zharikov. “Sessenta por cento
dos pacientes que transportamos têm ferimentos relacionados à guerra, como
ferimentos na cabeça, no tronco e nos membros, lesões nos tecidos moles e
hemorragias maciças.”
Em 6 de agosto, uma equipe de
MSF na região leste do país transportou um homem de 45 anos que sofreu
queimaduras em 90% de seu corpo, incluindo órgãos internos, como resultado de
um bombardeio. Pacientes como este necessitam de cuidados médicos
especializados, que muitas vezes só estão disponíveis em hospitais longe das
áreas de conflito. MSF administra um sistema de
encaminhamento de ambulâncias desde abril de 2022 e atualmente conta com 17
ambulâncias, incluindo cinco ambulâncias de UTI e três veículos capazes de
transportar múltiplos pacientes ao mesmo tempo. Ambulâncias multipacientes
podem transportar até sete pacientes de cada vez, possibilitando o transporte
de várias vítimas com graus variados de gravidade. Além disso, durante
bombardeios intensos, realizar uma única viagem em vez de várias reduz o risco
para pacientes e equipe.
A necessidade de transporte
médico de ambulância torna-se especialmente aguda durante ataques com mísseis
pesados, quando os hospitais estão sobrecarregados por vítimas em massa. É
difícil prever quantos leitos de terapia intensiva ou cirúrgicos serão
necessários em um hospital a cada dia. Os bombardeios podem ocorrer a qualquer
momento, e nossas equipes operam em estado de constante emergência. O paramédico de MSF Dmytro Bilous relata que, quando pergunta aos civis
por que eles continuam morando perto da linha de frente, apesar do perigo, a
resposta mais comum é que eles simplesmente não tiveram tempo de evacuar.
“Estamos seriamente alarmados com os impactos
devastadores de ataques repetidos, inclusive em áreas civis. Nós vemos as
consequências todos os dias. Um ataque recente em
Kostiantynivka, região de Donetsk, em 9 de agosto, deixou 14 mortos e mais de
40 feridos. Médicos de MSF ajudaram a responder, e dois pacientes gravemente
feridos foram transferidos para Dnipro”, disse Christopher Stokes, coordenador
de emergência de MSF na Ucrânia. “Com um fluxo constante de pacientes de trauma
necessitando de encaminhamentos, as equipes de ambulância de MSF garantem que
os pacientes sejam transferidos para hospitais onde possam receber o
atendimento especializado de que precisam.” Mas à medida que mais e mais
instalações de saúde são destruídas, danificadas ou fechadas, e ataques como
este continuam, a pressão sobre os hospitais restantes só vai crescer, deixando
mais e mais pessoas sem acesso aos cuidados de saúde de que precisam.”
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