Esse
cenário reflete um deserto de propostas concretas sobre temas fundamentais para
a vida urbana, como zeladoria, urbanismo, mobilidade, saúde e educação. Em uma
cidade como São Paulo, a ausência de discussões sobre a acessibilidade das
calçadas, a iluminação pública e as políticas de proteção social revela a falta
de compromisso com a inclusão e com a dignidade da pessoa humana. As pessoas
com deficiência, que dependem de um ambiente urbano acessível e seguro, ficam
esquecidas em meio ao caos eleitoral. Elas, assim como seus cuidadores,
permanecem à margem, sem que seus direitos sejam devidamente contemplados nas
plataformas eleitorais.
O
vácuo de propostas é preenchido por uma espetacularização vazia, onde o debate
de ideias é substituído por uma troca incessante de ofensas. A democracia, que
deveria ser uma oportunidade de engajamento construtivo, é ofuscada pela
superficialidade de discursos que apelam ao emocional, mas que carecem de
substância. Essa dinâmica contribui para a alienação do eleitor, que,
desiludido com a falta de alternativas concretas, muitas vezes opta pela
abstenção ou por votos motivados mais por rejeição a um candidato do que por
afinidade com propostas.
O tema
da emergência climática, que afeta todos, mas especialmente as pessoas com
deficiência, exemplifica bem esse cenário. Em um momento em que a crise
climática já causa impactos profundos no cotidiano das grandes cidades, como
eventos extremos e o aumento das doenças respiratórias, há um silêncio
ensurdecedor sobre políticas que enfrentem essas questões de forma inclusiva e
eficaz. As pessoas com deficiência, por sua vulnerabilidade, são ainda mais afetadas
por esses fenômenos, e a ausência de políticas que lhes garantam segurança,
mobilidade e saúde é um reflexo do descaso generalizado com as minorias.
Diante
desse panorama, cabe a nós, eleitores, um papel fundamental. Não podemos
permitir que a democracia seja reduzida a um teatro de ofensas e espetáculo
vazio. Temos a responsabilidade de investigar, questionar e cobrar dos
candidatos propostas concretas que enfrentem os problemas reais da cidade. Quem
ocupará a cadeira mais importante do município, a de Prefeito, deve ter como
prioridade a promoção da inclusão social, o cuidado com a cidade e com seus
cidadãos mais vulneráveis, e o compromisso com o futuro, especialmente diante
das urgências climáticas e sociais que nos cercam.
É
essencial que fiquemos atentos aos charlatões que se alimentam do ódio e da
desinformação. A cadeira do Prefeito não pode ser ocupada por aqueles que
desprezam a inclusão e a cidadania, mas sim por quem tenha coragem e
competência para transformar o espaço urbano em um local acessível, seguro e
acolhedor para todos. Neste momento de escolhas, nossa decisão definirá o rumo
da cidade, e é preciso que ela seja feita com base na razão, e não nas
cadeiradas de ódio e insultos que tentam mascarar a falta de propostas.
Assim,
ao invés de permitir que a política municipal continue mergulhada no vazio de
ideias e valores, precisamos exigir mais. Segurança, acessibilidade, educação,
saúde, cultura e proteção social são direitos de todos, e cabe a nós garantir
que esses temas ocupem o centro do debate. As eleições são o momento de erguer
a voz contra os que tentam transformar a política em um show de horrores, e
reafirmar o compromisso com uma cidade mais justa, inclusiva e humana para
todos os seus habitantes.
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